O plano deu certo
O curta "A dama do Estácio", do diretor Eduardo Ades, protagonizado pela atriz Fernanda Montenegro, foi o grande vencedor da 11ª edição do Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades, levando o prêmio de melhor filme da Mostra Competitiva Nacional. A entrega dos troféus aconteceu na noite de sábado no Alameda e contou com a presença da juiz-forana e atriz global Andréia Horta, que também foi jurada. "Fiquei bem impressionada com tudo o que vi aqui, desde a organização até a seleção de filmes. Acho esse evento fundamental para a cidade, porque é uma vitrine e incentivo aos cineastas e seus primeiros filmes", disse.
Com filmes e séries de TV de destaque nacional no currículo, Andréia participou da minissérie "JK" e da série "A cura" na Globo. Atuou também na série "Alice", da HBO, e no filme "Muita calma nessa hora". "O trabalho em ‘Alice’ também foi cinematográfico. Apesar de ser uma série para TV, filmamos em película, e toda a equipe, incluindo os diretores Karim Ainouz e Sergio Machado, veio do cinema. A experiência do set era toda cinematográfica", diz a atriz, que cursou artes cênicas em São Paulo. Em 2008, ela foi jurada do Emmy, nos Estados Unidos, um dos mais importante prêmios de televisão em todo o mundo. Seu próximo trabalho é uma série na TV Globo, "A teia", com estreia prevista para 2013. A história está sendo escrita por Braulio Mantovani, roteirista com grande experiência no cinema, e que assina o roteiro de "Cidade de Deus".
O vencedor desta edição, "A dama do Estácio", foi filmado em 16mm e finalizado em 35mm, ganhou R$ 80 mil do Ministério da Cultura, ainda em 2011, e foi finalizado esse ano, com orçamento que ultrapassou os R$ 100 mil. "A ideia de fazer o filme nasceu a partir da música de Noel Rosa, de mesmo nome, e alguns elementos do filme "A falecida", de Leon Hirszman. Consegui reunir parte do elenco daquele filme, o que me deixou muito feliz. Fernanda Montenegro, Nelson Xavier e Joel Barcelos são alguns desses atores", conta o diretor Eduardo Ades, que já havia sido premiado em Juiz de Fora, em 2007, pela direção de fotografia do curta "Dó", de Mariana Coli. Gustavo Vinagre foi considerado o melhor diretor pelo trabalho realizado em "Filme para poeta cego". O curta "Realejo" levou a menção honrosa da categoria nacional.
Na Mostra Competitiva Regional, que contou com produções de Juiz de Fora, Santos Dumont, Leopoldina e Muriaé, o curta "Viagem real", de Eduardo Yep e Henrique Vale, foi o grande vencedor do prêmio Incentivo Primeiro Plano, que destina R$ 5 mil ao melhor curta universitário, e também conquistou o júri popular. Os diretores terão apoio do Luzes da Cidade para realizar uma nova produção. "Tenho certeza que o Henrique e o Eduardo farão um bom trabalho com esse prêmio. Estamos todos ansiosos para ver o filme no ano que vem", afirmou Nilson Alvarenga, coordenador de oficinas do festival, que destacou ainda o tipo de narrativa encontrada nos filmes exibidos. "Assistimos a filmes que estão fora do eixo narrativo tradicional e de mercado, ou seja, filmes que demandam um pouco mais de esforço por parte do espectador. Como as salas estiveram sempre cheias, podemos dizer que também existe público para esse tipo de trabalho, uma platéia carente de estratégias de exibição de filmes diferentes das habituais."
Entre os filmes regionais, receberam menções honrosas os curtas "Getúlio, que horas são?", de Cláudia Rangel e Guilherme Landim, "Nicotina 2mg", de Paulo C. Silva e Vicky Freitas, e "Descompasso", de Jéssica Faria Ribeiro e Fram Moraes. O tradicional prêmio José Sette, concedido pela velha guarda de cineastas de Juiz de Fora, foi para o curta "O meio enquanto fosse", da produtora casABsurda.
O balanço foi positivo segundo a organização do evento. Com cerca de quatro mil espectadores nos seis dias de evento, foram mais de 30 horas de exibições de filmes, entre curtas e longas, nas mostras competitivas regional e nacional, além de sessão escola, estreias de filmes, mostra Mercocidades, sessão jovem, mostra audiovisual de Juiz de Fora. As exibições, oficinas e debates ocuparam quatro locais da cidade. Espaço Alameda de Cinema, Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), Casa de Cultura da UFJF e Centro Cultural de Benfica. "Os longas emocionaram o público, que lotou as sessões. Já em relação aos curtas regionais, percebemos uma melhora na qualidade das produções. Os diretores têm se esforçado cada vez mais", destaca o coordenador-geral do festival, Aleques Eiterer, que considera essa edição uma referência para os próximos anos e destaca a parceria com cinematografias dos países vizinhos, como Chile e Argentina.
"As parcerias são muito importantes. Eu mesmo estive no Chile para ministrar uma oficina de produção de curtas-metragens. O cinema argentino, por exemplo, já está segmentado no cenário internacional, enquanto no Chile estamos presenciando uma forte renovação da arte cinematográfica", completa Aleques.