A mudança de tom na campanha eleitoral pode ter resultados inesperados, pois o que dá certo hoje nem sempre se desdobra em eventos futuros. Por isso, a tática do “bateu, levou” sofre questionamentos de diversos segmentos. Ontem, o ex-deputado petista Paulo Delgado lamentou esse tipo de postura, pois viveu essa experiência quando era um dos coordenadores da primeira campanha de Lula à Presidência e havia críticas sistemáticas de seu oponente, Fernando Collor. Para o cientista político Raul Magalhães, da UFJF, “a degeneração do debate eleitoral com acusações pessoais e a criação de monstros – que, se vencerem, vão conduzir o país, os estados ou as cidades para o inevitável buraco – é um problema das democracias modernas e também se repete no Brasil a cada novo ciclo como uma patologia”. Trata-se do tipo de campanha que despolitiza o pleito e afasta a comparação de teses em favor de sentimentos difusos de ódio e medo provocados por peças publicitárias.
Marketing
O professor Raul Magalhães, por mais de uma vez, advertiu que o marketing político tornou-se a principal ferramenta das campanhas. “Hoje, essas acusações não têm nada de intuitivo e são inclusive planejadas por profissionais de marketing político, que usam pesquisas para saber qual é o ponto fraco do adversário ou em que tipo de demônio ele pode ser transformado. Fizeram isso muitas vezes com o Lula. O PT, nesse momento, faz a mesma coisa com a Marina, transformando-a em candidata dos banqueiros, que vai deixar o povo com fome.”
Funciona
A candidata socialista não está isenta nesse processo, pois também tenta devolver amplificando o escândalo da Petrobras como uma prática de quadrilha do PT. “O problema é que esse tipo de estratégia funciona, pois a Marina parou de crescer e, debaixo de uma chuva de acusações, ela vê sua rejeição subir. Funcionou várias vezes contra os candidatos pelo Brasil afora, e sabemos que em Juiz de Fora não há eleição municipal que fique sem ataques pessoais, deixando as propostas em segundo plano”, acentuou Raul Magalhães.