Ficamos cerca de seis horas sem o WhatsApp, e isso parece incrível, né? Porque, da forma como essa tecnologia se incorporou ao nosso dia a dia e aos nossos afazeres, é inacreditável que o mundo tenha passado quase uma tarde inteira desconectado. O Facebook, o Instagram e o WhatsApp, pertencentes à mesma empresa, sofreram uma queda generalizada, na última segunda-feira, o que afetou seus serviços globalmente. Eu estava em casa, esperando o horário para me comunicar com a redação do jornal, quando percebi que algo estava errado.
Notei que, depois do meio-dia, não tinha mais recebido mensagens. Aqueles dois risquinhos que indicam que o texto foi entregue ao destinatário também haviam desaparecido. No meu aplicativo, em que recebo mensagens a toda hora por conta do meu trabalho como repórter, imperava o silêncio. De repente, nenhuma ocorrência nova nos grupos policiais, nada nos grupos do Corpo de Bombeiros e do Samu. No grupo da família, nem estranhei, pois nele prevalece mesmo o silêncio, e só em ocasiões muito especiais, como os aniversários, há algum tipo de manifestação. Ou seja, havia um vazio ocupado pela falta de nada.
No início, estranhei e procurei saber o que estava acontecendo e logo veio a explicação por meio do Twitter: os três serviços tinham sofrido uma apagão global. Então, o jeito era esperar, pois eu, como pobre mortal, nada poderia fazer. Infelizmente, a dependência dessas tecnologias fez muitas pessoas, especialmente aquelas que trabalham exclusivamente on-line, terem prejuízos.
Pelo que pude notar, sem o WhatsApp, milhares de pessoas migraram para o Telegram. Outras, como foi o meu caso, recorreram ao e-mail, e teve gente que lançou mão da velha invenção de Alexander Graham Bell. Isso mesmo! O telefone. Lembram-se dele? Ele é o pai de todas essas tecnologias de que hoje dispomos para nos comunicar. Mas, apesar de sua importância, ele vem sendo ignorado. O fixo, então, tadinho, está com seus dias contados!
O fato é que esse apagão nos deixou à flor da pele, mostrando, de fato, o quão dependente estamos desse tipo de ferramenta. E, para falar a verdade, se, no início, estava preocupado com a falta do aplicativo, depois me acostumei e até gostei. Acho que não seria má ideia se a gente tirasse um tempo nosso para ficar desconectado. Seria bom se fosse instituído um “Dia sem WhatsApp”. Imaginem quantos olhos nos olhos, quantas bocas nas bocas e abraços e apertos de mãos, que estão reprimidos, iriam acontecer!
Amigos e familiares que se falam apenas por intermédio do aplicativo voltariam a se falar cara a cara. Quantos encontros seriam marcados em bares, lanchonetes e restaurantes… Desconectar talvez seja a maneira de a gente se reconectar, porque, mais difícil do que não ter acesso a mensagens, áudios e vídeos, é viver em uma sociedade marcada por diversas outras desconexões. É preciso nos reconectar com nossa humanidade, e isso pode levar bem mais tempo do que somente seis horas, mas é preciso ter esperança!