Comerciante faz vaquinha on-line após furto em lanchonete em JF
Ladrão entrou por buraco feito na parede do estabelecimento e levou todas as mercadorias, além de utensílios e computador
“Faço trabalho voluntário e ajudo todo mundo. A gente nunca imagina que vai chegar o dia em que vamos precisar também.” O desabafo é da comerciante Marcilene dos Santos, 42 anos. Da noite para o dia, ela viu sua lanchonete completamente devastada, após um arrombamento seguido de furto. O crime foi descoberto na manhã da última segunda-feira (10), quando ela chegou para trabalhar no estabelecimento, que fica na Rua Padre Guilherme, no Bairro Nossa Senhora de Lourdes, Zona Sudeste de Juiz de Fora. Para acessar o local, o ladrão precisou fazer um buraco em uma das paredes. “Levaram notebook, monitor, impressora, tudo o que tinha no freezer de refrigerantes, tudo da geladeira e despensa, caldas de sorvete, balas, copos, caixa de açaí, balança e utensílios de cozinha, dinheiro, entre outros. Tudo o que conseguiram passar pelo buraco.”
Com o negócio familiar prejudicado – além de Marcilene trabalham no local o marido dela, 42, um primo dele, 43, e a filha do casal, 20 -, vizinhos, parentes e amigos se mobilizaram por meio de uma vaquinha virtual a fim de amenizar o prejuízo e recuperar a principal fonte de renda da família, o estabelecimento comercial “Pódio”. A meta é R$ 10 mil e, até a tarde de terça, 17 apoiadores já haviam contribuído, somando R$ 856. O endereço da vaquinha é o vakinha.com.br/vaquinha/arrecad.
“Estamos muito abalados ainda. Quem olha de fora pode achar que levaram pouco, mas, para nós, que vendemos num dia para comprar a mercadoria no outro, foi muita coisa. Com a pandemia então, está sendo um dia após o outro. Graças a Deus não precisamos fechar, mas, com a onda roxa (do programa estadual Minas Consciente), ficamos muitos dias só no delivery”, relatou Marcilene em entrevista à Tribuna.
Segundo ela, um suspeito chegou a ser detido pela Polícia Militar, na tarde desta terça, no Bairro Costa Carvalho, também na região Sudeste. Conforme a comerciante, o mesmo homem estava dormindo há cerca de 15 dias na varanda de uma casa desocupada, que fica ao lado de sua loja. Após o crime, no entanto, não havia sido mais visto nas imediações. “Ele já devia estar fazendo esse buraco há alguns dias, mas não percebemos, porque ele havia colocado uma cortina”, lamentou.
No mesmo dia em que Marcilene foi surpreendida pelo caos em sua lanchonete, ela arregaçou as mangas, arrumou o que podia e ainda conseguiu servir almoço para seus clientes. “A comida é feita na casa da minha mãe. Então as pessoas só souberam depois.” Para repor a geladeira e a despensa deixadas vazias, a família fez a vaquinha, mas não esperava receber tanto apoio.
“Não imaginava ser tão querida. Já estamos aqui há mais de onze anos, e nunca passamos por nenhum tipo de coisa assim. Foi muito susto, e o pior de tudo é a indignação que a gente fica. Do comércio aqui do bairro éramos os únicos que podiam se orgulhar de nunca ter acontecido crime. Temos trancas na porta de ferro, mas nunca pensamos que seríamos roubados por um buraco na parede. Pelo menos estamos todos bem e com saúde. No meio dessa pandemia, só temos a agradecer.”
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