Demandas do poder

Eleitos para os executivos em outubro de 2018 se deparam, agora, com a realidade nem sempre positiva dos governos para os quais se propuseram moralizar ou melhorar a sua performance


Por Tribuna

24/01/2019 às 07h02

No glossário político, diz-se que a lua de mel dos eleitos começa após a proclamação do resultado e termina no dia da posse; a partir daí o jogo é outro, dependendo, principalmente, da performance do vencedor das urnas. Menos de um mês após a mudança de guarda nos estados e no país, os dirigentes começam a enfrentar as primeiras turbulências; o presidente Jair Bolsonaro, mais pelas ações do filho Flávio, e o governador Romeu Zema, agora acossado pela própria base pela convivência com tucanos em seu gabinete.

Os dois casos são emblemáticos. O presidente, que se elegeu com uma plataforma conservadora, foi induzido a dizer em Davos, onde se encontra para o Fórum Econômico Mundial, que lamenta como pai, mas garantiu que não passará a mão na cabeça do filho se ele for culpado nas denúncias envolvendo, especialmente, seu assessor Fabrício Queiroz, que se ampliaram com a prisão de cabeças das milícias do Rio de Janeiro.

No caso do governador, o ressentimento fica por conta da presença de tucanos históricos no seu gabinete, a começar pelo titular da pasta de Governo, Custódio Mattos. Os insatisfeitos se sentem traídos, mas é fundamental considerar que o ex-prefeito de Juiz de Fora, em vez de um problema, é uma ponte entre o Governo e a Assembleia, a qual conhece bem pela experiência de deputado estadual. Ademais, Custódio soma o viés técnico por sua formação profissional de trabalho no IPEA.

O presidente e seu entorno tentam evitar a chegada do caso do filho ao Palácio, o que, de fato, seria um problema, sobretudo num momento em que o país se prepara para um amplo debate, no Congresso que toma posse em fevereiro, de questões relevantes, como a reforma da Previdência.

Já Romeu Zema precisa apascentar sua base e indicar que a questão central não está na presença ou não de tucanos no seu staff. O problema é mais grave ante a crise econômica que impõe uma agenda crítica à sua gestão: uma folha de pagamento que consome 80% do orçamento e 853 prefeitos batendo diariamente à sua porta pedindo, por direito, o repasse de verbas constitucionais do ICMS e do IPVA.

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