Com nova alta da gasolina, etanol deve ficar ainda mais competitivo em JF
Em postos da cidade, a paridade entre os combustíveis chega a estar 63% favorável ao etanol, conforme a Tribuna apurou nesta terça
Com preço médio de R$ 3,91 o litro, o etanol está, novamente, mais competitivo que a gasolina em Juiz de Fora. O valor foi apurado na pesquisa semanal da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que analisou o preço em postos da cidade entre os dias 6 e 12 de agosto. O mesmo levantamento mostrou que a gasolina comum em Juiz de Fora está custando, em média, R$ 5,62 o litro.
Segundo a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), para calcular a paridade entre os dois combustíveis, o motorista deve dividir o preço do litro do etanol pelo preço do litro da gasolina. Se o resultado ficar abaixo de 0,7, o etanol apresenta o melhor custo-benefício; acima de 0,7, a gasolina surge como opção, em tese, mais econômica. A conta para identificar qual combustível tem melhor preço e custo-benefício é feita com base no consumo médio. Em geral, um veículo abastecido com etanol rende, em média, 30% a menos do que se estivesse rodando com gasolina comum.
Realizando esse cálculo com os valores médios apurados pela ANP, observamos que há uma paridade de 69% favorável ao etanol. Esse valor mais competitivo também foi observado no início do mês de julho na cidade, quando a gasolina estava em R$ 5,33, e o etanol, R$ 3,68 o litro.
Essa diferença, no entanto, pode variar de acordo com o posto escolhido pelo consumidor. Em um dos estabelecimentos visitados pela Tribuna nesta terça-feira (15), a paridade entre os combustíveis estava em 63% favorável ao etanol. No estabelecimento, o litro do etanol estava em R$ 3,79, e o da gasolina, R$ 5,99. Uma boa dica é, ao abastecer, sempre verificar o percentual da paridade entre os preços dos combustíveis em cada posto.
Diferença segue maior no estado
A mesma pesquisa da ANP, realizada entre os dias 6 e 12 de agosto, também mostrou que o etanol está mais vantajoso que a gasolina em âmbito estadual. Em média, o valor do etanol em Minas Gerais está em R$ 3,51 o litro, enquanto a gasolina, em R$ 5,22. Isso mostra uma paridade de 67%. Nas últimas três semanas, o mesmo cenário foi observado, com a paridade variando entre 68% e 67%.
Em entrevista à Tribuna, no final de julho, o presidente da Siamig, Mário Campos, afirmou que não há uma razão específica para a menor paridade entre etanol e gasolina observada na cidade. “O combustível que é vendido em Juiz de Fora tem o mesmo tributo federal, o mesmo tributo estadual do que o combustível que é vendido em Belo Horizonte e Montes Claros, no Sul de Minas. O preço é o mesmo também. É um mercado comunicante. Então, podem existir diferenças de logística, mas não explica essa diferença toda, que pode estar relacionada a uma questão de repasse da queda dos preços por parte das companhias distribuidoras e dos postos revendedores. O fato é que a gente tem visto, em outras regiões do estado, essa redução de preço que tivemos no produtor”, afirma.
Preço do etanol deve seguir em queda
A tendência, no entanto, é que, com o aumento da gasolina anunciado pela Petrobras, o etanol possa se tornar ainda mais vantajoso. De acordo com a empresa, a partir desta quarta-feira (16), o preço médio de venda da gasolina vai aumentar R$ 0,41 por litro. Para as distribuidoras, passará a ser de R$ 2,93 por litro. Já o litro do diesel vai subir R$ 0,78, passando a R$ 3,80 também nesta etapa da cadeia.
Conforme o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Matheus Peçanha por mais que a paridade pareça tímida, ela já é significativa para o motorista. Conforme aponta, a tendência é que o preço do etanol possa seguir em queda ao longo do ano. Isso se dá devido ao período da safra da cana-de-açúcar e a manutenção do preço baixo do açúcar, que estimula a produção de etanol e contribui para queda no preço. “Isso, aliado a um aparente fim do ciclo de cortes no preço da gasolina por parte da Petrobras, contribuiu para que, já em junho, a média nacional do preço do etanol ficasse abaixo do ‘valor de paridade’ com a gasolina.”
Já no que diz respeito à gasolina, Peçanha afirma que tudo indica que a política de cortes no preço por parte da Petrobras está “estressada”, uma vez que o preço praticado na refinaria, mesmo com o recente aumento, ainda está abaixo da paridade de importação. Isso pode, segundo ele, aumentar o custo-benefício do etanol em relação à gasolina de forma mais acentuada nos próximos meses.