Criação de monstros

Por Paulo César Magella

A mudança de tom na campanha eleitoral pode ter resultados inesperados, pois o que dá certo hoje nem sempre se desdobra em eventos futuros. Por isso, a tática do “bateu, levou” sofre questionamentos de diversos segmentos. Ontem, o ex-deputado petista Paulo Delgado lamentou esse tipo de postura, pois viveu essa experiência quando era um dos coordenadores da primeira campanha de Lula à Presidência e havia críticas sistemáticas de seu oponente, Fernando Collor. Para o cientista político Raul Magalhães, da UFJF, “a degeneração do debate eleitoral com acusações pessoais e a criação de monstros – que, se vencerem, vão conduzir o país, os estados ou as cidades para o inevitável buraco – é um problema das democracias modernas e também se repete no Brasil a cada novo ciclo como uma patologia”. Trata-se do tipo de campanha que despolitiza o pleito e afasta a comparação de teses em favor de sentimentos difusos de ódio e medo provocados por peças publicitárias.

Marketing

O professor Raul Magalhães, por mais de uma vez, advertiu que o marketing político tornou-se a principal ferramenta das campanhas. “Hoje, essas acusações não têm nada de intuitivo e são inclusive planejadas por profissionais de marketing político, que usam pesquisas para saber qual é o ponto fraco do adversário ou em que tipo de demônio ele pode ser transformado. Fizeram isso muitas vezes com o Lula. O PT, nesse momento, faz a mesma coisa com a Marina, transformando-a em candidata dos banqueiros, que vai deixar o povo com fome.”

Funciona

A candidata socialista não está isenta nesse processo, pois também tenta devolver amplificando o escândalo da Petrobras como uma prática de quadrilha do PT. “O problema é que esse tipo de estratégia funciona, pois a Marina parou de crescer e, debaixo de uma chuva de acusações, ela vê sua rejeição subir. Funcionou várias vezes contra os candidatos pelo Brasil afora, e sabemos que em Juiz de Fora não há eleição municipal que fique sem ataques pessoais, deixando as propostas em segundo plano”, acentuou Raul Magalhães.

Paulo Cesar Magella

Paulo Cesar Magella

Sou da primeira geração da Tribuna, onde ingressei em 1981 - ano de fundação do jornal -, já tendo exercido as funções de editor de política, editor de economia, secretário de redação e, desde 1995, editor geral. Além de jornalista, sou bacharel em Direito e Filosofia. Também sou radialista Meus hobbies são leitura, gastronomia - não como frango, pasmem - esportes (Flamengo até morrer), encontro com amigos, de preferência nos botequins. E-mail: [email protected] [email protected]

A Tribuna de Minas não se responsabiliza por este conteúdo e pelas informações sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também