Infectados relatam persistĂȘncia de sequelas da Covid-19
Saiba de que maneira a doença pode impactar a saĂșde do indivĂduo e em que casos Ă© preciso consultar um especialista
Tosse, febre, dor de garganta e dor de cabeça devem sempre chamar a atenção em tempos de pandemia, pois sĂŁo sintomas recorrentes de Covid-19. Mas para quem foi infectado, Ă© preciso reforçar a cautela, pois o quadro pode ir alĂ©m: por vezes, esses sintomas podem persistir mesmo apĂłs 14 dias da infecção e com realização de teste com resultado negativo. De acordo com especialistas, isso pode ocorrer, inclusive, nos casos em que a doença nĂŁo foi grave, jĂĄ que as sequelas do coronavĂrus variam bastante e ainda estĂŁo sendo descobertas. Nas infecçÔes pela variante Ămicron, inclusive, a persistĂȘncia dos sintomas mesmo apĂłs o tĂ©rmino da infecção tambĂ©m jĂĄ estĂĄ sendo observada. Autoridades em saĂșde alertam ainda que as sequelas podem exigir cuidados mĂ©dicos, principalmente em casos que o indivĂduo jĂĄ contava com alguma comorbidade.
O infectologista Marcos Moura explica que os sintomas da infecção pelas variantes do coronavĂrus sĂŁo bem similares, inclusive nesse momento pĂłs-covid, mas podem ser amplos. âUma infinidade de sintomas podem ser associados Ă Covid-19. Mas, muitas vezes, as pessoas nĂŁo sabem que isso pode ocorrerâ. Entre as sequelas, ele cita que Ă© possĂvel observar doenças cardiovasculares, pneumopatias, doenças dermatolĂłgicas e neurocognitivas. Mas hĂĄ sintomas mais comuns e que tendem a permanecer mesmo depois que a pessoa testa negativa, como a tosse, por exemplo. AlĂ©m disso, ele revela que podem ocorrer âproblemas neurocognitivos como depressĂŁo, ansiedade e falta de concentração associados ao momento pĂłs-covid. Como o prĂłprio cenĂĄrio da pandemia como um todo tambĂ©m provocou esse tipo de problema, muitas pessoas nĂŁo sabem que esse sintomas ainda podem estar relacionados Ă doençaâ.
Ă o caso de Ana Carolina Monteiro, 22, estudante de biologia, que testou positivo para a Covid-19 no começo de 2021. Ela nĂŁo teve febre ou dificuldade respiratĂłria, mas o cansaço que sentiu durante a doença permaneceu mesmo meses apĂłs ter sido infectada. Ela passou a sentir, tambĂ©m, dificuldades de memĂłria e confusĂŁo mental. Mas a situação chamou ainda mais a sua atenção quando ela passou a ver tufos de cabelo caindo enquanto tomava banho, e percebeu que seu organismo tinha sofrido uma mudança. âUm ano depois, alguns desses sintomas ainda permanecem. Eu sinto dificuldade de concentração de uma forma que nĂŁo sentia antes. Tem coisas cujo cheiro nunca mais voltou a ser o mesmo. Ă difĂcil de explicarâ, diz.
Em dezembro de 2020, quando Raphael Domingos, 23, estudante de jornalismo, foi infectado, a principal mudança em sua vida foi devido Ă perda do olfato e do paladar. âNos primeiros meses, (a perda do cheiro) foi completa. Depois passei a sentir cheiros e gostos diferentes para certos alimentos, principalmente frituras, cafĂ© e bebidas alcoĂłlicasâ, conta. Atualmente, ele explica que sĂł Ă s vezes sente o gosto diferente, mas nĂŁo tem certeza se Ă© por uma melhora ou por ter se acostumado com a situação.
JĂĄ Alvanir Andrade, enfermeira, 54 anos, foi infectada recentemente, em janeiro, com a variante Ămicron. Mesmo essa sendo considerada uma variante mais branda, e Alvanir jĂĄ tendo voltado para a sua rotina, ela conta que ainda apresenta sintomas como dor nas costas, tosse e, Ă s vezes, cansaço. Como faz parte do grupo de pessoas com comorbidade, por ter asma, ela acredita que essa permanĂȘncia pode estar ainda mais pronunciada por isso.
Quando buscar ajuda médica
De acordo com o infectologista Marcos Moura, toda pessoa que apresentar os sintomas descritos deve buscar orientação mĂ©dica. Ele explica que âmesmo com o diagnĂłstico, o mĂ©dico pode avaliar e fazer uma consulta focada no carĂĄter terapĂȘutico e no prognĂłstico daquele paciente. Isso leva a um melhor monitoramento e identificação, inclusive para saber se a pessoa precisa ficar em casa ou ter uma avaliação hospitalarâ. Dentre os sintomas mais preocupantes, estĂŁo os que apresentam danos ao sistema respiratĂłrio, dor no corpo e falta de ar.
Moura tambĂ©m explica que, com a Ămicron, um dos sintomas mais comuns tem sido a dor de garganta – o que representa uma diferença em relação Ă s variantes anteriores. AlĂ©m disso, sintomas como o de Raphael e Ana Carolina, que ainda sofrem com a perda de olfato e paladar, nĂŁo sĂŁo mais comuns com a nova variante.
Cuidados importantes
O infectologista tambĂ©m alerta que, alĂ©m dos cuidados com os protocolos de saĂșde, pois hĂĄ risco de reinfecção, apĂłs ter a doença Ă© interessante tomar alguns cuidados com a saĂșde para que a recuperação possa ser completa. Ele alerta que âprincipalmente para as pessoas que sofreram mais, Ă© preciso fazer uma boa hidratação e ter um momento de descanso para poder voltar Ă s atividades de forma adequadaâ.
Para aqueles que tĂȘm doenças de base e ainda estĂŁo demonstrando qualquer tipo de sintoma, o especialista indica que Ă© preciso realizar uma reavaliação mĂ©dica. Como a Covid-19 afeta a imunidade, hĂĄ casos em que remĂ©dios e cuidados precisam ser alterados.
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