JF terá centro de treinamento em cadáveres frescos

Dos poucos em caráter permanente do Brasil, complexo será inaugurado em parceria entre a Faculdade Suprema e o Instituto Crispi


Por Gabriel Ferreira Borges

18/10/2019 às 07h00- Atualizada 18/10/2019 às 07h28

Médicos e dentistas pós-graduandos terão a possibilidade de especializar-se em cirurgias minimamente invasivas em cadáveres frescos em Juiz de Fora. O estágio de treinamento e estudo anatômico em cadáveres – conhecido, também, como CadaverLab – será ofertado pela Escola de Cirurgias Minimamente Invasivas de Juiz de Fora, em nova estrutura, a ser inaugurada, nesta sexta-feira (18), às 19h, na Faculdade Suprema, em parceria com o Instituto Crispi e a Health Learning Academy (HLA). A serem importados dos Estados Unidos pela HLA, os cadáveres congelados serão encomendados de acordo com idade, gênero e registro médico.

Conforme o presidente do Instituto Crispi, Claudio Crispi, o tecido humano congelado é distinto daquele usualmente embalsamado. “O CadaverLab é o melhor ambiente de treinamento de cirurgias em espécimes de tecidos congelados. O cadáver embalsamado, por exemplo, tem formol e uma série de substâncias que faz com que o tecido humano perca suas características naturais. O tecido fica muito enrijecido, de aproveitamento muito restrito. Já o tecido fresco, quando descongelado, conserva as características do tecido humano, o que permite um treinamento cirúrgico muito próximo da realidade.” A importação é regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Depois de utilizado, de acordo com Crispi, o tecido será cremado e devolvido à família.

O treinamento de cirurgias invasivas em cadáveres frescos será possível por meio de videolaparoscopia e procedimento robótico. “Hoje, a cirurgia minimamente invasiva tem uma importância muito grande. É uma cirurgia que é feita por meio de pequenos orifícios no abdôme, com pós-operatório excepcional, quase sem dor. A alta do paciente é muito rápida. Praticamente não existe sangramento nem infecção, porque não se abre cavidades. É muito estética. Hoje, mais de 95% das cirurgias já podem ser feitas por videolaparoscopia ou cirurgia robótica”, explica o diretor da Suprema Ricardo Campello. Embora a inauguração de nova estrutura da Escola de Cirurgias Minimamente Invasivas seja nesta sexta, os cursos com a manipulação de cadáveres frescos serão ainda viabilizados pela HLA.

A expectativa é de projetar Juiz de Fora no cenário médico brasileiro por meio da atração de universidades, profissionais e sociedades médicas. “O treinamento de um cirurgião é uma curva de aprendizado muito longa. Ele, primeiro, começa a fazer o treinamento nos simuladores, onde passa muito tempo, ganhando habilidade. Depois, passa por treinamento em animais. E, finalmente, vai operar. O treinamento no CadaverLab facilita muito o treinamento, pois é o que tem de mais moderno no aprendizado cirúrgico”, afirma Campello. No Brasil, a manipulação de cadáveres frescos em treinamentos cirúrgicos é oferecida somente pelo Instituto de Treinamento de Cadáveres (ITC), com sedes em Salvador (BA) e Balneário Camboriú (SC).

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