Gato por lebre

Por Fábio Lessa

2gastronomicamente Cassia Motta
(Foto: Cássia Motta)

Não, este artigo não é para falar de espetinho de rua, muito menos algo ligado a churrasco. Vou falar de uma prática que atualmente vem lesando o mercado nacional de vinhos de uma maneira sem precedentes: o contrabando barra falsificação de rótulos icônicos.

Gosto muito de vinhos, tomar uma tacinha como lazer, relaxar ou até mesmo comemorar é algo que prezo muito, entre amigos, família, ou qualquer outra desculpa que eu arrume para, como diz meu sócio e amigo Thiago Caiafa, sacar uma botija. Desde que trabalho em restaurantes sempre me interessei pelos rótulos levados pelos clientes, pois, já que estão pagando a rolha para consumi-lo, deve ser um vinho muito bom que justifique a não escolha por um da casa. Com a abertura do Dome, comecei a perceber algo que me deixou intrigado, o consumo exagerado de vinhos contrabandeados e falsificados abertos na casa. E o queridinho, o famoso e icônico D.V. Catena.

Abrir um Catena e deixá-lo exposto na mesa, pode trazer status, te colocar numa posição de destaque entre os amigos, mas até que ponto isso seria uma falsa impressão? Simples, para um bom conhecedor da marca, só pela posição e tamanho do rótulo e marcações no pescoço da garrafa, conseguimos de longe saber a procedência do vinho. Daí o título desse artigo. 

Muitos desses vinhos são de baixa qualidade, que são engarrafados visando apenas ao lucro em cima da ingenuidade (ou não) do comprador. Comprar vinhos dessa maneira pode acarretar diversos riscos. Por exemplo, a bebida pode ter sido transformada através de técnicas questionáveis, onde um vinho de qualidade inferior é reembalado em uma garrafa de marca renomada, transformando-se em um ícone argentino ou chileno. Além disso, mesmo que o vinho seja autêntico, pode ter sido transportado de forma inadequada, sem documentação legal e exposto às intempéries do sol e da chuva durante o trajeto, o que pode levar o vinho a se tornar “cozido” e perder suas características de aroma e sabor.

Sabe aquele grupinho de WhatsApp com preços incríveis de rótulos fabulosos? Desconfie. Em 2019, estive na vinícola que produz esse rótulo, e o valor dele lá em Mendoza era algo em torno de R$130. Nos grupos em questão, você compra esse vinho por R$90. Como um vinho que sai do fabricante a R$130 pode chegar na mão do consumidor final mais barato? Isso com frete, atravessador, impostos. Lembrando que a importadora que tem exclusividade no rótulo no Brasil cobra algo em torno de R$210.

Para finalizar, vou deixar algumas dicas de como identificar se o vinho é falso:

Verifique o rótulo: Um rótulo falso pode parecer muito semelhante ao original, mas pode ter pequenas diferenças na fonte, tamanho ou cor do texto. Além disso, é importante verificar se o rótulo tem selos de autenticidade, como hologramas, que podem ser uma indicação de que o vinho é legítimo. O fabricante possui uma equipe fabulosa para manter a qualidade e padrão do vinho. No caso do DV Catena Malbec, sua graduação alcóolica é de 14%. E ela é impressa no rótulo, não gravada ou carimbada posteriormente.

Verifique a garrafa: As garrafas de vinhos falsos muitas vezes não correspondem às garrafas originais. As garrafas falsificadas podem ter diferenças na cor, tamanho, forma e design em comparação com as garrafas autênticas da DV Catena.

Verifique o lote: Os vinhos da DV Catena geralmente têm um número de lote, que é uma maneira de rastrear a origem do vinho. Se você tiver dúvidas sobre a autenticidade do vinho, pode entrar em contato com a vinícola para verificar se o número do lote corresponde aos registros.

Compre de revendedores confiáveis: Comprar de um revendedor confiável é uma das melhores maneiras de evitar vinhos falsificados. Revendedores autorizados geralmente têm um relacionamento direto com a vinícola e podem fornecer garantias de autenticidade.

Fábio Lessa

Fábio Lessa

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