Professores municipais entram em greve na próxima quarta-feira

Categoria é contrária à proposta defendida pela PJF para criação de nova carreira de 30 horas semanais


Por Renato Salles

12/02/2020 às 18h30- Atualizada 12/02/2020 às 18h45

greve professores by sinpro
A decisão foi tomada em assembleia ocorrida à tarde no Ritz Hotel (Foto: Sinpro/Divulgação)

Um dia após os servidores da rede estadual de educação deflagrarem movimento grevista, os docentes da rede municipal também decidiram paralisar suas atividades por tempo indeterminado a partir da próxima quarta-feira, dia 19. A decisão foi tomada em assembleia ocorrida à tarde no Ritz Hotel. Em meio a discussões ainda relacionadas à campanha salarial de 2019, a categoria parte para um movimento contra a proposta da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) de criação de novo plano de carreira para futuros docentes, com 30 horas semanais – atualmente, a jornada é de 20 horas semanais. A proposta da Administração já foi rejeitada em Assembleia, uma vez que os servidores consideram que a mudança significa retirada de direitos. Outra das principais bandeiras levantadas pelos grevistas é pela realização de concurso público para a recomposição do quadro do Magistério, porém, com a manutenção do atual plano de carreira.

“A categoria votou pela deflagração da greve no dia 19, quando faremos nova assembleia. A votação foi unânime. Se a Prefeitura apresentar este projeto da forma como foi colocado, vamos nos manter mobilizados para barrar a criação desta nova carreira. A categoria defende a realização de concurso público, mas nos moldes da carreira atual”, explica a coordenadora-geral do Sindicato dos Professores (Sinpro), Aparecida de Oliveira Pinto. Entre outros pontos considerados nocivos pelos docentes, estão entendimentos de que a extensão da jornada irá resultar na precarização das condições de trabalho, na redução dos postos de emprego e no prejuízo de oferta de conteúdos variados aos alunos da rede pública, como aulas de informática, por exemplo.

A PJF admite publicamente a intenção de realizar concurso para a contratação de cerca de 900 profissionais de educação. Para isto, o Município defende que é necessária a criação da nova carreira. Os professores, por sua vez, defendem a realização da seleção pública para a recomposição do quadro efetivo do magistério, no entanto, querem que o concurso seja realizado nos mesmos moldes que balizam as carreiras em vigência.

Na últimas semanas, o Município tem sinalizado a intenção de encaminhar à Câmara projeto de lei que trata do concurso e da possível criação de nova carreira para o Magistério até a próxima terça-feira, dia 18. A PJF também tem reforçado que mantém canal de diálogo aberto com os representantes dos professores e diz ainda estar disposta a ouvir sugestões da categoria para aprimorar a proposta de criação da nova carreira, antes de efetivar o concurso. Todavia, o intuito é lançar o concurso ainda este ano, último da atual gestão do prefeito Antônio Almas (PSDB). Sobre a opção dos docentes entrarem em greve já no dia 19, a PJF disse que só irá comentar sobre a deliberação quando for notificada formalmente sobre a decisão.

Também nesta quarta, os professores iniciaram uma paralisação de 48 horas. Segundo o Sindicato dos Professores, 84,3% da categoria aderiu à mobilização e considera que houve uma intensificação em relação à paralisação realizada na última quinta (6). Já a Secretaria de Educação afirmou que 71 das 103 escolas municipais, ou 68,9%, aderiram à paralisação.

Audiência pública
Os professores seguem paralisados nesta quinta, quando a categoria vai se fazer presente em audiência pública agendada pela Câmara a pedido do vereador Juraci Scheffer (PT), para debater a necessidade de realização de concurso para o preenchimento de cargos efetivos na rede municipal de educação. Nos últimos dois dias, representantes dos docentes e do Sinpro estiveram na Câmara para tentar sensibilizar os vereadores sobre os pleitos da categoria. “Estamos pedindo que a Câmara não coloque qualquer projeto deste tipo em votação sem que os professores sejam consultados”, afirma Aparecida de Oliveira Pinto.

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