Envelhecer com futuro!

Por Jose Anisio Pitico

Reconheço que tenho medo de ser esquecido. Não gostaria de ser. Apesar da realidade presente do “Alzheimer” social em que vivemos. E espero que ele (o alemão) não me pegue… Quando escrevo isso, afirmo que não carrego nenhum traço de superioridade em relação às outras pessoas. De me considerar ou autodeclarar ser uma pessoa importante, notável, celebridade, diferente das outras. Nada disso! A afirmação desse desejo não tem a ver com as pessoas. Tem a ver com a minha necessidade espiritual, emocional. É de dentro. Subjetiva. O medo de ser esquecido está mais ligado à preservação da memória do que fiz ou do que venho fazendo na vida. Do que amei e amo. Do que construí e construo no mundo. E muito do que pude realizar e realizo na e para a sociedade.

A minha atuação como agente público me possibilita e tem me possibilitado ir ao encontro desse desejo, de entregar propósitos e sentidos à vida durante a minha caminhada por aqui. A necessidade de ser ouvido, de ser visto e de ser reconhecido, são necessidades que percebo que estão presentes em muitas pessoas. Talvez seja por isso ou possa justificar porque eu trabalho com uma fração da população idosa na cidade. Que não é ouvida, não é vista e não tem reconhecimento.

Na sequência dessa reflexão, apresento algumas indagações sobre o nosso comportamento diante do envelhecimento. Por que a velhice mexe tanto com a gente? Será que é por causa da proximidade da morte, e ser a morte, culturalmente, colocada somente para as pessoas de mais idade? Por que a morte é excluída do contexto da vida em qualquer idade? Ou será porque com a passagem do tempo tem-se a perspectiva – colocada pela sociedade etarista – de que nessa condição, de ser uma pessoa de idade, não há mais nenhuma possibilidade de futuro, de novos horizontes?

A possibilidade de um futuro feliz e socialmente aprovado está muito relacionado à conquista e ao acúmulo de bens materiais patrimoniais. E, se chegamos à velhice, como muitas pessoas chegam, só Deus sabe como!, sem essa progressão, a culpa ou a sensação de fracasso social e pessoal é única e exclusivamente delas que não fizeram por onde na escalada do sucesso. A velhice bem sucedida é atribuição única e exclusivamente medida e valorizada pelos esforços das pessoas.

Sem se levar em consideração a absoluta falta de oportunidades sociais e econômicas para que todas e todos possam se desenvolver humanamente ao longo de suas vidas. Fica mais como sendo um atributo pessoal do que uma responsabilidade pública e política do Estado brasileiro: a promoção de um envelhecimento digno e cidadão para todas as pessoas.

E é nessa perspectiva de lutarmos por uma velhice melhor, com qualidade de vida e políticas públicas e sociais em todo o nosso país, que eu me dirijo a você, caro leitor e leitora, com todo respeito, para te deixar um recado, um pedido, se me permite: não deixe de votar, principalmente, se você tem a idade de 70 anos ou mais, quando o seu voto é facultativo. Faça desse domingo um dia histórico! Vale até uma foto para as suas redes sociais. Depois comemore a vitória do seu candidato. Esse seu gesto de grandiosidade cidadã, certamente, estará na minha lista de atitudes para não ser esquecido.

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

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