Universidade vai ativar câmeras de vigilância
Atualizada às 16h43
Diante dos recorrentes registros de ocorrências policiais na UFJF nos últimos meses, o reitor Marcus David anunciou nesta terça-feira (10) um pacote de medidas que visa a coibir a criminalidade dentro do campus. As ações têm como foco não somente o público interno da instituição, mas também as comunidades do entorno, partindo do princípio de “não se fechar a universidade às comunidades vizinhas”. Segundo o dirigente, as propostas envolvem quatro eixos: melhorias na infraestrutura, políticas de aproximação das comunidades, políticas para o enfrentamento interno da violência e a constituição do fórum de segurança criado pelo Conselho Universitário (Consu) no ano passado.
[Relaciondas_post] O anúncio, segundo o reitor, tem o intuito de tranquilizar a comunidade. O mais recente caso de violência no campus ocorreu no início de abril, quando uma jovem de 21 anos foi rendida por dois homens armados com facas próximo ao Pórtico Sul da universidade. Dias antes, um vigilante de 55 anos havia sido rendido por uma dupla enquanto fazia a ronda no campus, sendo amordaçado e trancado em uma sala. A violência também vitimou uma professora da Faculdade de Engenharia, de 34 anos, que, no mês de fevereiro, foi ameaçada por um adolescente de 17 anos, armado com duas facas.
Dentro das propostas de melhoria da infraestrutura de segurança do campus está a ativação do sistema de monitoramento por câmeras, segundo o reitor, já em fase avançada de implantação. “Estamos capturando as primeiras imagens, o sistema de monitoramento está sendo implantado, num processo amplo de vigilância em toda a universidade”, disse. A UFJF conta hoje com aproximadamente 250 câmeras de monitoramento. Levantamento feito pela Tribuna mostra que, há exatos três anos, o ex-reitor Henrique Duque anunciou que este número chegaria a mil câmeras, no entanto, a implantação não se concretizou.
Limpeza e iluminação
Após reivindicações frequentes dos estudantes, a Pró-Reitoria de Infraestrutura tem atuado na limpeza do mato em pontos ermos da instituição, bem como reforçado a iluminação de vários lugares, como o escadão que liga a universidade ao Bairro Dom Bosco, a Praça Cívica, a pista de skate e o escadão do Instituto de Ciências Exatas (ICE). “Estávamos com várias áreas do campus apagadas, foi feito um esforço de infraestrutura de iluminação. Ainda há pontos que não conseguimos recuperar inteiramente, mas já conseguimos um avanço muito grande”, destaca Marcus David.
Outra iniciativa anunciada pelo novo reitor trata do sistema operacional de distribuição dos vigilantes. A medida estabelece uma redistribuição do quadro de vigilantes e vigias da própria universidade e terceirizados, otimizando as áreas acobertadas pela Diretoria de Segurança da instituição. “Estamos realocando para que possam trabalhar em dupla nos locais mais críticos, sem a necessidade de se aumentar o efetivo”, explica.
Questionado sobre a atuação da PM no campus, questão que gerou embates entre alunos e a Reitoria no ano passado, Marcus David afirma que “a própria universidade pode prover o seu sistema de segurança, mas isso não significa que a Polícia Militar não será acionada quando necessário”.
Conforme já havia revelado à Tribuna anteriormente, Marcus David reforçou a proposta de criação da ouvidoria especializada para atendimento às vítimas de violência no campus, a qual será submetida ao Conselho Universitário (Consu) ainda este mês. Também afirmou que a Reitoria está constituindo o grupo que irá compor o Fórum de Segurança da Universidade, criado pelo Consu no ano passado. O órgão será responsável pelo estudo das questões relacionadas e criação de políticas para coibir a violência dentro da instituição.
Edital de extensão mira comunidades do entorno
A nova gestão pretende lançar também uma nova modalidade de edital para projetos de extensão específicos para as áreas vizinhas, englobando bairros da Cidade Alta e da Zona Sul. A ideia, segundo eles, é abrir as portas da instituição com iniciativas em diferentes áreas como educação, saúde, serviço social, esporte e lazer, entre outros. “Estamos organizando um banco de dados para entender quais são as necessidades sociais deste entorno para estimular os professores a concorrerem a bolsas de extensão. A ação para a comunidade não é ostensiva, é de abertura para o campus”, afirma a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra.
Segundo Ana Lívia, a iniciativa terá efeitos na redução da violência, uma vez que criará na comunidade o sentido de pertencimento. “Avaliamos que, quando as pessoas passarem a frequentar este espaço, vai ser criado um comportamento e uma sinergia que vão afastar daqui qualquer tipo de violência contra essa população que irá frequentar a universidade e a comunidade universitária que frequenta todos os dias”, afirma. Entre as propsotas está o reforço do projeto Boa Vizinhança e a retomada de atrações culturais na Praça Cívica, no modelo do antigo “Domingo no Campus”.