Morro da Glória é bairro mais povoado


Por Fernanda Sanglard

09/08/2011 às 07h00

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O bairro de Juiz de Fora que tem maior densidade populacional, ou seja, maior relação entre a quantidade de habitantes pela área, é o Morro da Glória, na Região Central, com índice de 177,1. O local superou o Nossa Senhora Aparecida, Zona Leste, que, em 2000, apresentava o maior índice (165,3) e hoje ocupa a segunda posição (159,75), de acordo com levantamento feito pela Tribuna, utilizando dados do último Censo Demográfico e o tamanho das localidades disponibilizado pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (SPDE). O São Mateus, na Zona Sul, é o terceiro do ranking, também apresentando alta relação de ocupação do território (157,63). Isso demonstra que essas áreas podem não possibilitar mais tanto crescimento.

De acordo com o coordenador do Laboratório de Demografia e Estudos Populacionais da UFJF (Ladem), Luiz Fernando Soares de Castro, o fato de a área do Morro da Glória ser pequena, tipicamente residencial e ter muitos prédios (mesmo que sejam baixos), são possíveis justificativas para o resultado. "Precisamos lembrar também que o bairro tem um problema sério, que é o trânsito, principalmente na Avenida dos Andradas." Com sobrecarga do sistema viário, cortada pela linha férrea, com igreja e colégio movimentados, além de apresentar circulação intensa de ônibus urbanos, o especialista explica que a percepção de adensamento urbano parece ser ainda maior.

Por isso, o pesquisador faz questão de frisar que nem sempre o impacto do crescimento populacional representa progresso. "A ideia de progresso está alinhada com a de melhoria, melhor infraestrutura e padrão de vida. Mas o que vemos em muitas regiões é um impacto não tão positivo, que envolve a questão ambiental, a impermeabilização do solo, o abastecimento de água, o transporte, entre outros fatores."

Populosos e povoados

No último domingo, a Tribuna divulgou que a Cidade Alta é a região de Juiz de Fora que mais cresce em termos populacionais, com base nos dados mais recentes divulgados pelo Censo realizado em 2010. Apesar de o número de habitantes da localidade ter crescido 32% nos últimos dez anos, a região não é a mais populosa nem a mais povoada. Com 38.711 residentes, a Cidade Alta ainda tem a menor população absoluta e também não está densamente ocupada. Dos dez bairros menos povoados, quatro encontram-se na região, sendo que o local com maior relação população/área é o Bairro Martelos, com índice de 47,09, que é bem inferior a bairros como São Mateus, Bairu, Eldorado, entre outros.

O coordenador do Ladem explica que, apesar do crescimento absoluto na Cidade Alta, as densidades são mais baixas na região do que em outras áreas, já que a verticalização ainda não é uma característica, e o local vive recente processo de atração de moradores. "Se você tem muitas casas, o adensamento pode ser menor em função da área, já que, em um prédio, haverá ocupação de uma área menor, mas que comporta mais pessoas."

Conforme o levantamento feito pela Tribuna, a Zona Norte compreende o maior número de moradores (são 111.319), seguida das regiões Sul e Leste (com 101.632 e 71.364 habitantes, respectivamente). Já os bairros mais povoados encontram-se nas regiões Central, Leste e Sul (ver quadro).

Olavo Costa

O Censo 2010 registrou redução do número de pessoas por domicílio em Juiz de Fora. Atualmente, as residências juiz-foranas têm média de pouco mais de três habitantes. No entanto, em algumas regiões, a realidade é diferente, e as condições sociais afetam diretamente no adensamento populacional. Com área pequena e pouca verticalização, a Vila Olavo Costa, na Zona Sudeste, é um dos bairros mais povoados. A razão, segundo a subsecretária de Planejamento do Território da SPDE, Cecília Rabelo Geraldo, é a existência de terrenos muito pequenos e famílias mais numerosas.

"Na Olavo Costa, o número de pessoas por residência supera quatro, e, como na maioria dos bairros de baixa renda, a existência de um bairro pequeno, com muitas casas e famílias com muitos filhos, além de representar um problema social, resulta nessa alta densidade."

 

Centro apresenta redução populacional

Para quem observa o corre-corre diário no Centro de Juiz de Fora, é difícil imaginar que o local tenha perdido moradores. Mas é isso que vem ocorrendo há pelo menos 15 anos. Se em 1996 dados da Prefeitura demonstram que a área tinha mais de 24 mil habitantes, no ano passado, o Censo registrou 20.752. Mesmo ainda sendo um dos bairros mais populosos (ocupa o segundo lugar no ranking) e um dos mais povoados (tem densidade demográfica de 115,28), tem apresentado redução populacional, na contramão das outras regiões da cidade.

Para a subsecretária de Planejamento do Território da SPDE, Cecília Rabelo Geraldo, a verticalização já existente e a grande ocupação do solo justificam a perda do caráter residencial. A valorização dos terrenos, a tendência à transformação em área comercial e de serviços, a saturação e a busca de outros espaços que ofereçam mais qualidade de vida pela população que antes residia no Centro também justificam a transformação urbana, segundo o coordenador do Laboratório de Demografia e Estudos Populacionais da UFJF (Ladem), Luiz Fernando Soares de Castro.

Castro ainda pondera que a característica de moradia do Centro de Juiz de Fora segue a tendência do país. O pesquisador cita a Rua Batista de Oliveira como um exemplo típico do que ocorre na área local. "Uma via que era tipicamente residencial perdeu totalmente esse caráter e sofreu aumento da verticalização, mas para a instalação, principalmente, de pontos comerciais."

 

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