Colecionador Gilberto Chateaubriand morre aos 97 anos

Gilberto era filho do empresário de comunicação Assis Chateaubriand; ele deixa um filho único, Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand


Por Agência Estado

14/07/2022 às 18h53

O colecionador Gilberto Chateaubriand, cuja coleção soma mais de oito mil obras de arte por trás do Museu de Arte Moderna, o MAM do Rio, morreu nesta quinta-feira (14), aos 97 anos por causas naturais. Ele estava em sua fazenda, no interior do Rio de Janeiro, e deixa um filho único, Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand.

Nascido em Paris, em 1925, Gilberto era filho do empresário de comunicação Assis Chateaubriand (1892- 1968) que, entre as décadas de 1920 e 1940 criou o primeiro grande império da comunicação no país, além de exercer forte influência política em todas as esferas do governo. Ele começou a sua coleção em 1953, aos 28 anos, com a tela Paisagem de Itapuã, de José Pancetti. Ao longo dos anos, foi montando pequenas coleções dentro de sua própria coleção. Depois de Pancetti, Carlos Scliar foi o segundo artista que o colecionador sempre acompanhou.

Gilberto Chateaubriand só soube que era filho de Assis aos 13 anos. Levou outros quatro anos para ser legalmente reconhecido. Começou então uma relação conflituosa que acabou chegando ao rompimento em 1961. A partir daí, começaram as acusações, de ambos os lados.

Como colecionador, montou um acervo exemplar, com cerca de oito mil obras, no qual estão representados grandes momentos da arte nacional. Ao mesmo tempo, se tornou uma espécie de embaixador das artes brasileiras. Consciente de que um patrimônio cultural desta dimensão não pode ficar restrito a quatro paredes, cedeu-o, em 1993, em comodato ao Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, potencializando de forma impressionante seu alcance. Fato que não reduziu em nada seu desejo de continuar buscando as obras que estão definindo os rumos da arte brasileira.

Para Chateaubriand, colecionar obras de arte era uma forma de mecenato. “Isso porque envolve necessariamente uma relação pessoal com a obra de arte. Não existem mecenas ‘impessoais’ da mesma forma como existem investidores impessoais. É algo que você sabe ser fundamental para a sociedade, ou é melhor você deixar de lado”, disse ao Estadão em 2001.

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