Uma cidade para todas as idades

Por Jose Anisio Pitico

A existência dos Conselhos Municipais é muito importante para a cidade. A participação social e política dos cidadãos e cidadãs contribui muito para fazer da cidade um lugar seguro e bom para se viver. Uma cidade para todas as pessoas. Os conselhos, através de suas reuniões plenárias ordinárias e/ou extraordinárias, recebem o grau de satisfação ou insatisfação dos cidadãos em relação à prestação municipal dos serviços sociais e de saúde dirigidos à população. Juiz de Fora é uma cidade que tem muitos conselhos municipais, o que demonstra o desejo forte da comunidade de participar da vida da cidade.

Mas os conselhos têm resistido na medida do possível, diante de problemas que vão desde a falta de recursos materiais e de pessoal, do não reconhecimento integral de suas demandas na agenda pública até o desconhecimento ou desvalorização de seu papel político na definição de políticas públicas para a população. O relacionamento dos Conselhos com o Poder Público nem sempre é bem entendido. Às vezes, tem lá suas arestas de tensionamento e dissensos, chegando à Câmara de Vereadores e às lideranças comunitárias. Nossa cidade está muito bem situada nesse campo de organização política. Se direcionarmos nossa atenção para a pessoa idosa, veremos que são poucas as cidades mineiras que contam com um Conselho do Idoso. Juiz de Fora já tem o seu desde 1994, quando foi criado por Lei Municipal, de autoria do ex-vereador e médico João Carlos Arantes, provocado, no bom sentido, pelo sempre atuante e persistente seu Nilo Pina.

Essa semana, o Conselho Municipal de Saúde realiza a sua 9ª Conferência Municipal. Haja resistência e determinação! Na mesma “pegada”, a Conferência da Pessoa Idosa, que aconteceria no final desse mês, foi cancelada para ser realizada mais à frente. Outras conferências vão acontecer na cidade. Somos políticas públicas! E, com o apoio da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica desse ano, podemos avançar mais. A cidade precisa ser gerida para o encontro das pessoas. Isso mesmo: desejamos uma cidade para todas as idades!

Nessa direção, é com bons olhos que vejo a implementação do projeto Ruas Completas, na Rua Marechal Deodoro, no Centro, no trecho compreendido entre a Avenida Rio Branco e a Rua Batista de Oliveira. Essa proposta visa a humanizar os espaços urbanos e também busca a democratização do espaço público. Espaço das pessoas, para as pessoas. Construção de espaços públicos para o nosso encontro, para a promoção da convivência comunitária e social. Como é bom encontrar um amigo ou amiga na rua e, juntos, tomarmos um cafezinho. Bater um papo e rir muito. Subverter a lógica massacrante e mecânica da correria da vida. Como precisamos de necessidade afetiva, de ter encontros reais e menos de WhatsApp. Essas alternativas, certamente, contribuem para o aumento do nosso capital social, no enfrentamento da depressão, doença típica dos tempos atuais. Só por curiosidade, caro leitor e leitora, conheço histórias de pessoas idosas que, não tendo como quem conversar, vão diariamente ao supermercado para cumprimentar os funcionários, cumprimentar o caixa. A compra é só um pretexto para sair de casa e ver alguém. Pessoas de outras idades têm estratégias diferentes. A necessidade é a mesma. Encontrar alguém. Que essas ruas estejam completas e muito vivas com a presença de todas as pessoas. Na diversidade e na pluralidade é que somos como pessoas. Tenho muita esperança, como na música, de que um dia a cidade vai cumprir seu ideal.

Assistente social e gerontólogo
(32) 98828-6941

Jose Anisio Pitico

Jose Anisio Pitico

Assistente social e gerontólogo. De Porciúncula (RJ) para o mundo. Gosta de ler, escrever e conversar com as pessoas. Tem no trabalho social com as pessoas idosas o seu lugar. Também é colaborador da Rádio CBN Juiz de Fora com a coluna Melhor Idade. Contato: (32) 98828-6941

A Tribuna de Minas não se responsabiliza por este conteúdo e pelas informações sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também