Memórias e adaptações


Por CLARA DUARTE - PSICOPEDAGOGA E ESCRITORA

14/02/2014 às 07h00

O ano de 2014 já começou, e o ano letivo também. Tão parecidos, mas com uma composição tão diferente. O início do ano letivo transborda memória. Os que já estão distantes de salas de aula relembram seus dias e suas trajetórias, incluindo as artes, brincadeiras e tudo mais que acontecia da chegada à saída de cada dia. Recordam as aulas de grandes descobertas, os sermões, tão necessários, dados pelos professores e a sensação de vitória a cada prova recebida com notas de sucesso (ou nem sempre). Para as crianças que já conviveram nas escolas e possuem referências, pode ser o momento de troca de instituição ou segmento. Pode ser a mudança no ritmo de atividades ou de espaço físico. Da quantidade de horas dedicadas ao estudo e de colegas na mesma sala. Para o grupo dos pequenos que iniciam este ano a longa e, na grande maioria das vezes, divertida e prazerosa viagem ao saber, ao aprendizado e às peripécias das experiências, serão as memórias da vida doméstica que embasarão o início desse passeio pelo mundo novo da educação.

Em todos estes diferentes caminhos, somos novos e aventureiros. Somos novas pessoas, mais desenvolvidas, continuando a viagem. Nossas crianças estarão presentes de corpo e alma com progressivo desenvolvimento psicossocial e autonomia que formam em todas elas uma identidade própria. A todo instante, notamos pessoas novas, visto que a individualidade de cada um é formada a partir de diversas rotinas, da escola à atividade esportiva, do inglês à informática, do passeio com a família ao colinho da mamãe.

Nos momentos de acolhida da escola, os pais devem estar atentos ao período de adaptação (tão importante no processo escolar), pois, no início, os colégios promovem rotinas específicas para o momento, buscando conhecer o perfil das crianças e jovens e de seus familiares. Assim, é possível compreender e qualificar as demandas de cada um. Estes momentos não significam tudo, mas são muito importantes para o futuro sucesso escolar de nossos jovens. É por isso que todas as instituições preparam um ambiente e uma acolhida especial e que precisam das famílias respeitando e participando do que foi preparado com competência e carinho.

Todos nós, quando no novo ano letivo, construímos esperanças, principalmente na existência de mudanças. É importante não permitir que essas expectativas atrapalhem, causando estresse, mesmo sabendo que é comum ao ser humano viver períodos de adaptação preocupados. Portanto, a família e a escola devem estar preparadas para orientar e favorecer estas acomodações. Encerrando, sempre é bom lembrar que confiança e segurança andam de braços dados e necessitam de convívio para transmitir estes sentimentos. Por isso, um possível choro na porta e um medo de ficar sem os pais devem ser acompanhados de paciência e palavra de apoio (com emoção e razão para transmitir convicção). Educação é um ofício perene. É a possibilidade de reiniciar todos os dias, todos os anos. É olhar de forma amorosa e segura para sujeitos em aprendizado de vida, em processos de adaptação, em busca de resultados, em formação de diferentes culturas e em indivíduos que devem acreditar que todos os dias são períodos de adaptação, de reinício e de reinvento. Todos os dias somos sujeitos novos e, no início do ano letivo, não poderia ser diferente. É respirar fundo, olhar animado para o outro e começar a viagem do ano.

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