Polícia confirma oito vítimas de pedreiro indiciado por estupro de irmãs
Delegada não descarta a possibilidade de outras pessoas terem sido violentadas
O pedreiro de 54 anos suspeito de ter abusado sexualmente de duas irmãs, de 6 e 12 anos, enquanto trabalhava em uma obra na casa delas em julho deste ano, no Bairro Santa Rita, Zona Leste de Juiz de Fora, foi indiciado pela Polícia Civil por estupro de vulnerável. A conclusão do inquérito foi divulgada pela delegada Ione Barbosa neste terça-feira (21). Segundo ela, o homem também vai responder pelo crime de atentado violento ao pudor envolvendo um jovem, hoje com 19 anos, e a irmã dele, 16, molestados em 2004, quando eram crianças. No decorrer da investigação, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher ainda chegou a outras três possíveis vítimas daquela época: duas irmãs gêmeas, hoje com 17 anos, que moram atualmente no Rio de Janeiro, e um rapaz, 19, residente em São Paulo. Devido à distância, eles estão sendo ouvidos por meio de cartas precatórias. O número de vítimas do pedófilo chega a oito, incluindo outro caso de atentado violento ao pudor de 2006, já julgado.
“O inquérito foi instaurado em julho inicialmente para apurar o estupro das meninas de 6 e 12 anos. No decorrer da investigação, pedimos a preventiva do pedreiro, e também saiu a sentença condenatória em relação a outra criança, de 8 anos, abusada em 2006 por duas vezes. Ele foi condenado a sete anos de prisão”, detalhou a delegada. “Quando ele foi preso e apresentado à imprensa, os dois jovens, também irmãos, o reconheceram, vieram à delegacia e noticiaram os crimes de 2004. O rapaz teria sido abusado dos 7 aos 9 anos. Depois, os investigadores descobriram os outros casos. Conseguimos localizar as gêmeas, mas a mãe delas disse que não poderia vir a Juiz de Fora por falta de condições financeiras. Comunicamos a delegacia do Rio de Janeiro para ouvi-las junto com a representante legal e nos enviar os depoimentos. Também expedimos carta precatória para o outro rapaz ser ouvido em São Paulo, porque ele não tem como vir aqui. Concluímos o inquérito para não se prolongar mais, mas possivelmente ele será indiciado por esses abusos.”
Desde a prisão no fim de julho em sua casa no Bairro Bandeirantes, Zona Nordeste, o pedreiro está no Ceresp, à disposição da Justiça. Ione explicou que os seis crimes de 2004 foram configurados como atentados violento ao pudor porque ocorreram antes da nova Lei de Crimes Sexuais, de 2009. A norma estabeleceu o estupro de vulnerável no artigo 217-A, que pune com pena de oito a 15 anos de reclusão quem mantiver qualquer tipo de relação sexual com menor de 14 anos. “Na maioria das vezes não há conjunção carnal nesses casos, justamente para não deixar prova. Mas isso não impede de ser estupro de vulnerável, porque inclui qualquer ato libidinoso”, disse a policial, acrescentando que não houve conjunção carnal envolvendo as irmãs molestadas no Santa Rita. “Durante todo esse trâmite, chegamos a oito vítimas. Em relação a cinco delas já há provas contundentes, e outras três serão ouvidas, mas também há provas veementes nesse sentido.”
Denúncia foi feita após conversa em rede social
De acordo com a delegada Ione Barbosa, o pedreiro de 54 anos foi denunciado em julho pela própria mãe, 29, das meninas de 6 e 12 anos, após ela descobrir conversas dele com a filha mais velha por meio da rede social WhatsApp. Ainda segundo a policial, o homem e a mulher teriam algum parentesco. “Ele fazia um serviço na casa delas, e como a mãe já o conhecia, deixava as filhas aos cuidados dele. Enquanto estava sozinho com as crianças, abusava delas. A situação teria ocorrido dentro de uns 20 dias.” O mesmo modo de agir teria sido usado pelo pedófilo nas ocorrências anteriores. “Depois de terminar a obra na casa de um dos meninos, a mãe tinha tanta confiança que levava o garoto e a irmã para ficarem com o pedreiro na residência dele. Por isso que o abuso foi mantido por dois anos.”
Ione orientou pais e responsáveis sobre medidas de prevenção, inclusive no meio virtual, já que muitas ocorrências de estupro de vulnerável começam com conversas em redes sociais, onde os pedófilos costumam mentir a idade e usar perfis falsos para iscar crianças e adolescentes.
A família deve se precaver. Tem que colocar maldade em tudo, porque o perfil do pedófilo é ser longe de qualquer suspeita. Geralmente ele é amável, dá bala ou dinheiro para conquistar a confiança da criança e também da família. Muitas vezes, no corre-corre do dia a dia, o pai coloca um tablet na mão do filho e não vê com quem ele está conversando. E a criança, na sua inocência, acaba falando tudo
Ione Barbosa, delegada
A polícia não descarta a possibilidade de outras pessoas terem sido violentadas pelo pedreiro em algum momento da vida. “Todas devem procurar a delegacia e, independente da idade, denunciar”, enfatizou a delegada. A Especializada de Atendimento à Mulher fica na Casa da Mulher, na Rua Uruguaiana, 94, no Bairro Jardim Glória, região central.