Tusmil assume linhas operadas pela GIL em Juiz de Fora
Concessionária terá até 72 horas para viabilizar a operação das 41 linhas antes sob responsabilidade da empresa consorciada
Em nota encaminhada à Tribuna, a Tusmil apenas assumiu que, na última segunda, recebeu, de fato, um ofício da Settra, por meio do qual foi notificada a operar, “em caráter provisório”, as linhas até então sob responsabilidade da GIL. “A Tusmil irá se esforçar para atender a determinação do poder concedente (Município) no menor tempo possível para evitar maiores prejuízos à população.” A reportagem questionou à concessionária se havia quadro de pessoal, bem como veículos suficientes para suprir a demanda das linhas da GIL, mas os questionamentos não foram respondidos. Antes de ser designada a assumir as 41 linhas da GIL, a Tusmil já tinha sob responsabilidade 59 linhas do transporte coletivo urbano de Juiz de Fora.
Ao menos desde 10 de outubro, a Tusmil já opera provisoriamente cinco linhas originalmente da GIL – 424 (Aracy), 436 (Linhares), 426 (Grajaú), 412 (Parque Burnier) e 411 (Vitorino Braga) _ em razão de “descontinuidade da prestação do serviço aos usuários”, conforme decisão publicada pela Settra no Atos do Governo nesta terça. A manifestação acrescenta, inclusive, que a própria GIL, passado o remanejamento temporário de tais linhas, afirmou que não estava em condições de reassumi-las, solicitando, assim, a prorrogação da transferência das linhas. “Em 26 de novembro, a citada sociedade empresarial (GIL) cessou a totalidade da prestação de serviços de transporte sem qualquer notificação à Prefeitura, aos empregados, à comunidade e às demais autoridades públicas”, registra a Settra na decisão.
A decisão ainda determina à GIL que, em até dois dias após receber notificação do Município sobre a interrupção da circulação dos veículos da própria empresa, “apresente as justificativas para o descumprimento contratual reiterado” da prestação de serviços de transporte coletivo urbano em Juiz de Fora. Questionada pela Tribuna sobre quais serão as próximas medidas adotadas, a Settra informou que, “neste momento, a intenção é atender à população, o que já está sendo feito”. A reportagem também buscou contato com a GIL, mas sem sucesso.
Vínculo empregatício segue sem resolução
Após realizarem ato na região central de Juiz de Fora na última segunda, os rodoviários voltaram a manifestar insatisfação com o remanejamento integral das linhas da GIL à Tusmil na madrugada desta terça-feira, na garagem da GIL, como confirmado à Tribuna pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Juiz de Fora (Sinttro), Vagner Evangelista. Embora policiais militares tenham acompanhado ato, Evangelista reiterou que não houve conflitos.
Conforme Evangelista, o descontentamento dos funcionários da GIL quanto ao remanejamento das linhas ocorre porque as questões trabalhistas ainda não foram resolvidas. O sindicalista reforça que a determinação da Settra não atende aos trabalhadores, já que seguem vinculados à empresa mesmo diante da ameaça iminente de perder os postos de trabalho. “Não pagaram salário, benefícios como tíquete-alimentação, cesta básica e plano de saúde, não tem nada. O trabalhador está sem receber há dois meses”, diz o presidente do Sinttro.
Na mesma nota em que confirmou que foi determinada pelo Município a assumir as linhas da GIL, a Tusmil pondera que, embora se “solidarize” com os problemas trabalhistas enfrentados pelos rodoviários, cada empresa concessionária possui “gestão completamente independente umas das outras”. “A Tusmil apenas irá operar tais linhas em caráter temporário única e exclusivamente em função de determinação cogente do poder concedente.”
Audiência
Nesta quinta-feira (3), a categoria deve se reunir com a Justiça do Trabalho para tratar sobre o salário dos trabalhadores. “A audiência será contra a GIL e a Tusmil, que está dentro do mesmo consórcio. Nós vamos cobrar uma sucessão trabalhista junto às duas empresas, para que faça o pagamento dos trabalhadores também”, explica Evangelista. Além disso, o Sinttro está em tratativa com o Ministério Público para mediar outras negociações quanto às questões dos trabalhadores.