Juventude e violência


Por RAPHAEL REIS Mestrando em educação (UFJF)

03/01/2014 às 07h00

A letra da música de Charlie Brown Jr. Não é sério expressa que o jovem no Brasil não é levado a sério. O jovem, geralmente, é associado como potencial criminoso, violento e delinquente – poucas vezes aparece como sujeito de direitos e produtor de cultura por excelência. Segundo o Mapa da violência: crianças e adolescentes no Brasil, de 1981 a 2010, morreram 608.492 crianças e adolescentes, cujas mortes são consideradas externas, isto é, poderiam ter sido evitadas (assassinatos e acidentes evitáveis). Deste número, 176.043 foram por assassinatos.

Em 2010, as mortes de crianças e adolescentes no Brasil ficaram com a seguinte tipificação: 43,3% por assassinatos; 27,2%, acidentes de transporte; 19,7%, outros acidentes; e 9,8%, outras causas. Estes números, especificamente o de assassinatos, mostram a omissão de políticas públicas que enfrentem a situação de forma efetiva, contribuindo assim para uma juventude, principalmente a de origem popular, a um presente e futuro sem perspectiva.

Instituições democráticas frágeis e a ausência do Estado em suas responsabilidades fundamentais têm reflexo direto: nas mortes de trânsito (falta de manutenção nas vias e ausência de sinalização), na demora de socorro de acidentados, na demora de internação e na ausência de campanhas contínuas por uma cultura da paz, mostrando a responsabilidade dos nossos governos perante o alto número de mortes envolvendo crianças, adolescentes e jovens em geral. Além disso, é preciso atentar para o fato de que os principais jovens atingidos por assassinatos são aqueles excluídos de acesso básico à sobrevivência a qualquer indivíduo; especificamente, são jovens pobres e negros em sua maioria.

Destarte, é fato a urgência de políticas públicas para a juventude que possibilitem a este segmento o direito de existir, levando em consideração as questões de etnia, classe e gênero.

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