Fora da pauta
Confederação Nacional dos Transportes discute contornos ferroviários, mas há dúvidas sobre a presença de Juiz de Fora no seu projeto
A Comissão Pró-Ferrovias, constituída pela Assembleia Legislativa, em recente audiência pública (veja nota no Painel), analisou estudos da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) nos quais são traçados investimentos para esse modal, especialmente num período em que os caminhoneiros admitem a possibilidade de nova paralisação, nos mesmos moldes do ano passado, quando pararam o país. A CNT e vários parlamentares consideram que o modal ferroviário é a alternativa mais em conta, não para substituir totalmente as rodovias, mas para garantir que o país não fique refém de uma só categoria. Há também o viés econômico em torno do frete.
No debate, que contou com a presença da coordenadora de economia da CNT, Priscila Braga Santiago, foram destacados vários investimentos que hoje exigiram aportes da ordem de R$ 500 bilhões. Os números impressionam, mas, se colocados numa planilha de benefícios, não causariam tamanho impacto.
No caso de Juiz de Fora, chamou a atenção a ausência do município – pelo menos nos dados apresentados na Assembleia – na lista de prioridades para possível contorno ferroviário. Foram citados apenas Divinópolis e Montes Claros, embora a cidade tenha pendências iguais ou maiores do que esses dois municípios. Há vários estudos nesse sentido, mas a questão não avança por força de recursos.
A situação poderia fazer parte dos estudos da CNT, o que implica, necessariamente, encaminhamento dos estudos já feitos e outras propostas em gestação. Se o contorno não foi definido, sobretudo por conta do custo, que sejam adotadas alternativas para facilitar a mobilidade urbana, hoje comprometida por conta de uma linha que corta boa parte de sua malha urbana, especialmente o Centro.
Juiz de Fora carece de outras alternativas para reduzir as retenções nas horas de pico e os riscos nas passagens de nível. A MRS, responsável pelo trecho, já teria patrocinado estudos nesse sentido, mas isso só não basta. A discussão tem que ir adiante, o que a torna, também, mais uma causa para a instância política, que precisa, unida, reforçar tal demanda tanto em Belo Horizonte quanto em Brasília.