Mulheres na história

Mulheres são líderes naturais, como nos mostram os exemplos apagados da história. E é neste espaço de liderança que elas devem ficar e ser reconhecidas


Por Tribuna

08/03/2019 às 07h50

O Dia Internacional da Mulher deste ano vem, no Brasil, a reboque da ressaca de carnaval. Mas esta ressaca traz um alento, pelo menos no que diz respeito a importantes nomes de mulheres, antes esquecidos e que agora começam a ser mencionados e descortinados. Já sabemos quem foi Dandara, guerreira negra do período colonial do Brasil, companheira de Zumbi dos Palmares, lembrada no enredo de carnaval da Mangueira, campeã do desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro. Também foi o enredo da Mangueira que nos alertou para a existência de Luiza Mahin, outro símbolo de combate à sociedade escravista.

O descortinar destes nomes femininos também nos faz olhar para outras lideranças, mais próximas de nossa história local, como Rosa Cabinda – ex-escrava que lutou para comprar sua liberdade -, e do nosso tempo, como Marielle, vereadora que foi assassinada no Rio de Janeiro há quase um ano, e Greta Thunberg, a jovem sueca de 16 anos que lidera um importante movimento estudantil pelo clima mundial. A jovem que se junta a outras estudantes secundaristas para dizer aos adultos que é preciso agir coletivamente no mundo, que chega de individualismo e que é preciso, por exemplo, lutar contra o aquecimento global. Greta diz ao mundo que é necessário frear grandes corporações e criar políticas públicas mais agressivas para interromper a escalada de destruição da natureza.

Ela também não é uma jovem ativista de redes sociais. É uma ativista do mundo real, que ia para a rua, para a frente do prédio do Parlamento sueco todas as sextas-feiras para protestar e dar o seu recado. Greta fez isso em agosto de 2018, quando ainda tinha 15 anos de idade. A partir daí, tornou-se referência mundial na luta contra o aquecimento global e tornou-se inspiração para jovens mulheres, meninas em muitos países. No dia 15 de março, estas mesmas meninas planejam realizar uma greve global pelo clima.

Apesar da evidência e do protagonismo dessas mulheres, ainda há muito que se trilhar. É preciso desnaturalizar cenas machistas do cotidiano. Cenas que começam, muitas vezes, dentro de casa, onde a mulher fica com as funções manuais, as obrigações domésticas e os cuidados com os filhos. Machismo que atinge, não poucas vezes, o campo do trabalho, onde mulheres ganham menos que homens que desempenham as mesmas funções. Machismo que resvala para a política, com a baixa representatividade feminina nos cargos públicos. Machismo que se junta ao crime de racismo e extrapola todos os limites quando se falam das mulheres negras e das mulheres indígenas.

Mulheres são líderes naturais, como nos mostram os exemplos apagados da história. E é neste espaço de liderança que elas devem ficar e ser reconhecidas. Aos homens cabe, nesse momento, entrar nesta luta para pôr fim ao machismo, sendo cúmplices e ativos na luta pelo reconhecimento da igualdade e do fim de todo tipo de discriminação e preconceito. Nesse 8 de março, que possamos lembrar que nossas líderes da história também são e sempre foram mulheres.

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