Entre o triângulo e a zabumba carioca
Dizem que o tempo melhora tudo, agora imagine o que ele pode fazer com uma coisa que já era boa? Depois de sete anos parados, a banda carioca de forró Forróçacana, sobe hoje, ao palco do Cultural Bar, para mostrar que o hiato só fez bem às suas composições e aos seus arranjos, influenciados pelo baião, xaxado, salsa, samba e, acreditem, rock e música oriental. Desde o seu surgimento, em 1997, o grupo soma quatro discos, um DVD, duas indicações ao Grammy Latino, o título de melhor grupo regional, conquistado em 2006 no Prêmio da Música Brasileira, conhecido anteriormente como Prêmio Tim de Música, e diversas parcerias, como Alceu Valença, Elba Ramalho, Fagner e Moraes Moreira.
Para esta retomada, o Forróçacana tem apenas um lema: tocar sem parar. Nós sempre fomos aonde o povo nos chama! Pretendemos levar nossos shows não só para o Brasil, mas por todo o mundo, ressalta o vocalista Duani Martins, que também é o responsável pela sonoridade da zabumbatera, alfaia e derbak. Como costuma acontecer com outras bandas, que alteram a formação original quando retomam a carreira, o Forróçacana não desfez a combinação que dava certo no passado. Além de Duani, Mará, responsável pela sanfona, cello e trombone, Chris Mourão no triângulo, pandeiro, hat e ganzá, Cachaça, na guitarra, cavaquinho, viola caipira e bandolim, e Marcos Moletta, no bandolim e guitarra, dão o recheio do forró pé-de-serra com o toque da malandragem carioca.
O forró para a gente foi algo totalmente espontâneo, pois sempre fomos apaixonados pela música brasileira e suas variações. Após uma viagem pelo Nordeste, retornamos ao Rio de Janeiro fascinados e com diversos instrumentos na bagagem. Tocar forró foi algo inevitável, comenta Duani.
No final da década de 90, outras bandas de forró surgiram no mercado fonográfico brasileiro, como Falamansa e Rastapé, instaurando um estilo chamado forró universitário, semelhante ao que vivemos hoje com as centenas duplas sertanejas que engrossam o caldo do Sertanejo universitário. Porém, na visão de Duani, o forró não é um modismo. O forró sempre estará presente no Brasil em diversas épocas do ano. Acho que vem crescendo, com a criação de bandas e espaços. Por fazer parte do gene musical do brasileiro, ele não é como as ‘modas’ que bombam e somem de vez.
Para o show desta noite, a banda reserva o melhor do forró pé-de-serra presente em seus quatro CDs. Entre as canções, estão Suor de pele fina, Forró no Malagueta, Menina mulher da pele preta, A lei do silêncio e Esverdear. Também faremos uma homenagem a Dominguinhos, o maior músico desse país e pilar do forró pé-de-serra, que nos deixou esse ano. O nome do grupo Forróçacana surgiu a partir de um jogo de palavras entre forró, roça e cana, dando a abertura para duplo sentido.
FORRÓÇACANA
Hoje, às 23h
Cultural Bar
(Avenida Deusdedit Salgado 3955)