Facebook notifica 443 mil usuários no Brasil que tiveram dados vazados
Segundo a assessoria da plataforma no país, usuários receberão uma mensagem na linha do tempo com link no qual poderão saber quais informações foram coletadas e de que maneira foram utilizadas
Quase meio milhão de usuários do Facebook no Brasil tiveram seus dados coletados e repassados irregularmente à empresa de consultoria e marketing digital Cambridge Analytica, com base no Reino Unido. A plataforma anunciou que enviaria nesta segunda (9) mensagem aos internautas envolvidos no vazamento com informações sobre o ocorrido. Segundo a assessoria de Facebook no Brasil, as pessoas cujos dados foram vazados receberão uma mensagem na linha do tempo (newsfeed) contendo um link no qual poderão saber quais informações foram coletadas e de que maneira estas foram utilizadas.
Vazamento
Os dados foram vazados para a empresa Cambridge Analytica por um desenvolvedor que usou um aplicativo de teste de personalidade para acessar os dados. Essas informações teriam sido usadas pela consultoria britânica para influenciar eleições em diversos países. Reportagens publicadas nos jornais New York Times (EUA), The Guardian (Reino Unido) e no canal de TV britânico Channel 4 (Reino Unido) divulgadas em março trouxeram a denúncia de um ex-funcionário relatando como os dados foram trabalhados pela firma para influenciar eleições, em especial o pleito dos Estados Unidos de 2016.
Na matéria da emissora de TV, dirigentes da empresa relatam que começariam a atuar no Brasil. A companhia firmou parceria com a Agência Ponte. Contudo, em março, a Ponte informou que não renovou o contrato com a consultoria. No último dia 4 de abril, o diretor de tecnologia do Facebook, Mike Schroepfer, publicou mensagem no site da plataforma na qual afirmou que o número de pessoas atingidas chegaria a 87 milhões, bem maior do que os 50 milhões informados pelas reportagens detonadoras do escândalo.
A maioria (70,6 milhões) é formada por cidadãos dos EUA, mas o vazamento também incluiu 1,1 milhão de pessoas das Filipinas, 1 milhão da Indonésia, 1 milhão do Reino Unido, 789 mil do México, 622 mil do Canadá, 562 mil da Índia e 443 mil do Brasil. Questionada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa do Facebook afirmou que a resposta da empresa abrange a notificação dos usuários envolvidos no vazamento e medidas para reduzir riscos e aumentar o controle das pessoas sobre as informações usadas por aplicativos.
Exigência
Nesta segunda (9), o Facebook anunciou a inclusão da exigência de identificação e localização de quem desejar pagar por anúncios políticos. Essa verificação deverá ocorrer também no caso de “grandes páginas”, embora a companhia não tenha detalhado o critério para enquadrar a categoria. Outra nova funcionalidade criada será a possibilidade de os usuários verem os anúncios presentes e passados de uma página. No dia 6 de abril, o vice-presidente de anúncios do Facebook, Rob Goldman, publicou no site da empresa outras medidas para os anúncios. Uma delas é a implantação de uma identificação da mensagem como “anúncio político” e o registro do quem pagou pelo por ele.
Esses mecanismos estão sendo testados nos Estados Unidos e no Canadá inicialmente. Segundo o presidente da empresa, Mark Zuckerberg, a verificação de páginas será expandida para o restante do mundo “nos próximos meses”. De acordo com a assessoria da empresa no Brasil, ainda não há garantia de que essas e outras medidas, parte das chamadas “diretrizes de anúncios”, serão implementadas no Brasil antes das eleições.
A empresa já havia anunciado, dias atrás, recursos para facilitar a percepção dos usuários sobre quais as configurações de segurança e aplicativos autorizados por estes a coletar dados e que usos estes programas fazem destas informações. Uma nova funcionalidade facilitou para usuários a maneira de baixar os registros que a plataforma possui deles.
Zuckerberg
Segundo informações do site “O Globo”, o presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, disse ao Congresso dos Estados Unidos em um depoimento escrito, divulgado nesta segunda, que a rede de mídia social não fez o suficiente para evitar o mau uso e se desculpou. O CEO assumirá a responsabilidade pela falha de sua rede social em proteger os dados privados de seus usuários, segundo o documento de seu testemunho, um dia antes da audiência ante parlamentares americanos. “Está claro agora que não fizemos o suficiente para impedir que essas ferramentas sejam usadas para causar danos”, disse ele em um depoimento escrito divulgado pelo Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos EUA.