Sucessão de Temer


Por Tribuna

25/05/2017 às 06h50

Enquanto o presidente Michel Temer insiste – e tem direito a isso – em fazer uma ampla defesa de seu Governo e a questionar as gravações que levaram o país a uma de suas mais profundas crises, nos bastidores, o seu mandato já está em xeque, com tratativas, nos mais diversos fóruns, em torno de sua sucessão. Há consenso sobre perenidade do mandato, mas a questão pega sobre a definição de seu substituto ou substituta: será pela via direta ou indireta.

A primeira é um pleito, sobretudo, das ruas, enquanto a votação indireta está capitulada em lei, sendo um dos artigos da Constituição Federal ora em vigor. O fato é que ainda não se sabe o desfecho desse enredo, salvo se o Superior Tribunal Federal antecipar a votação do processo de cassação da chapa Dilma/Temer, que pode ocorrer já no princípio de junho.

Enquanto isso não acontece, o Governo sangra e inviabiliza a discussão e voto de matérias importantes, a começar pelas reformas da Previdência, Trabalhista e política. Os primeiros ensaios foram típicos de uma ópera bufa, com senadores – normalmente os mais recatados – digladiando-se até mesmo em cima de mesas, em cenas repassadas para o mundo, apontando a instabilidade em curso ante a intransigência do presidente em não pedir o boné. E aí surge outra pergunta: quem ficaria em seu lugar.

Quando se falou no nome da ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, até colegas de Supremo se incomodaram, pois a indicação daria indícios de estar a instituição envolvida em conluio para afastar Temer e colocar um dos seus no lugar. Da mesma forma, os deputados desconfiam de Rodrigo Maia, que tem se mostrando errante à frente da Câmara e distante dos protocolos do próprio cargo. No início da semana, chamado à residência do presidente, não se incomodou, sequer, em mudar de roupa, tendo se dirigido ao encontro em carro oficial, vestindo um short de corrida. O fato chamou a atenção, pois Maia é um dos possíveis nomes para uma eventual vaga do próprio Temer.

Mas fazer projeções hoje tornou-se mais um exercício de adivinhação do que ciência baseada em fatos. A cada dia surgem dados novos, colocando em xeque a condição, até mesmo dos analistas, em apontar o que virá pela frente. E é aí que está o problema. O mercado, diante de tanta incerteza, fica na retranca, guardando possíveis investimentos para quando a situação clarear. A questão, porém, é saber quando isso vai acontecer.

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