NOVO PERFIL


Por Gabriela Gervason

27/07/2016 às 08h30- Atualizada 27/07/2016 às 09h06

As manifestações que levaram o povo às ruas, a partir de 2013, e os recentes números de pesquisas apontam para um dado novo: o interesse dos jovens pela política está em queda. Se antes havia uma “febre” para o alistamento eleitoral antes dos 18 anos, o que levou o legislador a antecipá-lo para os 16 anos, o cenário, hoje, é outro. De acordo com os dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, nesta faixa, houve uma redução de 20%. Na outra ponta, cresceu o número de idosos eleitores, justificado, em parte, pelo envelhecimento da população e pela participação destes em embates próprios, como a volta das eleições diretas e o fim da ditadura.

O recado, porém, não se manifesta apenas por este viés. Mais do que nunca, está clara a redução na atração que os partidos despertam entre os jovens. Movidos, talvez, pela série de escândalos que perpassa o país, desde os anões do orçamento, mas com destaque a partir do mensalão, os novos eleitores tentam encontrar outros caminhos para se fazerem representar. As redes sociais têm sido esse leito, da mesma forma que entidades autônomas, que se revelam em movimentos acima dos partidos. Em junho de 2013, quando milhões foram às ruas, os partidos ficaram de fora.

Mas nem por isso a instância política mudou o discurso. Os escândalos continuaram, e as mudanças que se fazem necessárias foram deixadas para trás. O velho modelo de se fazer política continua em pauta, para decepção dos jovens que esperavam por mudanças. No pleito municipal deste ano, pelas evidências da pré-campanha, pouco haverá de diferente, o que é um passo atrás.

Mais do que isso, porém, é o futuro que se apresenta para os partidos, muitos deles meros grêmios para acordos políticos, sem qualquer linha programática ou viés ideológico. Serão tirados de cena ao serem esquecidos pelos eleitores de amanhã.

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