Margarida deve anunciar secretariado na semana que vem

Prefeita eleita citou como prioridade zero de seu governo a reordenação do sistema de transporte coletivo e aprovação de um plano municipal participativo de segurança pública


Por Renato Salles

02/12/2020 às 19h38- Atualizada 02/12/2020 às 21h32

Prefeita eleita de Juiz de Fora no último domingo (29), a deputada federal Margarida Salomão (PT) foi entrevistada pela equipe da Rádio CBN Juiz de Fora nesta quarta-feira. Na conversa com os jornalistas, Margarida fez uma projeção sobre os primeiros dias dos trabalhos de transição e também quais serão os primeiros passos do futuro Governo. A parlamentar assumirá o comando da prefeitura a partir do dia 1º de janeiro de 2021. Contudo, a prefeita eleita não deu sinalizações de nomes que comporão o seu futuro governo e afirmou que o secretário deve ser anunciado de forma conjunta na semana que vem.

“Temos nomes em vista. Mas temos que conversar com as pessoas. Quero anunciar a equipe completa, e isso só será possível na semana que vem”, disse a deputada. A prefeita eleita reforçou o discurso realizado durante sua campanha vitoriosa e reforçou a intenção de ter homens e mulheres ocupando o primeiro escalão da administração de forma equilibrada. “Com certeza o secretariado será paritário de gênero e todos feras.”

A parlamentar deu, porém, algumas pistas sobre quais podem ser os perfis de alguns ocupantes da futura Administração. “Vamos naturalmente ter no secretariado pessoas que participaram da campanha e da elaboração do plano de Governo. Serão todas pessoas tecnicamente qualificadas para desenvolver os trabalhos que Juiz de Fora espera.”

Margarida classificou como essencial os trabalhos de transição já iniciados entre representantes do atual e do futuro governo. “É absolutamente imprescindível para que a gente consiga chegar para o trabalho de posse de todas as informações e em condições de encaminhar as medidas que consideramos prioritárias.

Pandemia: priorizar saúde, sem se esquecer economia

Sobre ações de combate a pandemia do novo coronavírus, a deputada federal sinalizou que as ações a serem tomadas pela Prefeitura de Juiz de Fora, a partir de janeiro, respeitaram aspectos técnicos e sanitários sem deixar de lado, no entanto, preocupações do ponto de vista econômico e social.

“Estamos obtendo as informações. Temos as informações importantes da imprensa, mas, agora, estamos tendo as informações oficiais. Nossa preocupação com a segurança sanitária precede todas as outras considerações. A defesa da vida, para nós, é muito importante. Mas vamos encaminhar medida que contemple a aflição dos agentes econômicos. Não dá para ignorar o fato de que estamos enfrentando uma gravíssima crise, que a pandemia também torna mais aguda.”

Com relação a uma possível retomada das atividades presenciais na rede municipal de Educação, a futura prefeita pregou cautela. “A educação básica é uma incumbência do Município. Vamos encaminhar as medidas em função do contexto que encontrarmos. As aulas presenciais só voltarão, de fato, no momento em que tivermos condições de garantir segurança sanitária. Conheço profundamente as escolas e sei que uma reabertura não pode ser considerada sem uma melhor avaliação técnica.”

Margarida ainda falou sobre o atual momento da pandemia em Juiz de Fora, que, nas últimas semanas, teve piora nos indicadores que mensuram o avanço do novo coronavírus na cidade. Neste sentido, a deputada lembrou que até o dia 31 de dezembro deste ano ainda caberá ao prefeito Antônio Almas (PSDB) a tomada de decisões sobre ações para mitigar a curva de contágio.

Em meio ao processo de transição que antecede a sucessão municipal, Almas deixou em aberto a possibilidade da futura chefe do executivo Municipal indicar algum representante para participar das reuniões e das ações do comitê que monitora a situação do coronavírus em Juiz de Fora. Mas, ao menos em um primeiro momento, o grupo da deputada federal Margarida Salomão declinou.

Sobre as ações a serem adotadas a partir do dia 1° de janeiro de 2021, a prefeita eleita afirmou que tomará as medidas que forem necessárias e classificou a preservação da saúde e da vida como prioridade no contexto da pandemia. “Segurança sanitária é prioridade, mas vamos avaliar as condições concretas para anunciar as medidas a serem tomadas já como prefeita no exercício do cargo.”

Diálogo aberto com agentes políticos

Margarida reforçou que tem cumprido a agenda externa nos últimos dias, com passagens por Brasília e Belo Horizonte. Assim, já se reuniu com parlamentares locais. Segundo a prefeita eleita, ela já conversou com os políticos de espectros políticos distintos como os deputados federais Lafayette Andrada (Republicanos) e Charlles Evangelista (PSL); e também quer aprofundar o diálogo com o deputado federal Júlio Delgado (PSB) e com os parlamentares estaduais Noraldino Júnior (PSC) e Sheila Oliveira (PSL).

As interlocuções, todavia, não devem se resumir aos deputados que têm relação com Juiz de Fora. Margarida afirma que a relação se estenderá a representantes do governo estadual e federal. Um dos principais motivos para investimentos públicos na cidade. “Minha postura é que devemos aproveitar todo o potencial que a cidade tem de representação política para abrir uma colaboração que seja a mais efetiva possível”, considerou, reforçando que a Prefeitura irá reconhecer politicamente todas as ações apoiadas por outros agentes políticos.

A prefeita planeja manter um diálogo aberto entre os poderes Executivo e Legislativo a partir do ano que vem. Pretendo ter uma relação aberta com a Câmara e com os vereadores. Na minha gestão, todos os parlamentares terão as portas abertas. Tenho o maior respeito da atividade parlamentar. É óbvio que vamos buscar uma maioria. Mas essa relação será respeitosa.”

No mesmo tom, a prefeita eleita afirmou que a cidade precisa se colocar como liderança regional da Zona da Mata. “Esse é um papel de que Juiz de Fora não pode se furtar. Quem tem a honra de ser o prefeito de Juiz de Fora tem que tratar a questão do desenvolvimento regional como pauta. Assim faremos.” Entre os principais gargalos da região que precisam ser atacados, Margarida defendeu a melhoria na estrutura viária, em especial da ligação com o Aeroporto Itamar Franco.

BR-440 e Hospital Regional

A futura prefeita ainda considerou duas grandes obras paralisadas na cidade como grandes desafios a serem equacionados, porém de difícil resolução. Sobre a BR-440, disse se tratar de um “abacaxi, que liga nada a lugar nenhum”. “Vamos ter que lidar com essa situação, conversando diretamente com a população mais afetada, que é da Cidade Alta, para se manifestar sobre essa situação. Vou me informar sobre as dificuldades que levaram a interrupção dos trabalhos. Este é um exemplo de uma obra pouco pensada e sem escutar a população envolvida.”

O mesmo tom foi adotado para falar sobre a paralisia das obras do Hospital Regional. “Esta é uma obra do Estado, que precisa se manifestar em seu plano de investimento em que posição ele coloca este hospital. Minha preocupação é fazer a Saúde de Juiz de Fora funcionar. Evidentemente, vou conversar com o governador Romeu Zema (Novo) para saber o que ele tem previsto para o hospital e definir o que fazer com a obra. É mais um abacaxi.”

‘Prioridades zero’

Margarida também disse que quer efetivar regramentos constantes do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) em Juiz de Fora. “O SUSP foi votado no fim de 2018 e requer que o Município aprove um plano municipal participativo de segurança pública. Até para pleitear recursos disponíveis. Esta é uma prioridade zero.” Ainda sobre a segurança pública, a prefeita afirmou que quer priorizar a integração da guarda municipal as demais forças de segurança e também dar acesso aos dados do programa Olho Vivo.

Outro ponto colocado como prioridade zero foi uma reordenação do sistema público de transporte coletivo urbano. “Vou chegar na Prefeitura e trabalhar imediatamente nisso. É evidente que a população está desassistida, e há um claro desequilíbrio no contrato. Vamos trabalhar tecnicamente e politicamente do ponto de vista de promover a maior transparência possível nas informações coletadas e em um processo participativo de acompanhamento nas decisões que encaminharmos. Isso também é prioridade zero.”

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