O poder de um ídolo
Na semana passada, recebemos na redação da Tribuna o ex-lateral-esquerdo Athirson, com passagens por clubes como Cruzeiro, Botafogo, Portuguesa, Juventus e, principalmente Flamengo, onde foi revelado e se destacou nos anos 2000. A visita era para uma entrevista, com detalhamento da partida solidária a ser realizada por ele em Juiz de Fora no dia 14 de dezembro, com estimativa de arrecadação de cerca de 30 toneladas de alimentos.
Logo quando soube da partida, há algum tempo, vinha confessando ao Bruno Kaehler, editor de esportes da Tribuna, minha torcida por aquele camisa 6, que me fez acumular recortes de jornal e até mesmo escrever uma cartinha endereçada à Gávea. Para minha surpresa, descobri que não só eu guardava memórias afetivas daquele jogador. Aos poucos, alguns colegas da redação também foram contando suas histórias. Regina Campos contou sobre Pedro, seu filho, que entrou no Maracanã com o jogador em 2000 e, a partir daí, passou a dizer que, no futuro, quando casasse, se fosse pai de um menino, daria a ele o nome de Athirson. Wendell Guiducci revelou ter uma irmã também “Athirzerte” em Ubá. Paulo Cesar Magella relembrou os gols que narrou do lateral, à época, convocado algumas vezes para a Seleção. Lelê, da diagramação, também recordou-se do auge da carreira do atleta quando ela também era uma adolescente.
E de história em história refletimos no quanto aquele jogador nos impactou de alguma forma e na força que teve – e ainda tem.
Não só Athirson, mas toda uma legião de atletas e, parênteses seja aberto, cantores, atores e personalidades em geral. No quanto as atitudes podem ser bons ou maus exemplos para os fãs, incluindo o comportamento profissional, a conduta pessoal, o carisma, a simpatia e tudo que agrega valor à imagem de uma figura pública.
Muitos, como Athirson, um cara já maduro e muito bem assessorado, sabem do poder desta exposição e fazem de tudo para se comportar, de fato, como um influenciador, formador de opinião, exemplo ou seja lá qual termo usar. Outros tantos, no entanto, na imaturidade, às vezes associada à falta de um bom suporte profissional, ou sem essa percepção do poder que exercem, acabam se perdendo em suas carreiras. E assim destroem também toda uma relação construída com seus admiradores.
Vinte anos depois, estar frente a frente com aquele meu ídolo da adolescência foi um barato. Que todo profissional entenda a importância que tem junto a seu fã e que os bons exemplos vindos deles cativem, de alguma forma. Afinal, o poder que exercem vai bem além do talento que carregam.