Juiz de Fora quer vacinar toda a população acima de 18 anos com a 1ª dose até agosto
Meta foi anunciada por Margarida em balanço de seis meses de gestão; prefeita também sinaliza abertura do Museu ainda no segundo semestre
A prefeita Margarida Salomão (PT) reuniu seu secretariado e a imprensa para fazer um balanço de seus primeiros seis meses à frente da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), completados nesta quarta-feira (30). “É natural que, neste momento, usemos a data para prestar contas.” Mais do que um olhar para o início do seu governo, Margarida fez algumas projeções para o futuro. Entre as sinalizações, a perspectiva de que toda a população com idade acima de 18 anos da cidade possa ser vacinada com a primeira dose contra a Covid-19 até agosto. Já a segunda dose seria aplicada entre setembro e outubro, a depender, é claro, da entrega de doses dos imunizantes por parte do Ministério da Saúde.
Margarida disse que a área da saúde recebeu atenção especial de sua gestão, pontuando que a cidade passou de 101 leitos de unidade de terapia intensiva no começo do ano para os atuais 178 leitos de UTI adulta e dez infantil. “A saúde é nosso esforço máximo. Ficamos cinco semanas em lockdown. Uma verdadeira angústia. Mitigamos essa situação pela conversa. Quase duplicamos o número de leitos de UTI.
Em seu balanço, a prefeita ainda falou sobre a campanha de imunização contra a Covid-19 em andamento na cidade. “É uma vacinação acelerada e competente. Tanto contra o Covid-19 como contra a Influenza. Contra a Covid-19, já imunizamos mais de 55% do público-alvo com uma dose e 25% com duas doses. Foram mais de 333 mil vacinas aplicadas. Isso é um esforço brutal. No início de agosto, teremos a população imunizada com pelo menos uma dose e, até o fim de setembro ou início de outubro, com duas”, afirmou a prefeita, dizendo que a projeção é válida caso não ocorram atrasos no cronograma de entrega de vacinas por parte do Ministério da Saúde.
Expectativa de reabertura e ocupação de espaços
“Quando a primavera chegar poderemos ter uma explosão de festa e alegrias em Juiz de Fora”, afirmou a prefeita, antecipando a intenção de lançar um novo programa, que deve reunir as equipes das áreas de Educação, Cultura e Turismo da cidade. Ainda a ser lançada, a iniciativa prevê a realização de diversas atividades em praças e espaços públicos de Juiz de Fora. Outro espaço cultural que pode ser aberto à visitação neste período, no segundo semestre deste ano, portanto, é o futuro Parque Municipal Sesc Pousada.
“Vamos propor o modelo de funcionamento nos próximos dias”, disse Margarida sobre o novo espaço municipal. No dia 31 de maio deste ano, a Prefeitura anunciou acordo para a concessão do local onde funcionava o Sesc Pousada, que encerrou suas atividades em julho de 2019, à Administração municipal por 20 anos, sem custos aos cofres públicos. O espaço de mais de cinco mil metros quadrados, localizado na Rua do Contorno, no Bairro Nova Califórnia, Cidade Alta, possui estrutura para prática de esportes – inclusive aquáticos -, atividades culturais e demais eventos.
Aulas presenciais seguem sem previsão
Sobre as escolas e a retomada das aulas presenciais, Margarida Salomão afirmou que a Prefeitura segue trabalhando para preparar toda a estrutura física da rede de Educação municipal para o retorno das atividades presenciais. “Estamos fazendo essa retomada com a participação de todos os trabalhadores, em várias mesas, para dar conta desse enorme desafio.”
Sobre o tema, a prefeita Margarida Salomão confirmou a intenção do Município de recorrer da decisão judicial que determinou que Juiz de Fora deverá seguir as diretrizes do programa estadual Minas Consciente para o retorno das aulas presenciais. A determinação gerou a expectativa de que parte das escolas seja reaberta no próximo semestre.
“Estamos recorrendo dessa sentença, mas esperamos, em breve, poder anunciar a retomada”, afirmou a prefeita. Margarida, no entanto, não falou em prazos ou datas. Segundo ela, a retomada das atividades depende de algumas condições, como o avanço na imunização contra a Covid-19 dos professores e trabalhadores da educação.
A prefeita disse ainda que as escolas da rede Municipal deverão passar por uma reavaliação e até mesmo reestruturação de suas estruturas físicas para se adequarem às novas realidades trazidas pela pandemia. Segundo Margarida, cerca de 80% das 101 escolas que integram a rede já tiveram as suas estruturas físicas avaliadas para o novo modelo de aulas presenciais. “Como professora, no momento em que tivermos todas as condições necessárias, anunciarei a retomada das aulas com enorme satisfação.”
Mapro pode ser reaberto ainda este ano
Margarida ainda projetou que a reabertura do Museu Mariano Procópio (Mapro), fechado para visitação desde 2008, e a inauguração do Parque Municipal Sesc Pousada possam acontecer ainda no segundo semestre deste ano, colocando a primavera, que vai de 22 de setembro a 21 de dezembro, como uma baliza para que a cidade volte a experimentar certa normalidade.
“Vamos reabrir o Museu Mariano Procópio que é um patrimônio histórico. Queremos reabrir o mais breve possível. Como qualquer equipamento cultural do mundo, o Museu precisa funcionar. Caso fechado, ele estraga. Uma vez examinado o projeto de lei que encaminhamos à Câmara, imaginamos que possamos fazer a reabertura do Museu na primavera, quando a cidade puder ser reaberta.” Segundo Margarida, o percentual do espaço a ser reaberto ou mesmo se museu poderá voltar a funcionar em sua integralidade dependerá das discussões em torno da remodelação do comando espaço cultural.
Na semana passada, a PJF encaminhou à Câmara um projeto de lei para reestruturar a administração do Mapro. O principal ponto da reestruturação administrativa é o mecanismo de nomeação do diretor-superintendente da unidade. Ao menos desde 1980, a chefia do equipamento – além do Museu Mariano Procópio, há o parque – é escolhida pelo prefeito recém-eleito a partir de uma lista tríplice elaborada pelo Conselho de Amigos do Museu. Pelo projeto de lei proposto, haverá um superintendente e, a ele subordinado, um diretor. Este superintendente seria escolhido a partir de uma seleção pública. Já o diretor seria nomeado pela prefeita a partir de um dos três nomes indicados pelo Conselho de Amigos.
Seis meses de enfrentamento à pandemia e à crise econômica
A prefeita lembrou ainda que assumiu a Prefeitura em um período bastante difícil. “Chegamos em um ambiente absolutamente turbulento. Chegamos no Governo e a cidade estava fechada, com uma demanda altíssima no sistema de saúde e com uma crise econômica, que já estava presente no cenário brasileiro, mas se agravou pela pandemia. Uma tempestade perfeita”. Outras dificuldades elencadas por Margarida no primeiro semestre foram o aumento da vulnerabilidade das pessoas mais pobres e também as condições de zeladoria da cidade.
“A cidade estava uma selva. Esburacada”, avaliou. Nesta seara, Margarida sinalizou a intenção de seguir avançando na troca das lâmpadas da iluminação pública pela tecnologia de led. “Já revimos a iluminação de uma grande parte da cidade. Até o ano que vem, queremos trocar todas as lâmpadas por led.”
Aposta no diálogo
A situação financeira também foi outro ponto de preocupação, uma vez que o atual orçamento já projetava um déficit de R$ 70 milhões. “Tivemos uma necessidade forte de rever contratos”, citou Margarida. Para enfrentar este e outros problemas, a prefeita afirmou que sua gestão atacou em três frentes: diálogo, coordenação e racionalização de despesas.
“Primeiro, apostamos no diálogo. Conversamos com todo mundo. Já no primeiro dia, recebi diversas delegações de sindicalistas, empresários e trabalhadores”, afirmou, citando movimentações como a criação do Fórum pela Vida, para discutir questões relacionadas aos problemas trazidos pela pandemia e o estabelecimento de várias mesas de diálogo para debater situações cotidianas da sociedade.
“O segundo ponto é que trabalhamos de forma coordenada. Sentamos com todos os setores e conversamos. Isso resulta em ganho de tempo”, pontuou a prefeita. Por fim, Margarida disse ainda que atuou para arrumar a casa do ponto de vista financeiro e fiscal. “Priorizamos os investimentos no campo da saúde. A pandemia era o grande adversário. Na área social, em razão da crise que estamos falando. Tivemos que fazer uma forte reorganização. Ainda assim, até retomamos e concluímos algumas obras paradas.”
37% do esgoto tratado até o fim do ano
Nesse sentido, Margarida destacou a inauguração da nova subadutora de São Pedro, denominada Engenheiro e Professor José Roosevelt Pereira e as obras de despoluição do Rio Paraibuna. “Temos hoje 7% de esgoto tratado na cidade. Com a retomada da obra, até o final do ano, teremos 37%. Até o final dos nossos quatro anos de mandato, teremos 78%, o que muda radicalmente nossa realidade”, assegura.
Margarida Salomão ainda colocou para o ano que vem uma previsão de entrega das obras do Ginásio Municipal, que vem sendo erguido há alguns anos, desde 2006, em área anexa à do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio.
Combate à pobreza
No campo social, a prefeita também destacou ações como campanhas de arrecadação de doações para atender as populações mais vulneráveis, em especial no combate à fome, e citou projeto recente inaugurado na última quarta-feira. “Inauguramos um abrigo que levou com que 26 pessoas não tivessem que ter dormido na rua na noite mais fria do ano. Isso é uma emergência sanitária.”
Proposta de subsídio ao transporte coletivo
Margarida Salomão disse ainda que a Prefeitura de Juiz de Fora deve encaminhar à Câmara, até esta sexta-feira, um projeto de lei que trata da concessão de um subsídio mensal a ser pago pelo município para a manutenção do transporte coletivo urbano de Juiz de Fora. Com a medida, o Poder Executivo pretende congelar o atual valor da tarifa em R$ 3,75 até o final de 2021. “Vamos subsidiar as tarifas. Se fossem corrigidas, o valor seria de R$ 6,30. Estamos mantendo em R$ 3,75. É um grande esforço do Poder Público.”
O valor a ser pago pela PJF na forma de subsídio ainda não foi divulgado. As mudanças a serem propostas no modelo de transporte coletivo urbano de Juiz de Fora não deverão parar por aí. “Vamos fazer isso com total transparência. A partir daí, vamos redesenhar e rever todo o sistema”, pontuou.
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