Trabalhador morre soterrado em obra no Bairro Bom Pastor
Homem trabalhava na fundação de um prédio na Rua Vicente Adão Botti quando o barranco deslizou sobre ele. Bombeiros demoraram cerca de quatro horas para encontrar corpo
Sebastião Terto Pereira, de 63 anos, morreu soterrado quando trabalhava na construção de um edifício na Rua Vicente Adão Botti, no Bairro Bom Pastor, na Zona Sul, nesta terça-feira (26). A morte foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros depois de cerca de quatro horas de escavação. Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros, Natan Canavez, a demora se deu em virtude da dificuldade de se trabalhar no local. “No tubo cabem apenas um militar, um balde e o material para retirar a terra.”
A estrutura que Sebastião escavava, conhecida como tubulão – tipo de fundação profunda de concreto, com diâmetro da base maior que o do restante – tinha sete metros de profundidade até a véspera do acidente. O corpo do trabalhador foi localizado às 15h30, a cerca de sete metros da superfície. Segundo os bombeiros, havia cerca de três metros de terra sobre ele. “É um local estreito e um trabalho bastante delicado. Foi feito um escoramento para escavar e retirar o corpo do operário”, afirmou o capitão George Sant’ana, que atuou no resgate.
Diante da instabilidade do local, um militar ficou responsável por visualizar a movimentação da terra e garantir o prosseguimento dos trabalhos, iniciados às 11h pela corporação. Dez bombeiros se revezaram na escavação do terreno. O corpo da vítima foi retirado do tubo por volta das 17h30 e, em seguida, encaminhado pela funerária ao Instituto Médico Legal (IML). A perícia da Polícia Civil esteve na obra, onde realizou levantamentos de praxe.
Muito abalada com o ocorrido, a auxiliar de cozinha Simone Soares, enteada de Sebastião, disse que o profissional atuava no endereço há, pelo menos, três semanas. “Tem mais de 30 anos que ele trabalha com fundação. Gostava muito do trabalho. Ontem estive com ele na casa da minha mãe e, hoje (terça -feira), tivemos essa notícia”, contou Simone, acrescentando que soube do acidente pelo irmão, por volta de meio-dia. “Ele morreu com a barriga vazia. A marmitinha dele continua ali.”
Já o filho da vítima, Caio Max Soares, que é ajudante de obra, disse que foi comunicado do acidente por um funcionário. “Meu pai trabalhava como autônomo e já estava acostumado com este tipo de serviço. Recebi a ligação de um amigo dele falando sobre o ocorrido, mas até agora ninguém da empresa não nos procurou”, disse o jovem. Sebastião era morador da Vila Olavo Costa, na região Leste. Ele deixou esposa e seis filhos.
Segundo Jefferson Rodrigues, coordenador da Defesa Civil, a obra está em situação regular e não há condições no momento de apontar as causas do desmoronamento do barranco. “Foi observado que a pessoa estava escavando um tubulão, de 70cm (de diâmetro), e o barranco do lado escorregou e caiu em cima. A Defesa Civil simplesmente acompanha o trabalho dos bombeiros, para que seja feito da forma correta. Depois vamos instruir o engenheiro responsável sobre a continuidade da obra”, explicou. Segundo ele, o local não é considerado de risco, mas “a ação humana pode colocá-lo em risco, o que deve ter acontecido”.
A estrutura que Sebastião escavava, conhecida como tubulão, um tipo de fundação profunda de concreto, com diâmetro da base maior que o do restante, tinha 7 metros de profundidade até nesta segunda-feira (25). Conforme os bombeiros, com a continuidade dos trabalhos nesta terça, possivelmente ele estaria mais profundo.
Obra regular
O coordenador da Defesa Civil, Jefferson Rodrigues, garantiu que a obra está em situação regular e, até o final da tarde desta terça-feira, não havia condições de apontar as causas do desmoronamento do barranco. “Foi observado que a pessoa estava escavando um tubulão, de 70cm (de diâmetro), e o barranco do lado escorregou e caiu em cima. A Defesa Civil simplesmente acompanha o trabalho dos bombeiros, para que seja feito da forma correta. Depois vamos instruir o engenheiro responsável sobre a continuidade da obra”, explicou. Segundo ele, o local não é considerado de risco.
A reportagem tentou contato com a Martins e Guimarães Construções, administradora da obra, mas, até por volta das 19h, as ligações não haviam sido atendidas. O número de telefone utilizado foi o que se encontra afixado em placa no local da obra. Já a Arquitetônica, empresa que assina o projeto, informou que se pronunciaria sobre o ocorrido após conseguir contato com os responsáveis, o que não aconteceu até o fechamento desta edição.
Outro acidente
A Rua Vicente Adão Botti, onde morreu Sebastião, já protagonizou acidente semelhante. Em 1º de março de 2013, um trabalhador morreu soterrado e outro ficou ferido após serem atingidos pelo deslizamento de um barranco de oito metros de altura. Eles trabalhavam com outras três pessoas na fundação e no muro de contenção da obra de um edifício. Chovia muito no momento do acidente, e os bombeiros levaram uma hora para localizar o corpo da vítima. O sobrevivente foi resgatado e levado para o Hospital de Pronto Socorro (HPS).