Manifestação alerta contra onda de assaltos nos ônibus
O medo de trabalhar nas linhas de ônibus de Juiz de Fora, principalmente no período da noite, levou motoristas e cobradores às ruas da região central da cidade com o propósito de manifestarem contra a insegurança que ronda a categoria. Constantemente, os rodoviários vêm sendo alvo de assaltos e de ações violentas. Somente no último mês de dezembro, pelo menos 15 casos de roubos contra coletivos foram noticiados pela TM. O protesto teve início por volta das 14h30, na Avenida Rio Branco, no Manoel Honório, e seguiu até a região central, passando pela Avenida Getúlio Vargas, Rua Santa Rita e novamente pela Avenida Rio Branco, de onde o grupo se dirigiu para a frente da Câmara Municipal, no Parque Halfeld. O ato durou até as 17h30.
Munidos de cartazes, faixas e apitos, cerca de 60 trabalhadores do transporte público coletivo caminharam pelas vias com o objetivo de chamar a atenção da população e das autoridades a respeito da falta de segurança. Sob orientação do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte e Trânsito (Sinttro), não houve paralisação dos ônibus urbanos, que continuaram a circular. Mas em razão do ato, que aconteceu na pista central da Avenida Rio Branco, houve retenções, tumultuando o trânsito em alguns trechos. Apesar de o Sinttro pedir que os motoristas que estavam trabalhando seguissem somente pela pista central, alguns tentaram furar a fila de engarrafamento pelas laterais, mas sofreram retaliação dos manifestantes. Nas pistas destinadas aos carros e outros veículos, o fluxo foi normal. Muitos usuários do transporte público optaram por deixar os ônibus e seguiram a pé em direção ao Centro.
Os pontos de ônibus na região central ficaram lotados de usuários à espera de coletivos. Moradora do Bairro Centenário, Maria Rita de Castro, 42 anos, afirmou que estava há mais de 40 minutos aguardando o ônibus. “É prejuízo para quem quer chegar em casa, como eu, mas concordo que é preciso reivindicar sim, pois a violência está demais.”
Durante a passagem pela Avenida Getúlio Vargas, manifestantes se depararam com usuários insatisfeitos. Houve início de discussão, mas os próprios participantes do ato terminaram o conflito. Eles afirmaram que o protesto era pacífico e chamaram atenção para o fato de o passageiro também poder ser vítima em casos de assaltos nos coletivos. O Sinttro, por meio do carro de som, pediu desculpas pelo transtorno causado à população. Ao chegar na frente da Câmara, os manifestantes foram recebidos por alguns vereadores, que manifestaram apoio à categoria. Um grupo de rodoviários foi convidado para falar no plenário da Câmara. Na ocasião, o presidente do Sinttro, Vagner Evangelista, usou a Tribuna Livre para apresentar as reivindicações dos motoristas e cobradores aos vereadores. Segundo o Sinttro, a situação de insegurança na categoria é grave. Apenas a linha que serve ao Bairro Vila Olavo Costa, Região Sudeste, em uma única semana, foi alvo de assalto oito vezes. “Queremos dar um basta nos assaltos e atos de violência contra os ônibus. Estamos solicitando da Polícia Militar, da Polícia Civil, do Ministério Público e da Secretaria de Segurança Pública do município mais atenção para os casos. Solicitei que o secretário de Segurança Pública convoque uma reunião com todos os atores envolvidos, a fim de estabelecer metas para acabar com esse problema na cidade. Notificamos o sindicato das empresas também e pedimos a participação das empresas na busca de uma solução”, ressaltou Evangelista.
O sindicalista ainda afirma que é preciso patrulhamento nos locais onde há maior incidência de crimes. “O profissional não pode trabalhar apreensivo. Ele precisa de tranquilidade para prestar um serviço de qualidade. Infelizmente, se não houver um freio nessa situação, vai chegar num ponto em que o profissional vai largar o transporte urbano, para trabalhar como motorista em outra situação. Não dá para trabalhar correndo risco de vida. Temos que fazer o itinerário, mas precisamos de segurança.” A reunião com o titular da Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania da Prefeitura e demais setores ficou agenda para o próximo dia 10.
Providências
A assessoria de imprensa dos Consórcios Integrados do Transporte Urbano de Juiz de Fora (Cinturb) informou que empresas repudiam o fato de a manifestação trazer prejuízos à população e se empenham em prover todos os recursos preventivos possíveis e exigidos, como cofres, bilhetagem eletrônica, monitoramento por câmeras, mas que o problema da violência é uma questão de segurança pública.
Já a Settra afirmou que os agentes do Departamento de Fiscalização de Transporte e Trânsito acompanharam a manifestação com o intuito de diminuir os impactos causados em razão do ato realizado nesta quarta (4). A Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania informou que está sempre sensível a todos os assuntos que envolvam a paz social, tendo já, por duas vezes, se reunido com os principais dirigentes sindicais da área do transporte público, uma vez com a presença do prefeito e outra em audiência pública na Câmara Municipal, ocasiões em que foram debatidas medidas preventivas. Em ambas as oportunidades, a Polícia Militar e a Polícia Civil fizeram-se presentes, tendo sido debatido o problema com proposições úteis aos usuários de ônibus. Segundo a pasta, fatos isolados, todavia, não previsíveis, fogem ao controle da segurança pública preventiva, transformando-se em assunto repressivo, quando devem ser apuradas as circunstâncias e punidos os responsáveis.