Após imbróglio, Via JF propõe qualificação para cobradores atuarem em outras funções
De acordo com informações do Sinttro, sugestão ainda será repassada para categoria
Em reunião realizada na tarde desta quarta-feira (9), o Consórcio Via JF propôs que os cobradores que atuam nos ônibus passem por uma qualificação para ocupar outros cargos nas empresas de transporte coletivo urbano de Juiz de Fora. A sugestão se deu após a crítica do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo Urbano (Sinttro) quanto a utilização de micro-ônibus sem cobrador nas ruas do município. A assessoria do sindicato informou que a proposta ainda deverá ser debatida com os trabalhadores.
Conforme o presidente do Sinttro, Vagner Evangelista Corrêa, a proposta do consórcio é habilitar os cobradores para exercerem função de motorista ou mesmo para ocuparem cargos administrativos nas empresas, de forma que não haja demissão dos trabalhadores. Assim, os micro-ônibus devem ser mantidos nas linhas que possuem baixa demanda de passageiros.
“Nós, como representantes dos trabalhadores, gostaríamos muito que mantivessem os postos de trabalho, porque a perda para a categoria é muito grande”, aponta o presidente do Sinttro. “Nós lamentamos profundamente tudo que vai acontecer nessa transição. Estamos vendo que outras cidades acabaram com o cargo de cobrador, e isso chegou para nós em Juiz de Fora, infelizmente”, lamenta.
Conforme Corrêa, o sindicato irá avaliar a proposta feita pelo Consórcio Via JF e repassar para os trabalhadores.
Proposta garantirá empregos, diz Via JF
A informação sobre a qualificação dos cobradores foi confirmada à Tribuna pelo diretor do grupo CSC – que assumiu a Ansal em 2015 -, Rafael Santana. De acordo com ele, a ideia é que haja a transição dos trabalhadores sem demissão e em cumprimento com a legislação municipal. Os cobradores que quiserem ser transferidos para outras funções, em especial, na de motorista, terão a oportunidade de passar por treinamentos.
“Hoje, não existe nenhuma obrigação por parte do contrato de concessão de obrigatoriedade de ter o posto de cobrador dentro do micro-ônibus, mesmo porque, desde 2016, já existem micro-ônibus que rodam sem cobrador”, diz Santana. “Essas implementações que tiveram essa semana, de cinco micro-ônibus, vão continuar. O que vai ser construído é esse projeto de qualificação e cumprimento junto com os trabalhadores de não demissão ou desligamento por esse motivo.”
Como destacado pelo diretor do grupo CSC, esta mudança para micro-ônibus irá ocorrer apenas para as linhas com pouca demanda. Como exemplificado, alguns dos trajetos somam cerca de 100 passageiros por dia, o que daria uma média abaixo de 10 passageiros por viagens realizadas. “As implementações desse sistema serão feitas apenas em linhas que têm baixíssima demanda de passageiros. Isso não vai sobrecarregar nem o sistema, nem os motoristas. Não haverá impacto ou prejuízo à população”, garante.
Imbróglio envolvendo micro-ônibus
A utilização de micro-ônibus sem cobrador nas ruas de Juiz de Fora foi alvo de crítica do Sinttro no início desta semana, que afirmava que o uso de veículos sem a presença de um cobrador seria “proibido pelo Acordo Coletivo de Trabalho assinado pelas empresas recentemente para 2022/2023”. Como o Sindicato havia informado à Tribuna, a situação foi identificada por um de seus diretores.
Na terça (8), a categoria realizou uma manifestação contra a situação. O Sinttro realizou bloqueio em três garagens do Consórcio Via JF, impedindo a saída de veículos do transporte coletivo urbano de Juiz de Fora, o que causou atraso em alguns itinerários. A paralisação foi encerrada após uma promessa, por parte do Consórcio Via JF e da PJF, de que o micro-ônibus não iria circular, sendo agendada a reunião que ocorreu na tarde desta quarta.
Na ocasião, o Consórcio Via JF havia informado que não existia acordo com o Sinttro a respeito da utilização dos micro-ônibus, completando que tais veículos circulam sem cobrador desde 2016, de acordo com o edital de concessão. Sobre a paralisação na quarta, a concessionária afirmou que “o movimento não tem legitimidade alguma, ou seja, a paralisação é ilegal”, e que “medidas cabíveis” estavm sendo “tomadas judicialmente”.