Governo de Minas promove ações voltadas para mulheres em Juiz de Fora

Entre iniciativas estão a distribuição de mais de 29 mil absorventes higiênicos e operação voltada para prevenir violência


Por Leticya Bernadete e Renato Salles Repórteres

28/03/2023 às 18h17- Atualizada 28/03/2023 às 18h18

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Cerca de 29 mil unidades de absorventes higiênicos produzidos em unidades prisionais mineiras para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade (Foto: Luísa Junqueira)

O Governo de Minas realizou, nesta terça-feira (28), por meio das secretarias de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) e de Segurança Pública (Sejusp-MG), ações direcionadas para as mulheres em Juiz de Fora. No Parque Halfeld, durante toda a tarde, ocorreram atividades de combate à violência contra a mulher da Operação Átria. Além disso, houve a distribuição de 29,3 mil unidades de absorventes higiênicos produzidos em unidades prisionais mineiras para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade.

Em sua passagem por Juiz de Fora, a Secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Elizabeth Jucá, concedeu entrevista exclusiva à Rádio Transamérica para falar sobre as agendas que a Sedese cumpre na cidade nesta semana. As ações são voltadas para o público feminino, como a distribuição dos absorventes. Ao todo, serão cerca de 80 mulheres atendidas, que é a média de abrigadas nas unidades de acolhimento da cidade.

“Temos uma lei no estado que chamamos de dignidade menstrual, em que nós trabalhamos essa questão de oferecer absorvente higiênico para mulheres. Na parte da Sedese, a gente atende as mulheres que estão em acolhimento. Isso é uma parceria com a Secretaria de Segurança e Justiça, que produz os absorventes. São duas penitenciárias, uma em Araxá e outra na Região Metropolitana. Vamos ter mais uma outra. Nós vamos entregar, hoje, na Casa da Mulher, à tarde, um caminhão de absorventes higiênicos”, explicou a secretária.

Segundo ela, a distribuição será realizada de forma contínua, anualmente. “O programa dá 13 pacotes por ano para cada mulher em acolhimento. Vai se iniciar agora. Mas é uma entrega contínua. Essa é a parte da Sedese, mas a Educação também vai fornecer para as alunas, através dos caixas escolares. A Secretaria de Estado de Segurança Pública já fornece para as mulheres que estão no sistema prisional”, detalhou. Para a secretária, a iniciativa confere maior dignidade para estas mulheres. “A questão da educação sobre o assunto também é sempre levada juntamente com a doação desses absorventes.”

‘Doe Legal’

Jucá ainda falou sobre a campanha Doe Legal, que permite às pessoas doarem parte do Imposto de Renda de Pessoa Física para o Fundo Estadual da Criança e do Adolescente ou para o Fundo Estadual do Idoso. Segundo ela, as doações financiam programas para essas duas áreas. Os projetos financiados são selecionados pelo Conselho Estadual da Criança e Adolescente e pelo Conselho Estadual do Idoso, e as doações e são utilizadas obrigatoriamente para os projetos. “Com isso, os doadores vão financiar programas para essas duas áreas. Ao invés de você recolher para o Governo federal, você doa para esses fundos, que vão ser para projetos ou para crianças e adolescentes ou para idosos.”

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Em sua passagem por Juiz de Fora, a Secretária de Estado de Desenvolvimento Social, Elizabeth Jucá, concedeu entrevista exclusiva à Rádio Transamérica para falar sobre as agendas que a Sedese cumpre na cidade nesta semana (Foto: Cris Hubner)

Investimentos para expansão do mercado de trabalho

Elizabeth Jucá ainda falou sobre os R$ 20 milhões que serão investidos em 2023 pelo Governo de Minas, através da Sedese, em políticas públicas para expansão do mercado de trabalho, geração de renda e qualificação profissional. Para a qualificação, por exemplo, está previsto um aporte de R$ 10,667 milhões para a abertura de 4.250 vagas em cursos de capacitação nas principais regiões do estado, com foco, principalmente, em públicos vulneráveis e em situação de pobreza e extrema pobreza.

“Estamos trabalhando. Nós vamos ainda contratar as pessoas, nós queremos estar no estado todo, atendendo todas as regiões com qualificação. Esse projeto é uma complementação para as pessoas que estão fora da escola, que já saíram ou então precisam se requalificar para serem inseridas no mercado de trabalho. Que cursos vão ser esses? A gente faz isso de acordo com a demanda de trabalho de cada região. Temos um estudo daquelas áreas que estão mais empregando e falta qualificação. A gente entra qualificando”, disse Jucá.

A secretária afirmou ainda que o Plano de Promoção ao Desenvolvimento Social busca enfrentar a pobreza em Minas Gerais não só pela geração de renda, mas também combatendo a pobreza multidimensional. “Nós vamos trabalhar também agora, a partir do nosso Plano de Promoção ao Desenvolvimento Social, não só uma qualificação, mas também uma capacitação. Capacitação é mais ensinar um ofício para aquelas pessoas que, às vezes, não têm a escolaridade necessária para uma qualificação, mas precisam de saber alguma profissão. Também vamos investir muito nisso, e está dentro do nosso plano de promoção e desenvolvimento social de Minas Gerais.”

Por fim, segundo a secretária, o planejamento foca na geração de renda, “mas não só”. “A gente trabalha o que a gente chama de pobreza multidimensional. Às vezes a pessoa tem diminuição de renda, mas a habitação dela está comprometida, ela não tem saneamento, não tem qualificação profissional… Então, a gente olha essa família de uma forma a identificar o que ela necessita para sair da pobreza multidimensional. Aí, não é um planejamento apenas da Sedese, é preciso que a Educação e a Saúde participem também. É um plano multidisciplinar muito grande, em que o Banco Mundial está com a gente para nos orientar”. Segundo ela, os trabalhos ainda contarão com a parceria das ONGs Gerando Falcões e Cufa.

Sedese entrega absorventes em evento na Casa da Mulher

Na tarde desta terça-feira, a Sedese realizou a entrega dos absorventes durante um evento na Casa da Mulher, que contou com a participação de Elizabeth Jucá, do secretário de Estado Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco, do secretário Especial de Direitos Humanos da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Gabriel do Santos Rocha, e da secretária de Assistência Social da PJF, Malu Salim Miranda Machado. Além da entrega dos absorventes, houve também a inauguração do projeto ‘Chame a Frida’, assistente virtual para atender solicitações de mulheres vítimas de violência.

Os absorventes entregues foram produzidos em duas penitenciárias mineiras. Esta é uma das formas que a pasta encontrou de auxiliar o sistema prisional no estado, de acordo com o titular da Sejusp, Rogério Greco, oferecendo capacitações e trabalho para as pessoas que estão cumprindo penas. “Percebemos no estado que as meninas deixavam de ir à escola por conta da falta de absorventes e pensamos: por que o sistema prisional não pode auxiliar a comunidade de uma forma geral?” contou o secretário. Durante a pandemia, por exemplo, o sistema prisional de Minas produziu mais de oito milhões de máscaras, que foram distribuídas gratuitamente. “Isso aqui nada mais é do que um retorno daquilo que a pessoa condenada pode trazer de volta à sociedade também.”

Operação Átria

Além da distribuição dos kits, a Sedese também integra a Operação Átria, coordenada pela Sejusp, que ocorreu nesta terça, no Parque Halfeld. No local, foram oferecidos atendimentos por servidores do Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH). Ainda foram feitas exposições fotográficas e de produtos artesanais feitos por mulheres; divulgação e orientação dos serviços de atendimento psicossocial às mulheres pelo Centro Risoleta Neves de Atendimento à Mulher (Cerna); e cadastro de currículos no Banco de Empregos A Vez Delas, voltado exclusivamente para o público feminino.

A Operação Átria reúne as forças de segurança de Minas Gerais e instituições parceiras para realizar trabalhos de prevenção e repressão à violência contra a mulher no mês de março. Conforme Greco, a operação teve início no dia 27 de fevereiro.

“Aqui em Minas é uma operação conjunta de todas as forças e tem por finalidade principalmente o combate a violência contra a mulher. Estamos no mês da mulher, então o foco da operação é esse: cumprimento de mandado de prisão e ações de conscientização”, exemplificou.

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