Professores municipais entram em greve na próxima quarta-feira
Categoria é contrária à proposta defendida pela PJF para criação de nova carreira de 30 horas semanais

Um dia após os servidores da rede estadual de educação deflagrarem movimento grevista, os docentes da rede municipal também decidiram paralisar suas atividades por tempo indeterminado a partir da próxima quarta-feira, dia 19. A decisão foi tomada em assembleia ocorrida à tarde no Ritz Hotel. Em meio a discussões ainda relacionadas à campanha salarial de 2019, a categoria parte para um movimento contra a proposta da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) de criação de novo plano de carreira para futuros docentes, com 30 horas semanais – atualmente, a jornada é de 20 horas semanais. A proposta da Administração já foi rejeitada em Assembleia, uma vez que os servidores consideram que a mudança significa retirada de direitos. Outra das principais bandeiras levantadas pelos grevistas é pela realização de concurso público para a recomposição do quadro do Magistério, porém, com a manutenção do atual plano de carreira.
“A categoria votou pela deflagração da greve no dia 19, quando faremos nova assembleia. A votação foi unânime. Se a Prefeitura apresentar este projeto da forma como foi colocado, vamos nos manter mobilizados para barrar a criação desta nova carreira. A categoria defende a realização de concurso público, mas nos moldes da carreira atual”, explica a coordenadora-geral do Sindicato dos Professores (Sinpro), Aparecida de Oliveira Pinto. Entre outros pontos considerados nocivos pelos docentes, estão entendimentos de que a extensão da jornada irá resultar na precarização das condições de trabalho, na redução dos postos de emprego e no prejuízo de oferta de conteúdos variados aos alunos da rede pública, como aulas de informática, por exemplo.
A PJF admite publicamente a intenção de realizar concurso para a contratação de cerca de 900 profissionais de educação. Para isto, o Município defende que é necessária a criação da nova carreira. Os professores, por sua vez, defendem a realização da seleção pública para a recomposição do quadro efetivo do magistério, no entanto, querem que o concurso seja realizado nos mesmos moldes que balizam as carreiras em vigência.
Na últimas semanas, o Município tem sinalizado a intenção de encaminhar à Câmara projeto de lei que trata do concurso e da possível criação de nova carreira para o Magistério até a próxima terça-feira, dia 18. A PJF também tem reforçado que mantém canal de diálogo aberto com os representantes dos professores e diz ainda estar disposta a ouvir sugestões da categoria para aprimorar a proposta de criação da nova carreira, antes de efetivar o concurso. Todavia, o intuito é lançar o concurso ainda este ano, último da atual gestão do prefeito Antônio Almas (PSDB). Sobre a opção dos docentes entrarem em greve já no dia 19, a PJF disse que só irá comentar sobre a deliberação quando for notificada formalmente sobre a decisão.
Também nesta quarta, os professores iniciaram uma paralisação de 48 horas. Segundo o Sindicato dos Professores, 84,3% da categoria aderiu à mobilização e considera que houve uma intensificação em relação à paralisação realizada na última quinta (6). Já a Secretaria de Educação afirmou que 71 das 103 escolas municipais, ou 68,9%, aderiram à paralisação.
Audiência pública
Os professores seguem paralisados nesta quinta, quando a categoria vai se fazer presente em audiência pública agendada pela Câmara a pedido do vereador Juraci Scheffer (PT), para debater a necessidade de realização de concurso para o preenchimento de cargos efetivos na rede municipal de educação. Nos últimos dois dias, representantes dos docentes e do Sinpro estiveram na Câmara para tentar sensibilizar os vereadores sobre os pleitos da categoria. “Estamos pedindo que a Câmara não coloque qualquer projeto deste tipo em votação sem que os professores sejam consultados”, afirma Aparecida de Oliveira Pinto.