Mais de 70 atrações confirmadas no Corredor Cultural 2017
O Corredor Cultural que comemora os 167 anos de Juiz de Fora foi pensado, desde o início, como forma de chamar não só nomes tradicionais da cidade, mas também identificar e atrair novas ideias, incentivando critérios como inovação, ineditismo, clareza, descentralização. A forma final vai permitir que o público assista a projeções fotográficas na fachada do CCBM, possa participar de uma tarde de jogos de tabuleiros e cartas, acompanhe o processo de maquiagem de efeitos especiais, participe de uma cena de teatro feita em três casas diferentes simultaneamente, testemunhe uma batalha de poesia travada entre alunos de escolas públicas, se surpreenda com uma apresentação de ilusionismo e mentalismo, encontre uma intervenção artística dentro do ônibus, assista a um show de rock com instrumentos alimentados por baterias de carro, com o mínimo de estrutura, entre inúmeras outras possibilidades. Confira a programação completa.
A nova metodologia de captação de propostas para o Corredor formou um quadro final composto por 74 atrações selecionadas dentro das 253 inscritas, distribuídas entre os dias 26,27 e 28 de maio. Entre os eventos, nove exposições, 24 shows, duas instalações multimídia, três mostras de cinema, 11 apresentações de técnicas circenses e oficinas. Todo o processo de seleção permitiu a produção de um retrato sem valor estatístico da produção cultural da cidade. Na falta de um censo que defina contornos mais precisos para o cenário municipal, a experiência trouxe além de uma curva de aprendizado para os artistas, e para a própria instituição, uma ideia de quais podem ser os próximos caminhos para a a Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa). A ideia é realizar um levantamento mais detalhado em 2018.
“Conseguimos entender, por exemplo, que o setor musical teve um engajamento maior, já que representou 42% das inscrições. Aprovamos 24% desse total, na tentativa de corrigir um pouco da distorção, no quantitativo relativo a inscrições em outros segmentos. Foi preciso equilibrar para que todos estivessem representados e para que conseguíssemos a maior extensão territorial possível”, explicou o superintendente da Funalfa, Rômulo Veiga. No segmento de games, por exemplo, as duas propostas inscritas foram incluídas na programação, com destaque para uma noite de RPG, com histórias de terror. Por outro lado, atrações que também tinham pouca representatividade, como forró, maracatu e uma batalha de dublagem entre drag queens, entram reforçando a tradição.
O Salão do Humor, em fase de seleção de trabalhos, tem início no dia de abertura da maratona cultural. Ilma Salgado lança o livro “Juiz de Fora descrita por Pedro Nava”, com palestra sobre o olhar do escritor sobre a cidade. A gastronomia entra no evento “Um brinde a JF”, organizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Zona da Mata (Abrasel-ZM), que levará ao Morro do Imperador cervejas artesanais, comida e música. Dez nomes das artes plásticas da cidade – Afonso Rodrigues, Breno Chagas, César Balbi, César Brandão, Fernanda Cruzick, Frederico Merij, Henrique Lott, José Alberto Pinho Neves, Renato Abud e Ricardo Cristófaro – reeditam o encontro “Do tear à arte”, no qual produzem trabalhos tendo o Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM) como referência.
Surpresas
Muitas propostas de outras cidades também foram recebidas pela Funalfa. Como a intenção é dar destaque para a produção local, elas não foram integradas à programação, o que não quer dizer que tenham sido ignoradas. “recebemos a proposta de um evento de música erudita muito interessante. No entanto, o custo é de mais de R$100 mil. Não temos como viabilizar. Muitas bandas famosas se inscreveram, mas não tivemos como bancar por conta dos custos. Extrapolar o território da cidade foi uma surpresa. Essa visibilidade alcançada sem publicidades pagas foi muito interessante. Nos coloca em um radar de atividades artísticas no contexto nacional”, avalia Rômulo.
Os produtores juiz-foranos conseguiram trazer nomes de fora da cidade para se apresentar. A banda Matilda chamou o músico Pedro Luís para a apresentação de abertura da programação. O Café com Hip Hop traz o rapper, escritor, ativista, escritor e ator MV Bill. “Ele é militante em um segmento muito marginalizado, que acaba virando – e não deveria – uma composição dos índices de violência crescente entre os adolescentes desassistidos pelo Estado. É muito interessante ter esse contexto político dentro de um evento cultural como o Corredor”, pontua o superintendente.
O número total de inscritos também surpreendeu a equipe da Funalfa. “É representativo e muito significativo. Praticamente dobraram as nossas expectativas e, em consequência, o trabalho para a seleção. Tivemos também mais dificuldades, porque a verba não aumentou. Mas é importante salientar que o evento está diverso. Precisamos defender esse conceito, no sentido mais amplo, diversos segmentos, diversas representações ideológicas, com a cultura regional representada. Estamos muito satisfeitos.”