Aumento no preço da gasolina já é generalizado nos postos de JF
Tribuna encontrou litro por até R$ 7,89; preço do gás de cozinha também começa a decolar e vai a R$ 125
O efeito do mega-aumento anunciado pela Petrobras na quinta-feira (10) já se faz presente nas bombas de postos de Juiz de Fora. Após alguns estabelecimentos passarem a cobrar o valor reajustado no mesmo dia do anúncio da estatal, os preços mais altos se espalharam para toda a cidade na manhã desta sexta-feira (11). Em pesquisa realizada pela Tribuna, o menor valor encontrado na gasolina comum entre dez postos consultados foi R$ 7,69. O cenário também se reflete no gás de cozinha, que chega a custar R$ 125 em revendedoras juiz-foranas.

Entre os postos consultados pela Tribuna, localizados em diferentes regiões do município, o valor cobrado pelo litro da gasolina variou entre R$ 7,69 e R$ 7,89, encontrados em postos do Bairro Salvaterra e Cascatinha, respectivamente. Ou seja, em nenhum dos estabelecimentos era cobrado o preço no antigo patamar. O preço médio do combustível, levando em conta os postos sondados, foi R$ 7,79.
A diferença nos preços é perceptível quando comparados os valores cobrados nesta sexta e na última pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em Juiz de Fora. Na semana compreendida entre os dias 27 de fevereiro e 5 de março, o custo médio do litro da gasolina comum ficou em R$ 7,13, sendo que os postos cobravam entre R$ 6,79 e R$ 7,19. Comparando com os valores médios apurados pela reportagem, nesta sexta, o crescimento é de R$ 0,66 por litro, ou 9,25%.
Gás de cozinha
A reportagem da Tribuna também flagrou o aumento nos preços cobrados por algumas revendedoras de gás de cozinha. Entre os dez estabelecimentos consultados, o botijão de 13kg variou entre R$ 98, em uma revendedora do Bairro Vila Ideal, na Zona Sudeste; e R$ 125, em um estabelecimento do Bairro Santa Rita, Zona Leste. O valor médio no levantamento da reportagem ficou em R$ 108.
Em comparação com a pesquisa da ANP entre a última semana de fevereiro e a primeira de março, o aumento também é notório. Na ocasião, os valores apurados pela agência em Juiz de Fora ficaram entre R$ 89 e R$ 110. O preço médio constatado pela ANP, por sua vez, foi R$ 98,33.
Os ajustes nos valores ocorrem logo após a Petrobras anunciar uma série de aumentos nos valores cobrados por derivados do petróleo. Após quase dois meses com os preços congelados, a estatal aumentou a gasolina em 18,8%; o diesel em 24,9%; e o gás de cozinha em 16%.
Com isso, a partir desta sexta, a empresa passou o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 3,61 para R$ 4,51. Por fim, para o GLP, o valor médio de venda para as distribuidoras passa de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo.
Procon recebe nota fiscal de cobranças abusivas
Ainda que o reajuste da Petrobras tenha começado a valer apenas nesta sexta, à Tribuna, alguns motoristas reclamaram já terem encontrado preços acima do habitual na quinta-feira. Em um posto no Cascatinha, Zona Sul, o litro da gasolina estava saindo a R$ 7,88 já no início da noite. No São Pedro, próximo ao Casablanca, na Cidade Alta, outro estabelecimento estava cobrando R$ 7,80 por litro também na quinta.
Por conta das cobranças supostamente abusivas, a Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/JF) realizou operação extraordinária na quinta para fiscalizar a prática em postos da cidade. Segundo o Procon, 24 estabelecimentos foram encontrados já cobrando valores atualizados em diversas regiões juiz-foranas.
O Procon orienta os consumidores que abasteceram na quinta-feira e constataram valores abusivos a encaminharem a nota fiscal para o whatsapp, pelo número (32) 98463-2687; ou pelo e-mail institucional da Agência, [email protected]. O denunciante também pode comparecer com a documentação na sede do órgão, localizada na Avenida Presidente Itamar Franco 992, no Centro.
Alta nos combustíveis deve aumentar a inflação
Segundo o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Wilson Rotatori, os aumentos realizados pela Petrobras são justificados pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Os russos são grandes produtores de petróleo e, com os embargos impostos por países da Europa e da América do Norte, foi reduzida a oferta do combustível fóssil no mercado, causando aumento no valor do barril e, por fim, gerando efeitos nos valores dos seus derivados.
O impacto dos reajustes, sobretudo no diesel, ainda deve gerar aumento na inflação. Medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a taxa terminou acima dos 10% no último ano e ficou em 1,01% em fevereiro, maiores marcas desde 2015.
O professor alertou também para os projetos de lei que visam estabilizar os preços dos derivados de petróleo. Um deles altera a regra de incidência do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) e zera as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre diesel, gás de cozinha e sobre biodiesel. “Se a gente tiver isso, por outro lado, tem uma questão de receita que se abre mão. Tem o impacto no orçamento, na questão fiscal, que nós vamos ter que aguardar alguns desdobramentos ao longo do ano”, pondera o professor.
Se o conflito na Ucrânia for encerrado, afirma Wilson Rotatori, a tendência é de que haja uma queda no preço do barril do petróleo, avaliado em US$ 112 nesta sexta. Entretanto, o retorno aos patamares anteriores, quando o barril era negociado abaixo de US$ 100, é improvável. “Mesmo se encerrasse na semana que vem, levaria um certo tempo para retornar a um patamar anterior (…). Talvez voltasse para algo em torno de US$ 100 o barril, mas que ainda seria um patamar alto”, projeta.