Pazuello fala em vacinação ‘já em dezembro’ e divulga plano de logística

Integrantes do Ministério, entretanto, apontam data como improvável; documento está sob revisão


Por Agência Estado

09/12/2020 às 22h14

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mudou o discurso sobre o começo da imunização no Brasil e afirmou que, se houver autorização de uso emergencial, as doses podem ser aplicadas já em dezembro. Ele ponderou que é provável começar a campanha nacional entre janeiro e fevereiro, data, mesmo assim, mais otimista que a apresentada pelo ministério na semana anterior. Em entrevista à CNN Brasil, Pazuello ainda entregou o plano de logística para a vacinação, que ele disse estar “pronto”, mas o documento ainda passa por revisão e só deve ser divulgado na próxima semana.

O começo da vacinação em dezembro é improvável, segundo integrantes do próprio Ministério da Saúde. Além de o Governo federal ainda depender da compra de milhões de seringas e agulhas, não há pedido de registro ou uso emergencial de vacinas nas mãos da Anvisa. Pazuello apontou que a poderia conseguir esse aval da agência reguladora, mas a própria empresa, que ainda aguarda assinatura de contrato com o ministério, diz que dificilmente trará doses ao país em dezembro. A previsão mais otimista do laboratório é começar a importação em janeiro e, nos primeiros três meses, acumular doses suficientes para vacinar cerca de dois milhões de habitantes.

A entrega do plano de logística durante a entrevista surpreendeu até auxiliares de Pazuello. Em audiência na Câmara dos Deputados, o secretário Nacional de Vigilância Sanitária, Arnaldo Medeiros, minimizou o gesto e disse que foi uma apresentação “simbólica”, pois o documento ainda passa por mudanças. A população privada de liberdade, por exemplo, foi retirada do grupo prioritário para vacinação que havia sido apresentado na última semana. Já agentes penitenciários seguem no plano. Dentro do ministério, a entrega, mesmo que “simbólica”, foi considerada um erro de comunicação de Pazuello, pois abriu margem para a imprensa, parlamentares e gestores locais do SUS cobrarem o documento que ainda está sendo finalizado. A fala de Pazuello também joga mais pressão sobre a Anvisa para a aprovação de vacinas.

Em nota, o Ministério reconhece que o plano está sob revisão e afirma que o documento será apresentado ao Supremo Tribunal Federal e à população, sem citar datas.

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