Em Ășltimo debate, lĂderes na corrida pela PJF buscam enfrentamentos
Encontro promovido conjuntamente entre o Grupo Solar de Comunicação e a UniAcademia foi o Ășnico a ter a presença dos 11 candidatos
A trĂȘs dias do fim do primeiro turno, os candidatos Ă Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) se encontraram para mais um confronto de ideias, nesta quinta-feira (12), em debate promovido pelo Grupo Solar de Comunicação, atravĂ©s das redaçÔes da Tribuna e da RĂĄdio CBN Juiz de Fora, em parceria com a UniAcademia. Com dois blocos de enfrentamento direto entre os adversĂĄrios, este foi o Ășltimo encontro entre os concorrentes antes do dia da votação. E foi tambĂ©m o primeiro que contou com os 11 candidatos, uma vez que Wilson Rezato (PSB) participou do evento, juntando-se a Aloizio Penido (PTC), Eduardo Lucas (DC), Fernando Elioterio (PCdoB), Ione Barbosa (Republicanos), Lorene Figueiredo (PSOL), Marco FelĂcio (PRTB), Marcos Ribeiro (Rede), Margarida SalomĂŁo (PT), Sheila Oliveira (PSL) e VictĂłria Mello (PSTU).
JĂĄ na primeira pergunta, aconteceu o Ășnico enfrentamento entre os dois candidatos mais bem colocados no levantamento Ibope/TV Integração, divulgado na Ășltima terça. LĂder da pesquisa com 32% das intençÔes de voto, Margarida direcionou o questionamento a Wilson, que atua no ramo da construção civil, sobre como o empresĂĄrio pretendia conciliar os interesses do setor com a defesa do meio ambiente. Ao respondĂȘ-la, Wilson considerou que nĂŁo existiria o conflito de interesses citado pela adversĂĄria, jĂĄ que sua empresa atua na cidade hĂĄ 40 anos, acrescentando que o meio ambiente deveria ser uma preocupação de todos, cabendo ao prefeito encaminhar soluçÔes. Por sua vez, Margarida defendeu que os empreendimentos imobiliĂĄrios se responsabilizem por contrapartidas para as comunidades. Os dois concordaram sobre a implementação do IPTU Verde.
Ainda no primeiro bloco, o tema da construção civil foi retomado quando Sheila questionou sobre a possibilidade de implementação da outorga onerosa em Juiz de Fora, ou seja, para que os investidores se responsabilizassem por contrapartidas para minimizar os impactos provocados por grandes empreendimentos. A pergunta foi direcionada à Margarida, mas o alvo era Wilson, que afirmou durante a campanha, que o instrumento da outorga onerosa resultaria em mais um imposto para os empreendedores. Margarida afirmou que a outorga onerosa não se trata de um imposto, mas, sim, uma contrapartida da iniciativa privada. A petista ainda lembrou que a ferramenta foi criada pelo Estatuto da Cidade e ainda não foi regulamentada em Juiz de Fora. A deputada federal defendeu a implementação do dispositivo para que a cidade possa fazer os investimentos necessårios, o que foi reforçado por Sheila, que ainda acrescentou que a outorga poderia ser cobrada por meio até de dinheiro ou prestação de contas.
Outro enfrentamento de destaque aconteceu quando Sheila Oliveira direcionou questionamento Ă Ione Barbosa. Segundo o Ibope, na Ășltima terça-feira, as duas dividiam a terceira colocação e se mantinham vivas na disputa por uma vaga no segundo turno com 12% das intençÔes de voto. Sheila questionou a adversĂĄria sobre o apoio do PSDB (partido do prefeito AntĂŽnio Almas), que integra a chapa de Ione. Neste sentido, Sheila destacou que a campanha da adversĂĄria recebeu R$ 10 mil de recursos do fundo eleitoral, feitos a partir de transferĂȘncias da direção nacional do PSDB.
Em um primeiro momento, depois de lembrar que Sheila recebeu mais de R$ 3 milhĂ”es do PSL, Ione negou o recebimento dos recursos. Sheila chegou a afirmar que a candidata estava mentindo. Ao final, admitiu o aporte financeiro a partir do repasse do PSDB e disse que ainda nĂŁo havia sido informada por sua assessoria sobre a chegada dos valores, a serem usados para financiar açÔes de campanhas conjuntas com candidatos a vereadores do PSDB. A troca de farpas entre as duas sobre os apoios de cada uma das candidaturas ainda se estendeu. Ione afirmou que terĂĄ independĂȘncia para governar e disse que o PSDB aderiu a seu projeto. Ela associou o ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB) ao projeto de Sheila, uma vez que o MDB integra a coligação da deputada federal. Sheila, por sua vez, se esquivou e disse que o apoio do MDB a seu projeto foi negociado em BrasĂlia, por meio do senador Eduardo Gomes (MDB-TO).
Mais bem colocados sĂŁo provocados
Em ascensão nas pesquisas Ibope/TV Integração perante o eleitorado, a candidata Ione Barbosa, mais visada após dividir com Sheila a terceira colocação no pleito com 12% da intenção de votos, foi frequentemente questionada pelos adversårios em razão da coligação com o PSDB, na Administração municipal desde a reeleição do ex-prefeito Bruno Siqueira. Em uma das provocaçÔes, Marcos Ribeiro questionou Ione sobre a aliança, jå que, no entendimento do candidato da Rede, o PSDB é o partido que levou Juiz de Fora para a situação em que se encontra hoje. Ione, por sua vez, respondeu que não foi a sua candidatura que aderiu ao projeto dos tucanos, mas, sim, o contrårio, isto é, o PSDB, junto ao PDT, aderiu à sua campanha por meio da indicação do economista Rodrigo Gherardi como vice.
Sheila tambĂ©m foi indagada pela candidata VictĂłria Mello a respeito da concessĂŁo de isençÔes fiscais Ă iniciativa privada. Para Sheila, o MunicĂpio estĂĄ aquĂ©m do que poderia promover para atrair empresas de grande porte. De acordo com Sheila, a PJF precisa desburocratizar as atuais regulamentaçÔes, alĂ©m de potencializar setores como jardinagem e hotelaria, para atrair grandes empresas e gerar empregos. No entanto, VictĂłria apontou que o MunicĂpio deve priorizar incentivos Ă s pequenas e mĂ©dias empresas, uma vez que eles nĂŁo deixariam a cidade assim que o perĂodo de isenção fiscal acordado se encerrasse. Sheila, por sua vez, na trĂ©plica, ressaltou a necessidade de atrair empresas de fora, jĂĄ que, para a deputada, apenas hĂĄ trabalhadores se houver postos de trabalho.
Em interação com Sheila, Aloizio Penido buscou associar Margarida SalomĂŁo, em razĂŁo do perĂodo em que fora reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ao impasse de anos entre a universidade e a UniĂŁo para viabilizar o Parque CientĂfico e TecnolĂłgico de Juiz de Fora e RegiĂŁo. De acordo com Aloizio, desde 2005, a UFJF estĂĄ qualificada para recebĂȘ-lo, mas devido a ilĂcitos apontados pelo Tribunal de Contas da UniĂŁo (TCU), a instituição ficou prĂłxima a perder R$ 40 milhĂ”es para a implementação da obra, o que, na sua visĂŁo, implicaria em perda de mĂŁo de obra qualificada para o municĂpio. Ao ter o pedido de direito de resposta negado pela comissĂŁo julgadora – formada pelos advogados Rodrigo Esteves e Carlos Eduardo Paletta Guedes -, Margarida se posicionou em interação com Lorene Figueiredo, a Ășltima do encontro. A petista citou a criação do Centro Regional de Inovação e TransferĂȘncia TecnolĂłgica (Critt) Ă frente da UFJF, destacando ainda que nĂŁo tem nada a ver com o Parque CientĂfico e TecnolĂłgico, cuja criação foi do ex-reitor Henrique Duque.
Dobradinhas
Alguns candidatos atacaram o modelo do atual processo eleitoral que, em detrimentos de outros, privilegia algumas candidaturas com mais recursos pĂșblicos vindos do Fundo Eleitoral e, tambĂ©m, com maior acesso Ă propaganda eleitoral gratuita de rĂĄdio e TV. Em dobradinha com Eduardo Lucas, Aloizio Penido afirmou que alguns adversĂĄrios escondem, inclusive, os partidos pelos quais saĂram candidatos ou aqueles com os quais estĂŁo coligados. Eduardo considerou que tais coligaçÔes alimentam a perpetuação no poder dos mesmos grupos polĂticos que estariam Ă frente da PJF hĂĄ aproximadamente 40 anos. Para o candidato do DC, o sistema traz dificuldades para aqueles que se oferecem como opção de mudança e de renovação. Aloizio fez coro Ă avaliação do adversĂĄrio, ressaltando ainda que optou por uma chapa pura para que possa ter independĂȘncia para fazer as mudanças que considera necessĂĄrias.
Ensino pĂșblico municipal
Logo em sua primeira intervenção, o candidato Fernando Elioterio perguntou Ă candidata Lorene Figueiredo quais as propostas para a rede municipal de ensino. Conforme Lorene, deverĂŁo ser enfrentados tanto a precarização do trabalho, uma vez que hĂĄ mais de 40% dos quadros da educação sob sistema de rodĂzio, bem como os gargalos de infraestrutura das unidades municipais de ensino. Elioterio concordou ao ressaltar que ambos os projetos dialogam. De acordo com o candidato do PCdoB, caso eleito, ele planeja transformar Juiz de Fora em uma cidade educadora, jĂĄ que o municĂpio concentra uma rede de faculdades privadas e a prĂłpria UFJF. Lorene, por fim, ressaltou que planeja implementar a educação integral no sistema municipal de ensino por meio de um processo transdisciplinar nas ĂĄreas de saĂșde, educação, assistĂȘncia social, esporte, lazer e cultura. A dobradinha ainda foi repetida posteriormente, mas a interação se deu a partir de discussĂ”es sobre assistĂȘncia social.
JĂĄ Marco FelĂcio, cuja candidatura Ă© a Ășnica em que o deferimento estĂĄ ainda em avaliação pela Justiça Eleitoral, estabeleceu diĂĄlogo com Eduardo Lucas para propor a alternativa de escolas cĂvico-militares para melhorar a educação de Juiz de Fora – que jĂĄ tem uma unidade, diga-se. Eduardo Lucas pontuou que, no que tange Ă s escolas pĂșblicas, Ă© favorĂĄvel Ă eficiĂȘncia, mas conclui que as unidades cĂvico-militares possam ser de bom valor para o MunicĂpio dadas as circunstĂąncias, sobretudo pelo senso cĂvico. O general reformado do ExĂ©rcito, entĂŁo, afirmou que as escolas cĂvico-militares melhorariam o nĂvel de educação dos jovens, tanto no que diz respeito Ă instrução quanto aos valores repassados aos jovens. No entendimento do candidato do PRTB, hĂĄ uma ausĂȘncia de “valores patriĂłticos”.
Tópicos: eleiçÔes 2020