O jogo de empurra
Há uma tentativa de se buscar uma justificativa dos erros próprios apontando os cometidos pelos outros. É o famoso “eu faço, mas eles também fazem”. Não é outra a estratégia do Governo de tentar imputar ao PSDB os mesmos malfeitos de que hoje é acusado de praticar na Petrobras. De boca cheia, o Governo e até o Ministério Público fizeram questão de anunciar que os desvios na estatal começaram há 15 anos, algum tempo antes de o PT chegar ao poder. Pode ser, aliás, deve ser verdade, mas isto, ao contrário do que pensam os governistas, não torna veniais os pecados mortais que cometeram no comando da estatal. Bem ao contrário. Se a coisa é tão antiga assim, de duas uma: ou o PT administrou mal e não se deu conta do que acontecia na estatal ou, pior, sabia de tudo e seguiu o “caminho das pedras”, simplesmente substituindo por gente sua quem roubava em nome do PSDB. Trocou os corruptos apenas. A verdade é que o “petrolão” é um incômodo com o qual o Governo e o PT não estão sabendo lidar. Em situações assim, o melhor é acompanhar de perto as apurações, sem procurar interferir, e depois punir administrativamente quem tiver que ser punido e deixar para o Ministério Público e para a Justiça o restante do trabalho. Mas não é apenas com o “petrolão” que a presidente está com dificuldades. A montagem de sua futura equipe de governo começa sinalizar problemas à frente. Setores petistas e peemedebistas também, embora em menor intensidade, demonstram insatisfação com algumas escolhas e falam em veto. Montam barreiras ao nome de Joaquim Levy, mas mais fortemente ao de Kátia Abreu, esta talvez a escolha mais lúcida feita até aqui pela presidente. Kátia tem posturas à direita? Dependendo do que seja isto, pode ter, mas e daí? O agronegócio sustenta a nossa economia e precisa ter tranquilidade. Um ministro da Agricultura tem que ser um líder. Dar confiança ao setor e liderar os produtores sãos as suas tarefas. E para isto a presidente Dilma não poderia ter feito melhor escolha. Alguém tem dúvida?