Pedido de tombamento do Estádio Salles Oliveira será votado nesta segunda
Reunião on-line do Comppac ocorre às 15h e poderá ser acompanhada mediante inscrição prévia; aprovação inviabilizaria permuta entre Tupi e construtora
Após meses de ansiedade dos torcedores, diretores e conselheiros do Tupi, e até mesmo da comunidade em Santa Terezinha, o pedido de tombamento do Estádio Salles Oliveira será votado nesta segunda-feira (24). Uma reunião on-line do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac) está agendada para as 15h e deverá definir o futuro do mais tradicional palco esportivo carijó.
A informação foi confirmada à Tribuna pela assessoria da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), que tem na diretora geral, Giane Elisa Sales de Almeida, também a presidente do Comppac. “A pauta é exclusivamente relativa à análise do pedido de proteção municipal ao estádio”, reitera a Funalfa.
O encontro virtual poderá ser assistido por outros interessados mediante inscrição prévia, que deve ser solicitada por e-mail, enviado ao endereço [email protected]. Qualquer pessoa pode pedir o acompanhamento da reunião, mas a decisão depende de análise da plenária.
Se aprovado, o tombamento dá fim às pretensões carijós de venda do Salles Oliveira para a construção de um novo centro de treinamento.
Permuta foi acordada há quase dois anos
Entre janeiro e fevereiro de 2020, os conselhos Deliberativo e Consultivo do Tupi aprovaram a construção de um novo centro de treinamento (CT) para o Alvinegro por meio da cessão da atual estrutura do Estádio Salles Oliveira à Construtora Rezende-Roriz. Pelo contrato assinado, o Tupi só deixará o Salles Oliveira quando houver instalação adequada para o clube utilizar no novo CT, inicialmente, localizado na Barreira do Triunfo, Zona Norte.
O Tupi, no entanto, está endividado e precisou sanar ou renegociar dívidas junto à Justiça do Trabalho. No acordo com a construtora também há previsão de pagamento a credores, fazendo com que o clube não fosse impedido de ceder o patrimônio. A Rezende-Roriz realizou pagamentos, mas a abertura do processo de tombamento por parte da Funalfa congelou a situação, que já se arrastava por maior tempo também por dificuldades trazidas pela pandemia.
À Tribuna há duas semanas, o novo vice-presidente de Futebol do Tupi, Jeferson Vitor, confirmou que os pagamentos aos credores foram cessados pela construtora por conta da indefinição do futuro do Salles Oliveira. Jeferson afirmou, ainda, que a atual gestão do clube, que foi alterada após a exclusão de Juninho do quadro associativo, segue favorável ao negócio.
“As necessidades do futebol, muito caras hoje em dia, precisam ser acompanhadas. O campo de futebol é uma das principais estruturas, onde o atleta passa a maior parte do tempo, então precisa estar em boas condições. E ter apenas um campo é inviável. Hoje, com o CT, você tem uma estrutura adequada com recursos próximos. Há facilidade para os jogadores treinarem em dois períodos, fazerem a alimentação no próprio clube. Então não é de querer, mas de ser necessário. Se o Tupi pensa em perpetuar a sua história e se fortalecer, precisa tomar esse caminho. Precisamos de um CT do nosso tamanho, que atenda a base e o profissional”, relatou.
Mesmo com os interesses similares neste caso, após análise do contrato com a construtora, o diretor também antecipou que o Tupi tem buscado readequações junto à Rezende-Roriz. Nem mesmo o local do centro de treinamento pode ser considerado definido. “Quando falamos em conversar com a construtora que tem contrato com o clube é repactuar prazos, condições. Não queremos esperar eternamente”, pontuou. “O que temos de concreto é um contrato, em que as duas partes têm que honrar, mas estamos conversando e buscando um entendimento para que o Tupi possa respirar o mais rápido possível. E que essa definição aconteça rápido, porque vai ser boa para todos os envolvidos, e dê fim a essa angústia.”
Salles Oliveira completa 90 anos em junho
Historiador, com mestrado em Museologia e Patrimônio, Humberto Ferreira Silva foi o responsável pelo pedido de tombamento do estádio junto à Funalfa, o que impediria a venda para a construtora. A Tribuna buscou contato com o carijó, que preferiu não responder as perguntas neste momento. Pelo que a reportagem apurou, no entanto, o torcedor se fundamentou, na solicitação, à representatividade do mais tradicional palco esportivo da centenária história do Tupi não apenas para o clube, mas também no âmbito social, para a cidade e a comunidade, sobretudo, da Zona Nordeste juiz-forana.
O Estádio Salles Oliveira irá completar 90 anos no próximo 19 de junho. O espaço herdou o nome do principal responsável pela construção, o então presidente do Tupi, Francisco de Salles Oliveira, e já chegou a ter um processo de tombamento cogitado, ainda em 2007, quando a agremiação vivia outra situação econômica delicada.
Em função de dívidas com o INSS, a estrutura chegou a ser penhorada pela Justiça federal, que mandou a praça à leilão finalizado no deserto. Foi então que surgiu a hipótese de tombar o campo. O processo chegou a ser iniciado, mas não prosseguiu. Em 2009, a dívida federal do Tupi foi paga com dinheiro apurado da venda de parte do terreno da sede social, e o Salles Oliveira deixou de correr risco.
Atualmente, o Salles Oliveira é ainda o centro de treinamentos do Tupi, tanto das equipes profissionais quanto do sub-20, quando formados times para as duas faixas. No entanto, as partidas oficiais não ocorrem desde o século passado, sobretudo após a construção do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio e a proibição do uso das arquibancadas tubulares em competições organizadas pela FMF ou CBF.
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