Vencedores de quĂȘ?

Por Marcos AraĂșjo

Manter a cabeça fora d ‘ĂĄgua o tempo todo tem exigido muito esforço, cada vez mais. A vida tem sido como um campeonato de natação, e quem tem menos força nos braços pode ficar fora do pĂłdio. Mas serĂĄ que, realmente, em todo o tempo, Ă© preciso vencer? Fomos acostumados a estar sempre concorrendo uns com os outros: na famĂ­lia, pela atenção dos pais, por exemplo. Na escola, em função da nota mais alta; no trabalho, pelos cargos de mais poder e, consequentemente, mais bem pagos. AtĂ© nas nossas relaçÔes mais Ă­ntimas existem as picuinhas motivadas por competiçÔes, na maioria das vezes, insignificantes. 

À primeira vista, esse tipo de discurso pode soar como de alguĂ©m fadado ao fracasso. Mas nĂŁo se trata disso. A reflexĂŁo aqui Ă© sobre exigĂȘncias, pressĂ”es do dia a dia e tudo o mais que nos coloca em uma eterna disputa desvairada. Vencer Ă© nossa meta, como se isso fosse o Ășnico final possĂ­vel e feliz. PorĂ©m, o perigo estĂĄ justamente aĂ­. Vivemos numa maratona em busca do primeiro lugar definitivo, uma corrida sem descanso, que, ao terminar, o prĂȘmio pode ser repleto de mais frustraçÔes do que satisfaçÔes.  

Daí, cabe a pergunta: o que é ser vencedor? A resposta, claro, é relativa. A questão aqui é pensar se vale tudo para ser um tipo de campeão idealizado e supervalorizado, como nos dias de hoje. E quem não estiver entre os primeiros colocados? Vai ser deixado de lado? Ignorado? Na pråtica, sabemos que o mundo não é feito de vencedores inventados e perfeitos. Pelo contrårio, a vida real é composta de gente de verdade, que tem dias ruins, que perde batalhas, mas continua disposta a lutar. 

O prĂȘmio para cada um de nĂłs pode ter um sentido diferente. Se nĂŁo entendemos isso e nos deixamos levar pelas aparĂȘncias, o descontentamento pode ser dado como certo. Se nos desgastamos muito com tanta competitividade, somos vencedores de quĂȘ? É preciso saber, realmente, quando estamos ganhando ou quando estamos perdendo. E mais importante ainda Ă© entender que, Ă s vezes, Ă© preciso experimentar a derrota para sentir o gosto da vitĂłria. 

 

Marcos AraĂșjo

Marcos AraĂșjo

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