JOVENS DEMAIS
Enquanto muitos jovens e adolescentes estão nas ruas protestando, ora a favor, ora contra o Governo, num gesto saudável da democracia, outros tantos estão em campo, como se numa batalha, em enfrentamentos diários em nome de um falso pertencimento. É nesse contexto que as gangues atuam, utilizando esses jovens como sua tropa de choque. E o resultado está nas estatísticas: são eles as maiores vítimas dos crimes contra a vida.
Em Juiz de Fora, duas ocorrências apontaram para esse viés. No sábado, na esquina das avenidas Itamar Franco e Rio Branco, um jovem foi baleado pelas costas, morrendo antes mesmo de chegar ao hospital. Na quarta-feira, em Benfica, o homicídio ocorreu à plena luz do dia e diante das câmeras, dentro de uma padaria. O suposto autor ainda teria postado mensagem no Facebook se vangloriando.
Não é de hoje que jovens se enfrentam. A cidade já teve galeras, que até brigavam entre si, mas o contexto era outro. A briga era “na mão”. Hoje, por simples diferenças, há confrontos armados. Por necessidade de afirmação, jovens se tornam homicidas. Tal cenário não se esgota em si mesmo, pois aponta também para a proliferação de armas. A despeito de todas as campanhas e de o porte ilegal ser coibido, a facilidade para se adquirir um revólver é abissal.
Quando questionados, esses personagens usam como argumento único de defesa o fato de estarem sendo ameaçados. E, dessa forma, as ruas tornaram-se áreas de risco, sobretudo para o cidadão comum, que não tem nada a ver com essas diferenças.