Empresas de JF estão entre as melhores para se trabalhar
Levantamento do GPTW 2021 em Minas traz quatro negócios da cidade na categoria com até 99 funcionários, sendo dois deles no pódio da premiação.
Apesar das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19, empresas de Juiz de Fora mostram que é possível obter bons resultados em meio à crise quando a cultura organizacional valoriza os funcionários e prioriza a inovação. A oitava edição do ranking do Great Place to Work (GPTW) – em português, “melhores lugares para trabalhar” – em Minas Gerais traz quatro empresas da cidade em 2021, na categoria com até 99 funcionários, sendo que duas delas ocupam o pódio da premiação.
O primeiro lugar foi dado à imobiliária Souza Gomes Imóveis, que atua há 41 anos no mercado local. Já o terceiro ficou com a Chico Rei, que confecciona roupas e produtos com estampas criativas há 14 anos. No ranking do GPTW também são listadas a Guiando, que desenvolve tecnologias inteligentes para a gestão de faturas, no 16º lugar, e a Smart NX, especializada em tecnologia de relacionamento para diferentes setores, na 20ª posição.
A Souza Gomes e a Chico Rei aparecem, ainda, no ranking nacional do GPTW. Em ambos os casos, o reconhecimento é considerado reflexo de um trabalho contínuo, iniciado antes da pandemia da Covid-19 e aprimorado em meio aos desafios da crise sanitária. Afinal, mais do que nunca, foi preciso inovar para atender o consumidor, motivar a equipe e fazer uma gestão assertiva para alcançar bons resultados.
“Ser considerada a melhor pequena empresa de Minas Gerais para se trabalhar e a nona do Brasil inteiro é motivo de orgulho e confirmação de que estamos no caminho certo”, diz o CEO da Souza Gomes Imóveis, Diogo Souza Gomes. “Ter espaço de meditação, biblioteca, clube do livro, grupos de corrida e dança, viagens anuais e tantos outros projetos legais para a equipe pode ser visto como um diferencial para o prêmio, mas para nós é um cuidado com a saúde da mente e do corpo de quem faz parte da Souza Gomes.”
A preocupação com a saúde física e emocional dos trabalhadores também é um dos pilares da Chico Rei. Durante a pandemia, foram criadas ações específicas com este foco. De acordo com o fundador e diretor da empresa, Bruno Imbrizi, a gestão das relações de trabalho foi um desafio. “Mantemos 30% do time em home office. Era algo que esperávamos fazer ao longo de dois anos, mas exigiu uma adaptação em poucos dias.”
Nesse novo formato de trabalho, ele conta que foi preciso pensar em novos processos para manter a segurança da equipe de produção, que trabalha presencial, e a conexão entre os demais funcionários. “Uma das medidas que adotamos foi abolir o transporte público e oferecer o transporte privativo, que leva e busca a pessoa em casa”, pontua. “Também assinamos um compromisso de manutenção dos empregos, pois sabíamos que, além da preocupação com a própria saúde, o cenário econômico trazia inseguranças.”
Sobre a pesquisa
Para participar do ranking, é necessário que as organizações tenham a certificação GPTW, que reconhece locais de trabalho que valorizam as pessoas. O selo é obtido por meio da avaliação de pesquisa de clima aplicada junto aos funcionários.
Uma vez certificada, a empresa tem até 30 dias para entregar documentos complementares, como relatório de práticas culturais, perfil organizacional e questionários, para a participação no ranqueamento.
De acordo com as informações da GPTW, a edição 2021 do ranking de melhores empresas para se trabalhar em Minas Gerais contou com a participação de 165 empresas, ouvindo mais de 98 mil funcionários.
Foram premiadas 60 empresas, sendo 20 em cada uma das três categorias, estabelecidas de acordo com o número de trabalhadores: de 30 a 99, entre cem e 999, e acima de mil.
Inovação como aliada para os bons resultados
O reconhecimento como a melhor pequena empresa para se trabalhar em Minas Gerais é um dos resultados positivos alcançados pela Souza Gomes Imóveis durante a pandemia da Covid-19. Apesar do impacto financeiro observado inicialmente pela empresa, motivado pela queda na demanda por locações na cidade, por meio de ações inovadoras foi possível não só superar a situação como crescer durante a crise sanitária.
Para isso, foram implantadas ou aprimoradas soluções como o contrato digital para aluguel e venda; o tour virtual, que permite ao cliente fazer uma visita aos imóveis de maneira on-line; o contato com o consumidor via Whatsapp; e a criação da assistente virtual Beta. “O principal reflexo das inovações foi, de modo direto, manter a empresa funcionando durante a pandemia. Pudemos, ainda, não só garantir todos os empregos, mas até contratar mais profissionais e, com isso, melhoramos nossos resultados”, afirma Diogo.
Segundo ele, a inovação faz parte da cultura organizacional da imobiliária, que destina 20% dos recursos para investimentos nessa área. “Mesmo antes da pandemia, sempre nos preocupamos em inovar o tempo todo. Algumas dessas ações, nós só antecipamos ou fortalecemos nesse período”, explica. “A inovação não é, necessariamente, uma invenção. Para inovar, precisamos gerar valor e atender uma real necessidade do consumidor.”
Momento de cuidar das pessoas
O cuidado com as pessoas está no DNA da Chico Rei. Por isso, além de medidas para aprimorar os processos internos de trabalho da equipe, a empresa também reforçou as ações inovadoras com foco no público externo. “Quando encaramos a pandemia, já tínhamos o projeto “Camisetas Mudam o Mundo”, em que parte das vendas é direcionada a algum projeto que possa melhorar a vida da comunidade”, relata Bruno. “Entendemos que houve uma mudança no cenário mundial, então, percebemos a necessidade de reforçarmos nossas bases de impactos sociais.”
Desde março deste ano, o selo “Camisetas Mudam o Mundo” apoia aulas de violino do Programa Gente em Primeiro Lugar, que atende crianças e adolescentes de Juiz de Fora em situação de vulnerabilidade social. Outros projetos seguem sendo apoiados pelo selo como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Juiz de Fora, a Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer de Juiz de Fora (Ascomcer), o EducaTRANSforma, o Meninas e Mulheres na Ciência, dentre outros.
Outra vertente de impacto social foi a criação da célula de produção na penitenciária masculina Professor Ariosvaldo Campos Pires, inaugurada em 2020. O valor das vendas tem 25% destinados à conta pecúlio que é acessada após a liberdade, 25% ao Estado e 50% à família do encarcerado.
Parcerias e novas coleções
A Chico Rei também trabalhou em busca de novidades para os clientes. Em meio à pandemia, fechou parcerias com artistas renomados que tiveram suas obras como inspiração para estampas. Chico César, Alceu Valença, Gal Costa e Elza Soares são alguns nomes.
Outras coleções inéditas também foram desenvolvidas nesse período. “Temos um ponto importante que é a inquietude criativa. Pensar o novo o tempo todo é cultural, a gente vive isso diariamente”, define Bruno. “Não estamos falando apenas em pensar em uma nova campanha ou um novo produto, mas sobre como produzir diferente, lembrando que a gente cuida de todo o processo: desde a chegada do fio até a entrega para o cliente.”
A soma deste trabalho tem sido um resultado positivo. Além do reconhecimento interno no ranking do GPTW, a empresa registrou crescimento de quase 70% das vendas em 2020, e as expectativas para 2021 também são positivas.
Inovar é para todos, aponta Sebrae
Micro, pequenas, médias e grandes empresas, independente do setor de atuação, podem e devem buscar por inovação. “Normalmente, as pessoas atrelam o ato de inovar apenas com a tecnologia ou ainda acreditam que o custo é muito alto e, por isso, que não é para todos. Mas, pelo contrário. A inovação é acessível a qualquer empresa que deseja melhorar produtos e processos”, assegura o gerente regional do Sebrae Minas em Juiz de Fora, João Roberto Marques Lobo.
Ele esclarece que inovar consiste em buscar uma forma de agregar valor ao produto ou serviço, fazer uma oferta diferenciada em relação à concorrência e trazer soluções para o cliente. Em meio à pandemia da Covid-19, João avalia que a inovação ganhou um sinônimo ainda mais forte: o de sobrevivência. “As situações inesperadas são porta de entrada para a inovação. É quando muitas empresas buscam fazer diferente para vencer os desafios, pois inovar é dar fôlego para que o negócio continue sobrevivendo mesmo diante das adversidades.”
No entanto, João destaca que é necessário a consolidação de uma cultura organizacional pautada em inovação. “Assim é possível sobreviver às muitas mudanças impostas por fatores externos, como tem sido a pandemia, e até mesmo internos que cada empresa pode passar.”
O especialista explica, ainda, que uma cultura inovadora é capaz de promover o bem-estar dos funcionários. “Primeiro porque há inovações que afetam diretamente na melhoria do dia a dia de trabalho, o que aumenta a satisfação. E outro ponto importante é que essa cultura dá aos colaboradores a possibilidade de sugerir, participar, o que também aumenta a motivação”, avalia. “E ter uma equipe motivada faz toda a diferença para os resultados”, conclui.
Como começar
Para quem pretende dar os primeiros passos a caminho da inovação, João sugere a realização de benchmarking e a participação em capacitações que tenham esse foco. “Conhecer o que os outros estão fazendo é importante e também pode ser um impulso para pensar diferente. Já as capacitações oferecem as ferramentas necessárias para colocar a ideia em prática.” O Sebrae oferece projetos como o Programa Agente Local de Inovação (ALI) e o Sebraetec, que trabalham a inovação das empresas.
Programas de inovação têm inscrições abertas
Interessados em promover a inovação nos negócios podem participar de projetos que auxiliam na realização deste trabalho. O Programa ALI, realizado pelo Sebrae, está com inscrições abertas em Minas. Os inscritos recebem o acompanhamento durante quatro meses, quando são identificadas as necessidades e criadas as soluções de acordo com as demandas.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site do Sebrae Minas na aba “Soluções Sebrae”, link “Programa ALI”. A oportunidade é direcionada para micro e pequenas empresas do setores de comércio, serviços e indústria.
Startups
Já o programa de inovação Vallourec Open Brasil é direcionado para as empresas de base tecnológica (startups). As inscrições também são gratuitas e podem ser feitas pela internet.
Depois de inscritos, os participantes serão avaliados quanto ao modelo de negócio e área de atuação, além da conformidade legal, judicial e fiscal da empresa. As startups habilitadas passarão para a segunda fase, em que deverão enviar um vídeo de apresentação da empresa, da equipe e do projeto para solução dos desafios propostos. Até 12 times serão selecionados para a fase de imersão. “Temos um ecossistema de inovação muito forte no Brasil e queremos aproveitá-lo para construir parcerias de valor e resolver desafios reais”, informa o engenheiro de Inovação da Vallourec, Gabriel Cordeiro.