Igreja adapta celebrações da Páscoa por meio da tecnologia
Dom Gil Antônio Moreira fala à Tribuna sobre a atipicidade da data neste ano e convida fiéis a refletirem sobre a fé em tempos de pandemia
A vela e o joelho dobrado no chão sempre foram formas de se conectar com a fé dentro de casa. Porém, neste ano, em razão do isolamento consequente da pandemia do coronavírus, a internet, a televisão e a solidariedade conseguiram fazer de cada lar um verdadeiro altar. Em Juiz de Fora, assim como em várias locais do Brasil e do mundo inteiro, as paróquias adaptaram as celebrações da Páscoa por meio da tecnologia, e os fiéis participarão das cerimônias em casa.
Neste ano, a Páscoa, uma das maiores celebrações do cristianismo, será limitada ao essencial. Tudo foi organizado para os fiéis acompanharem as cerimônias de casa, evitando qualquer ação que possa propagar o vírus. O papa Francisco presidirá as cerimônias sem a presença física de fiéis numa Basílica de São Pedro quase vazia. Nas igrejas do mundo inteiro, as comemorações serão sem público. Em isolamento forçado, as pessoas poderão seguir os rituais graças às transmissões via rádio, TV ou internet.
Em razão de toda essa mudança, o arcebispo de Juiz de Fora, dom Gil Antônio Moreira, convida os cristãos a refletirem sobre a fé neste momento, nunca imaginado pela Igreja, com templos vazios. “A Páscoa deste ano acontece de forma atípica, nunca imaginada por nós, com igrejas vazias e pessoas fechadas em suas casas. Mas Deus, de sua casa, visita todas as outras, que o recebem pelos meios de comunicação. A igreja é doméstica.”
O nome Páscoa é de origem hebraica, da palavra Pessach, que significa “passagem”. “Vamos fazer, de fato, uma transição para um mundo mais justo, de um mundo menos fraterno para um mundo mais fraterno, mais caridoso. Portanto, de material para um mundo muito espiritual. Deus, com todos os acontecimentos, está nos falando alguma coisa. Será a passagem para dias melhores. Certamente Ele está preparando algo muito bom. Que saibamos sublimar os sofrimentos, assim como Cristo morreu na cruz, para depois contemplar a luz brilhante da ressurreição. Ele é bom, pai e misericordioso, sendo capaz de mandar seu filho para morrer na cruz. Ele venceu a morte, o pecado e está no meio de nós”, diz Dom Gil.
Transmissões pelas redes sociais
Na Arquidiocese de Juiz de Fora, os padres estão explorando o mundo das redes sociais. “As celebrações têm sido preparadas para serem transmitidas, e tem sido uma maneira nova, inimaginável por nós anteriormente, há um mês, por exemplo”, garantiu o arcebispo. Na Catedral Metropolitana, por exemplo, a celebração deste domingo será às 10h, transmitida por duas plataformas: pelo Youtube e pelo Facebook, nos perfis “A Voz Católica”. A missa também pode ser acompanhada pela Rádio Catedral, na frequência 102,3 FM. “Temos um retorno bastante interessante. Em algumas paróquias tivemos mais de 20 mil visualizações (de outras transmissões). Que Deus seja louvado sempre por nos possibilitar ser luz no meio destes sofrimentos e sacrifícios”.
Outras paróquias também realizarão missas, que serão transmitidas por outros canais. Para acessar a programação completa, é preciso acessar o site da Arquidiocese de Juiz de Fora, pelo endereço arquidiocesejuizdefora.org.br.
Nossa Senhora
Neste domingo de Páscoa, às 14h, festa maior da Igreja Católica, o Brasil irá unir-se aos demais países da América Latina e Caribe, conforme solicitação do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), e será consagrado a Nossa Senhora. O momento será de oração e pedido pela intercessão da Virgem Maria diante da pandemia. O pedido é para que este tempo difícil seja superado. A Consagração a Nossa Senhora será transmitida, ao vivo, por todas as TVs de inspiração católica, por rádios e pelas redes sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).