Paixão pelo esporte fortalece relação entre pais e filhos
Tribuna conta história de filhos que têm os pais como inspiração no tatame, no campo de futebol e na vida
Pais e filhos que se unem não apenas pelo amor incondicional, mas também pelo espírito competitivo e pela busca pelo sucesso. Apesar de as maiores conquistas serem marcadas não por troféus, mas pelos momentos vividos juntos. Neste domingo (13), Dia dos Pais, Gerson Willian, Flávio Naval e Marcelo Campos, pais e professores de Juiz de Fora, são homenageados por seus filhos, que contam como essa paixão pelo esporte – repleto de valores como dedicação, trabalho em equipe e superação -, enriqueceu as relações paternas, seja nas quadras, nos campos ou nos tatames.
“Estamos juntos sempre”
Flávio Naval é um pai que, para ajudar a filha, voltou ao mundo esportivo e fez dele sua profissão. Quando estava na Marinha, antes mesmo do nascimento da primeira filha, ele praticava o ju-jutsu japonês, uma arte marcial diferente das conhecidas no Brasil. Para ter mais tempo para cuidar da família, ele parou de praticar o esporte, mas decidiu retornar quando sua filha Natália, na época com 5 anos, teve um problema de saúde e passou a praticar jiu-jítsu.
“Antes, eu fazia natação. Mas tive 40% de perda auditiva e precisei largar. Após ver um programa de televisão, conheci a Kyra Gracie (atleta pentacampeã mundial) e me interessei no jiu-jítsu. Meu pai decidiu praticar também para me incentivar e, desde esse momento, temos essa trajetória juntos. Ele é meu treinador e sempre está presente, faz toda diferença. É uma pessoa incrível, engraçada, apoiadora e que me inspira todos os dias”, comenta Natália.
Neste Dia dos Pais, Flávio e Natália estarão no Rio de Janeiro, onde participarão da etapa Mundial da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Olímpico (CBJJO). Quem estará na torcida é Marina Salles, a outra filha do treinador, de 9 anos. “Amo estar com meu pai, todo Dia dos Pais passo com ele aproveitando e passeando, estamos juntos sempre”, conta, sorrindo, a mais nova. Flávio hoje tem uma academia, a GF Team, localizada no Bairro Eldorado, onde leciona aulas de artes marciais para centenas de alunos.
Para o pai, os momentos vivenciados através do esporte são únicos e estarão na sua memória para sempre. “É muito satisfatório estar com as duas em intenções e objetivos diferentes, mas na mesma modalidade. A Natália luta visando o alto rendimento e a Marina, para se divertir. O esporte é grande por isso. Às vezes, a medalha para alguém é algo pessoal, vencer o medo, ter a conquista por um movimento que não fazia antes”, vibra o pai.
Dessa forma, Flávio busca pautar suas decisões pelas filhas e ser um exemplo para que ela busquem ser as melhores pessoas possíveis. “Uma me colocou na direção certa e a outra me melhorou. A Natália quer os mesmos desafios que eu tive. Já a Marina, lida bem com situações e pessoas, como eu. São meus dois amores, parecidos comigo”, emociona o pai.
“É minha grande inspiração”
Gerson Willian, de 59 anos, é um dos grandes nomes da história do futsal de Juiz de Fora. Treinador do Sport Club, ele venceu 13 vezes o Campeonato Mineiro do Interior e oito estaduais, além de diversas Copa Prefeitura de futsal. Desde o nascimento de seu filho, Matheus Willian, hoje com 23 anos, Gerson tinha o objetivo de integrá-lo ao universo do futebol. “Durante toda minha trajetória, ele sempre esteve comigo, sendo o mais rígido possível e me cobrava mais do que cobrava os outros. Sempre recebi bem, sabia absorver o que ele tinha para falar, principalmente pela experiência dele com o futebol”, relembra o filho.
Com passagens pelo projeto da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Tupi, além de, hoje, estar no Villa Real, Matheus define que seu pai “é o melhor” tanto como pessoa quanto como treinador. “Não é à toa que é um dos maiores campeões da cidade, por onde ele vai todos o conhecem. É minha grande inspiração, por tudo que ele construiu e o que fez e faz por mim. Um ser humano incrível, que nunca deixou faltar nada, sempre fez o que podia e até o que não podia pela família”, declara Matheus.
Além do contato diário entre casa e treinos, pai e filho guardam uma história para ser contada a todas as gerações da família. No estadual de futsal de 2019, em que os dois se sagraram campeões pelo Sport – Gerson como treinador e Matheus como atleta – a adrenalina e confiança entre os dois foram intensas. “Jogamos a final contra o Olímpico, um time de Belo Horizonte, e o empate era deles, todos falavam que nós íamos perder. Abrimos o placar em 3 a 0, o Olímpico descontou para 3 a 2, nós aumentamos para 4 a 2, mas eles viraram para 5 a 4. Conseguimos empatar o jogo em 5 a 5, e faltando 28 segundos viramos para 6 a 5, com um gol meu. Fomos campeões mineiros, e na mesma hora ele veio me abraçar chorando e todo feliz, foi muito marcante”, conta o jovem.
Como não podia ser diferente, Gerson se orgulha de todos os conselhos que deu para o filho e do início da trajetória dele no futebol profissional. “Ele sempre foi meu capitão em todas as categorias e ganhou muitos títulos, mas mostrava para ele que o mais importante era o respeito dos atletas e torcedores”, diz o pai, que se sente orgulhoso pelo filho que tem. “É um garoto centrado nos seus objetivos, sempre buscando alcançar suas metas sem prejudicar ninguém. Espero que no Villa Real ele mostre sua personalidade e confie no seu potencial. Sempre estarei torcendo para meu filho conseguir seus objetivos dentro e fora do futebol”, promete Gerson.
“É meu orgulho, campeão dentro e fora dos tatames”
Juiz de Fora terá mais um pai e filho na etapa Mundial da CBJJO. Marcelo Campos acompanha seu filho Marcelo Guedim – hoje com 13 anos -, desde os 5 no judô e desde os 10 no jiu-jítsu. “Meu pai sempre esteve comigo. Recebo os conselhos e orientações dele como de um mestre, porque sei que são para melhorar meu desempenho. Ele é um super pai, atencioso, dedicado e trabalhador. Tem a cara fechada, como se fosse bravo, mas de bravo ele não tem nada. É super brincalhão e um ser humano incrível”, elogia Guedim.
Dentro dos tatames, o pai é disciplinado e dedicado, assim como na vida familiar, conforme diz o filho. “Ele é faixa marrom, ótimo no jiu-jítsu, se dedica muito nos treinos e competições. Faz de tudo por mim e pelos meus irmãos (Mariane, de 15 anos, e o Marquinhos, de 6). Ele é meu orgulho, campeão dentro e fora dos tatames”.
No futuro, os dois querem realizar um sonho em conjunto. “Pretendo morar com ele fora do Brasil, tentar algo na Europa para treinarmos. Seria ótimo porque ele é um menino tranquilo, abençoado e maravilhoso. É um orgulho imenso ele estar me acompanhando e gostar de fazer o mesmo que faço. Torço para que ele continue bem dedicado e correndo atrás dos objetivos”, projeta Marcelo Campos.