Reabertura de lojas leva juiz-foranos à região central
Com migração do município à onda amarela do Minas Consciente, comércio pode reabrir portas neste sábado e realizar atendimentos presenciais
Às vésperas do Dia dos Pais, com a reabertura de lojas de mais segmentos do comércio varejista após Juiz de Fora migrar para a onda amarela do Minas Consciente, os juiz-foranos foram às ruas da região central neste sábado (8). Ao meio-dia, os consumidores concentravam-se tanto no interior de estabelecimentos localizados na Rua Halfeld, como em filas de espera do lado externo das lojas. A maior parte da demanda era relacionada às lojas de departamento e franquias, onde se formavam as maiores filas. Entretanto, outros consumidores priorizaram estabelecimentos de pequeno e médio porte, uma vez que evitavam aglomerações em espaços fechados. Satisfeitos com o fluxo de pessoas após a retomada das atividades econômicas, os lojistas apontaram à Tribuna, no entanto, a queda do volume de vendas em relação aos anos anteriores, apesar da adesão ao comércio eletrônico e ao serviço de entrega a domicílio desde a proibição da abertura das lojas do segmento, em março, devido à pandemia do coronavírus.
Divulgada na quarta-feira (5), a retomada de parte dos segmentos varejistas foi oficializada com a reclassificação do Município de Juiz de Fora, bem como da Macrorregião Sudeste, no Minas Consciente, na última quinta, depois da revisão da estrutura do programa realizada pelo Governo Romeu Zema (Novo).
Neste sábado, o técnico de manutenção de celulares Rony Cassi retornou às ruas depois de meses para comprar o presente do Dia dos Pais. “Estávamos nos poupando (em casa) para comprar as coisas. Estávamos fazendo todos os pagamentos por celular. A minha mãe (que estava ao lado dele), por exemplo, só saía de casa para trabalhar. Hoje foi o primeiro dia. (…) Viemos somente pra comprar o presente do Dia dos Pais. Preferimos comprar presencialmente”, contou à Tribuna. De acordo com Rony, ele buscou evitar lojas mais cheias. “As lojas têm adotado bem as medidas de prevenção. Nos estabelecimentos em que fomos, vimos álcool em gel, medidor de temperatura eletrônico, filas com distanciamento etc, mas fugimos de todas as filas possíveis.”
Assim como Rony, a aposentada Aparecida Magalhães, que foi ao Centro em busca de remédios, disse que acabou “aproveitando também para comprar uma lembrancinha”, mas optou por não entrar em lojas que tinham filas de espera. “O movimento está muito intenso. Há algumas lojas e ruas que estão bem cheias. Quando a loja está muito cheia, prefiro não entrar. Como em farmácia, por exemplo: eu comprei os remédios em uma drogaria em que não estou acostumada a comprar, justamente por não estar cheia. Estou comprando o mínimo do mínimo. Os funcionários pedem o distanciamento, mas o pessoal não entende”, lamentou.
Para o revendedor Rodrigo Ghedin, o avanço de Juiz de Fora para a onda amarela do Minas Consciente apenas tirou a responsabilidade dos consumidores sobre sair às ruas. “Acho que o povo já estava desrespeitando (as recomendações), pelo que a gente viu na rua nas últimas semanas. As pessoas estavam saindo, muitos sem utilizar a máscara, inclusive. Agora, depois da mudança do Minas Consciente, o povo tem autonomia para sair achando que não vai se contaminar.” À espera da esposa na Rua Barão de São João, o revendedor ainda apontou que alguns estabelecimentos não têm respeitado as determinações de higienização das autoridades. “Alguns não têm álcool em gel. Em algumas lojas, os vendedores abaixam a máscara para conversar, não há a limpeza de algumas peças etc. Às vezes não dá tempo. Em um supermercado em que fui, estavam medindo a temperatura quando queriam, em uns dias, sim, mas em outros, não.”
Ao contrário da Rua Halfeld, a reportagem verificou que a Rua Barão de São João tinha menor fluxo de pessoas no início da tarde deste sábado.
‘Entrega a domicílio não supriu vendas presenciais’
Apesar de satisfeitos com as expectativas atendidas após a reabertura, os lojistas admitiram que as vendas do Dia dos Pais foram inferiores aos anos anteriores, atribuindo o fato às restrições de funcionamento impostas pela pandemia da Covid-19. A maioria dos empresários adotou o serviço de entrega a domicílio para facilitar as compras por meios remotos, mas a alternativa foi insuficiente para atender o fluxo de vendas esperado. De acordo com representantes da categoria ouvidos pela Tribuna, como as orientações de higienização foram divulgadas apenas nessa sexta-feira, eles estão ainda adaptando os estabelecimentos ao regramento.
O gerente da loja de vestuário masculino Magnum, Demian Paschoalini, mostrou satisfação com o fluxo de clientes neste sábado. “Desde ontem (sexta), os resultados estão sendo muito bons. Com o retorno de parte do comércio, as expectativas estão sendo superadas. As ruas estão cheias. Em números, ainda não tenho como precisar os nossos resultados, mas acho que ficou um pouco abaixo do ano passado por conta da pandemia. O retorno ainda está muito fresco. Vamos aguardar os próximos dias. Quem der números exatos agora, vai estar fazendo somente uma estimativa.” Conforme Paschoalini, o estabelecimento ainda está se adequando às exigências de higienização. “O protocolo saiu apenas ontem (sexta). Vamos nos adequar mais nos próximos dias, mas o cliente está fazendo a sua parte também. Já temos o álcool em gel, a plaquinha com a obrigatoriedade do uso de máscara e a limitação de clientes por metro quadrado.”
De acordo com a caixa da loja Armadda, Lidyane de Melo Reis, o movimento atendeu às expectativas, principalmente entre 11h30 e meio-dia, horário em que, usualmente, há o maior fluxo de clientes aos sábados. “A gente está atendendo pelo Instagram também e já fizemos bastante entregas. Esperávamos filas, já que ficaremos abertos até mais tarde, mas o movimento que deu foi muito bom. Como durante a semana muitas pessoas compraram, hoje (sábado), especificamente, o movimento não foi tão grande.” Conforme Lidyane, a alternativa buscada pela Armadda foi a entrega a domicílio. “Nas duas últimas semanas, conseguimos vender bem por entrega a domicílio. Além de vender pelo Instagram, estamos também ligando para os clientes. Logicamente o delivery não dá conta de todas as vendas que o comércio presencial dá. (…) Nas vendas presenciais, por exemplo, conseguimos convencer o cliente a levar alguma peça a mais do que aquela que ele está decidido a comprar.” Dentre as medidas de prevenção, o estabelecimento adotou o uso de um vaporizador para higienizar as peças de vestuário.
Na Humanitarian, o volume de vendas estava abaixo do esperado, segundo o gerente Higor Otoni Ribeiro. A expectativa era de atingir ao menos 60% do movimento verificado no ano anterior. “Acredito que o movimento está abaixo devido à falta de informação do consumidor quanto à retomada. Como as lojas de cosméticos já estavam abertas, se a pessoa presentearia um calçado, agora pode dar um perfume, por exemplo.” Questionado se a retomada na véspera para a compra dos presentes para o Dia dos Pais pode ter prejudicado o movimento, ele ponderou que boa parte dos clientes, mesmo com o tempo curto, deixou para comprar o presente neste sábado. “Acredito que não tenham comprado porque faltaram opções, e o e-commerce não atendeu a todos. Pelo menos não no nosso ramo. E as pessoas estão optando também por trocar presentes por celebrações em família como churrascos etc.”
A loja de calçados era uma das que controlavam a entrada de consumidores com filas externas, apesar de não aferir a temperatura dos clientes com o instrumento eletrônico. “O limite do número de pessoas está conforme o procedimento da Prefeitura. E há políticas internas dentro da empresa que agregam ainda mais junto aos próprios funcionários e aos clientes. Os funcionários trocam as máscaras de três em três horas, e até mesmo na cozinha, há numeração das mesas para manter pequenos grupos de almoço etc. Nós já temos um protocolo interno há dois meses, mas o da Prefeitura saiu somente ontem (sexta) à noite. Foi tudo desorganizado, atropelado”, criticou.