Dia do Ciclista: entenda os desafios e os benefícios do pedal nos centros urbanos
A disponibilização de ciclovia adequada e o respeito aos limites de velocidade pelos carros são as principais demandas dos ciclistas
Nesta sexta-feira (19) é comemorado o Dia Nacional do Ciclista. A data homenageia Pedro Davison, morto em 2006 por um motorista embriagado enquanto pedalava sua bicicleta. Muitos dos problemas enfrentados por ele ao usar esse meio de transporte, no entanto, ainda persistem na sociedade e estão presentes também em Juiz de Fora. A Tribuna conversou com ciclistas e com a Associação Juizforana de Ciclismo (AJFCiclismo) para saber mais sobre os desafios existentes, que envolvem desde a falta de uma ciclovia adequada até o desrespeito ao limite de velocidade estabelecido para os carros nas vias.
Com 31 anos de experiência pedalando, Giovanna Rezende é cicloativista e presidente da AJFCiclismo. Uma das principais reivindicações da classe, comenta, é ter um espaço adequado para a prática, benéfica “tanto para o corpo do indivíduo quanto para o meio ambiente”. Nos espaços de Juiz de Fora, ela explica que não se sente realmente segura e que “a falta de pintura e de sinalização adequada” são demandas frequentes, ainda não resolvidas. Mesmo com todos esses problemas, Giovanna conta que existe elevado número de praticantes na cidade e, por isso mesmo, é importante que se garanta maior proteção a eles.
Ciclorrotas
Para garantir mais segurança no uso diário da bicicleta, principalmente como meio de deslocamento para o trabalho ou para os estudos, Diogo Borges Mattos Carneiro, integrante da AJFCiclismo e da União de Ciclistas do Brasil, acredita que é preciso disponibilizar “uma infraestrutura mais complexa e que realmente conte com investimento público”. Na sua opinião, Juiz de Fora oferece “fragmentos” do que poderia ser essa infraestrutura, já que, nas ruas, há “ciclorrotas”, sem “segregação o suficiente para a pista ser classificada como uma ciclovia”.
Principalmente nos bairros de maior tráfego, as dificuldades são maiores, em função do volume de carros em circulação e os recorrentes casos de desrespeito aos limites de velocidade. “Uma colisão em 60km/h, por exemplo, pode ser fatal”, exemplifica.
Ciclistas vivendo a cidade
A possibilidade de vivenciar de forma mais próxima e intensa a cidade é apontada pelos ciclistas como um diferencial da prática. Diogo explica que há pesquisas na área que indicam que a maior quantidade de pessoas em bicicletas circulando faz com que os indivíduos “interajam mais com o ambiente urbano”.
Giovanna acrescenta que a falta de estrutura adequada também desestimula o uso esportivo ou recreativo. Para ela, se a cidade contasse com mais áreas adequadas e “realmente seguras”, os benefícios aos ciclistas poderiam ser potencializados.
Projeto de ciclovia na Avenida Brasil
A discussão sobre a implementação de ciclovias em Juiz de Fora existe há mais de 20 anos. Em 2012, a lei municipal 12.726, instituiu o Plano Diretor Cicloviário Integrado, visando a estimular o uso de bicicletas na cidade.
Em março deste ano, a Prefeitura, através da Secretaria de Esporte e Lazer, anunciou a intenção de criar uma ciclovia às margens do Rio Paraibuna, ao longo da Avenida Brasil, entre os bairros Santa Terezinha e Poço Rico. A previsão era implantar o projeto ainda este ano, mas como explicou Martvs das Chagas, secretário de Planejamento de Território e Participação Popular, o projeto está em fase de “análise e busca de parcerias com as empresas da cidade”.
A Administração também afirma que está “realizando os esforços necessários para que essa ciclovia seja implementada o quanto antes”. O projeto básico, desenvolvido em parceria com a MRS, ainda vai sofrer ajustes, para que, de acordo com o secretário, se torne “o mais moderno possível”. A estimativa é que, até o final do ano, as mudanças sejam realizadas, sendo anunciada uma data para a criação da ciclovia.
Procurada, a MRS, por meio de sua assessoria, informa que a parceria estabelecida para este projeto das ciclovias em Juiz de Fora foi concluída com a entrega dos projetos executivos para a obra. A empresa reforça que a entrega não possui relação com a renovação antecipada da concessão, não sendo, portanto, um dos projetos contemplados no Plano de Investimentos elaborado para o novo período de concessão.
Já a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU) afirmou que, de acordo com as atuais determinações do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), as avenidas Rio Branco e Itamar Franco não são mais vias aptas a receberem ciclorrotas. Por este motivo, as mesmas foram desativadas, e as associações de ciclistas da cidade já foram informadas desta nova condição.