Acusados em caso Matheus Goldoni vão a júri popular
Tribunal de Justiça de Minas Gerais negou pedido para que fosse anulada essa decisão, que envolve dois seguranças, um ex-segurança e gerente de casa noturna
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou o pedido de anulação da decisão de mandar a júri popular os quatro acusados da morte de Matheus Goldoni, de 18 anos, em 16 de novembro de 2014: dois seguranças, um ex-segurança e o gerente operacional de uma casa noturna de Juiz de Fora. O jovem foi encontrado morto na cachoeira, no Bairro Vale do Ipê, dois dias após ter sido perseguido na saída da boate. De acordo com a assessoria de comunicação do TJMG, o pedido dos réus apoiava-se na solicitação de exumação de cadáver, realização de novos exames, na alegação de coação de testemunhas e que não havia provas suficientes de autoria do crime. Todavia, os desembargadores julgaram que não havia provas para a sustentação do pedido de anulação.
Conforme a assessoria de comunicação do TJMG, no que se referia ao gerente da casa noturna e ao ex-segurança que deu carona a um dos seguranças durante a perseguição à vítima, um dos desembargadores entendeu que ambos, apesar do envolvimento no episódio, não tinham a intenção de matar o jovem e, por esta razão, não deveriam ir a júri popular, mas teve seu voto vencido. Quanto aos outros dois seguranças da boate apontados como participantes no crime, os desembargadores foram unânimes ao decidir que deveriam ser julgados pelo Tribunal do Júri. Dessa forma, segundo a decisão, os quatro réus deverão responder por seus atos em júri popular. O TJMG informou que ainda há prazo para recurso.
A mãe de Matheus, Nivia Goldoni, ao tomar ciência da decisão, se disse aliviada. “Já se passaram dois anos e sete meses de muita saudade, nossas vidas foram transformadas, e só tenho uma certeza: eu tudo posso naquele que me fortalece, Jesus! Obrigada a todos pelas orações e o carinho com minha família”, disse à Tribuna. Os quatro envolvidos na morte de Matheus vão responder pelo crime de homicídio triplamente qualificado, ou seja, por motivo fútil, por uso de recurso que dificultou a defesa da vítima em razão da superioridade numérica dos denunciados e também pela desproporcionalidade entre o porte físico deles e o de Matheus.
Segundo a denúncia do Ministério Público, dois dos acusados mataram a vítima por meio de asfixia por afogamento na cachoeira, enquanto os outros dois vigiavam a entrada da trilha. O crime aconteceu no dia 16 de novembro de 2014 por volta das 2h30. Segundo a denúncia, Matheus foi colocado para fora da boate após se envolver em uma briga por causa de uma menina que estava acompanhada de seu namorado. Na saída, porém, teria havido uma discussão entre o jovem e o gerente, que era o responsável pela averiguação do cartão de consumo dos clientes.
O gerente e dois seguranças do estabelecimento foram, então, atrás da vítima, que tentou desferir um soco em um dos seguranças. Após esse episódio, o rapaz fugiu correndo pela Estrada Engenheiro Gentil Forn, no sentido Centro, sendo perseguido a pé pelos dois seguranças e pelo gerente. Um ex-segurança que lanchava próximo ao local usou a moto para dar carona a um dos seguranças. Juntos, eles alcançaram Matheus, que foi imobilizado até a chegada dos demais. De acordo com o documento do Ministério Público, “sob o comando” do gerente, os seguranças receberam a vítima “das mãos” do ex-segurança da casa noturna e o levaram para a trilha que dá acesso à cachoeira. No matagal, o rapaz foi morto.
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