Diálogo necessário
Estabelecer canais de conversação é a forma viável para superação de impasses, mesmo que a saída seja vista como um ponto impossível
Decisões, sejam elas políticas ou administrativas, devem sempre ser precedidas de discussão, a fim de buscar consenso, mesmo em situações em que ele seja praticamente impossível, a fim de garantir um mínimo de razoabilidade. Em todas as instâncias de poder, especialmente, o que tem sido visto são impasses desnecessários, fruto de medidas de cima para baixo ou de discussão rasa entre os atores envolvidos. Com as redes sociais, o intercâmbio de posições tornou-se mais intenso, implicando a necessidade dessas discussões.
Quando tentava formar o Partido Popular, uma dissidência do MDB, o então senador Tancredo Neves não titubeou em buscar num velho adversário a saída para implantação da legenda. Magalhães Pinto, uma raposa política, o tinha derrotado nas eleições para o Governo de Minas em 1960 e foi um dos líderes civis para implantação do regime militar em 1964. Dessa vez, os dois tinham um objetivo comum, mas havia problemas.
Em entrevista aos jornalistas, na tentativa de explicar em que pé estavam as negociações, Magalhães, ao seu estilo, foi claro: “Não há desentendimento, mas falta entendimento”. O que pode ser visto como um mero jogo de palavras é, na verdade, um dado relevante nas relações. Mesmo que haja enfrentamentos, o que pesa é o entendimento, que deve ser buscado a qualquer tempo, seja num debate, como o que ora se desenvolve na bidocência, quando pais de alunos especiais têm uma visão distinta da Secretaria de Educação, seja em questões macros, como a formação dos quadros do futuro Governo.
No caso local, já há esforços para se chegar a um lugar comum. Muitos impasses, em boa parte das vezes, são formados pela ausência de discussões profundas e, sobretudo, de informação. O que tem sido visto nos últimos dias na questão da educação dos alunos com deficiência é a ausência de um debate prévio, que ora se estabelece por força das próprias circunstâncias.
Melhor assim, pois é a partir desses entendimentos é que será possível encontrar um ponto de equilíbrio que atenda razoavelmente ambos os lados.