Quem paga a conta?


Por Juliana Netto

15/04/2017 às 07h00

A corrupção não se esgota em si mesma. Em vez de ser um gesto envolvendo o corrupto ativo e o passivo, na troca de favores em que ambos saem ganhando e a sociedade perdendo, há danos profundos nessas relações. Os números cada vez mais hiperbólicos da corrupção são impressionantes. A última operação da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, que culminou com a prisão do ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes, foi a face exposta desses danos colaterais. O ex-governador Sérgio Cabral e seu grupo saquearam os cofres públicos em cifras que passam de R$ 1 bilhão. Só na operação Calicute foram detectados desvios da ordem de R$ 300 milhões.

Trata-se da prova material do dano que a corrupção causa à sociedade. O Rio de Janeiro, apesar de ser um dos estados mais ricos do país, quebrou. A saúde não funciona, e a segurança, principalmente esta, é um arremedo. O governador Luiz Fernando Pezão – um dos citados na Lava Jato – tem passado mais tempo na ponte aérea Rio-Brasília do que no seu gabinete, na busca de financiamentos. O dinheiro que era sobretudo para a área de saúde foi para o bolso do ex-governador e de seus apaniguados. Num ataque de “sincericídio”, ele admitiu a um interlocutor que “exagerou” no saque.

Mas o Rio não é o único a viver tal situação, embora seja o de maior visibilidade. Pelo país afora, há casos semelhantes, em que grupos de interesse se beneficiam dos recursos públicos em detrimento da população.

Ante tal situação, o combate à corrupção não se esgota em legislação específica, exigindo, além disso, discussão permanente, a fim de educar as próximas gerações e evitar a repetição do erro.

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