Estudante de JF conquista medalha de ouro em olimpíada internacional de Astrofísica e Astronomia
Adolescente de 17 anos diz que pretende ajudar outros alunos a participarem de competições, colaborando com a própria experiência
O estudante de Juiz de Fora João Pedro Chamhum Basílio, de 17 anos, é um dos quatro brasileiros medalhistas de ouro da Competição Eletrônica Global de Astronomia e Astrofísica (Global e-Competition on Astronomy and Astrophysics) de 2020. As avaliações do evento, que aconteceram entre os dias 25 e 27 de setembro, foram separadas entre testes individuais e em equipes. Ao todo, o Brasil teve 20 representantes, sendo que dez deles competiram individualmente. Todos os participantes individuais ganharam medalhas: foram quatro de ouro, quatro de bronze e duas de prata.
Natural de Ubá, o adolescente, que mora em Juiz de Fora desde 2010 e cursa o 3º ano do ensino médio no Colégio Apogeu, participou da competição de forma remota, em função da pandemia de coronavírus. Realizada em etapas presenciais desde 2007, a olimpíada global passou por adequações neste ano, e todas as provas e atividades foram aplicadas em ambientes virtuais, como o Zoom. No entanto, para o medalhista, fazer a prova em um ambiente doméstico, sem as pressões dos lugares de prova clássicos, foi um ponto positivo.
Em entrevista à Tribuna, João Pedro conta que fez primeiro a prova teórica, a mais difícil para ele. “Saí dela pensando que o meu resultado seria bem mediano. Pela nota, vi que não fui muito bem. Mas, no geral, ninguém teve nota acima da média.” Em seguida, na segunda fase, em que os participantes têm que interpretar informações e explicar o que está demonstrado em tabelas, João Pedro estava preocupado. “A análise de dados não é um tipo de avaliação com a qual estamos habituados. Mas eu consegui ir muito bem.” Com boa expectativa, ele também se saiu bem na última etapa, na qual é realizada uma prova observacional. Nesta fase, os estudantes recebiam fotos do céu e precisavam identificar o que estava nas imagens e qual a localização dos elementos em relação à Terra.
Assim como o evento, o resultado da olimpíada de conhecimento veio de forma virtual, por meio de uma cerimônia realizada no fim de outubro. “Não sei descrever a sensação de receber a notícia de que fui premiado. Fiquei um pouco perdido. Ficamos tão preparados e preocupados com as provas, que quando o resultado vem, não sabemos o que fazer”, comenta João Pedro, agora medalhista de ouro.
Experiência marcante
As seletivas nacionais, anteriores à etapa final do evento, preveem duas viagens. Um dos encontros aconteceu em Barra do Piraí (RJ), e o outro, que ocorreria no Observatório Abrahão De Moraes, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), em Vinhedo (SP), foi suspenso.
Entretanto, conforme João Pedro, sua participação no evento global ficou marcada. “O encontro em Barra do Piraí deixou uma sensação muito legal. Quando você está em um ambiente com 200 alunos que gostam das mesmas coisas que você, consegue se identificar e fazer muitos amigos facilmente”, comenta, ressaltando a experiência como um dos principais ganhos obtidos com a participação nas olimpíadas.
Compartilhar conhecimento
Para o estudante, o benefício acadêmico foi muito grande, e também o marcou. Atualmente, João Pedro se prepara para o vestibular, e afirma que ter obtido um resultado tão bom na olimpíada global vai propiciar diversas oportunidades. Ele quer continuar os estudos na área de Física, e vai tentar vagas na Universidade Federal Fluminense (UFF) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Mas, além do ensino superior, ele planeja também compartilhar seu conhecimento com outros alunos.
“Quero que esse resultado seja mais recorrente na nossa região. É muito comum ver participantes de São Paulo e do Ceará, mas ainda é raro ter competidores de outros estados. Pretendo ajudar os demais alunos para que tenham contato, saibam que é possível, e pretendo disponibilizar o material para guiá-los.”