CANETA DE PIMENTEL
Ainda jogando parte da responsabilidade para a administração anterior, o governador Fernando Pimentel anunciou um corte de R$ 2 bilhões do orçamento de 2016, que pode refletir em todos os municípios e em áreas estratégicas, como a segurança pública. Não há, segundo ele, outro caminho, uma vez que quase 90% dos recursos previstos para este ano estão comprometidos com 90% da folha de pagamento, precatórios e cumprimento constitucional com saúde e educação. Esta, dizem as autoridades estaduais, é a pior crise dos últimos 30 anos.
Como o governador só vai anunciar aonde vão ocorrer, de fato, os cortes, os prefeitos devem ficar atentos e cobrar de seus deputados uma ação redobrada na vigilância sobre o que virá pela frente. Os municípios estão assoberbados, e cortar ainda mais os seus repasses é declarar-lhes a falência, especialmente os de menor porte ou aqueles que não fizeram o dever de casa no controle de seus gastos.
O governador diz que o Estado precisa ser enxugado, mas aí repete um discurso que vence anos e passa por todas as instâncias. Não é de hoje que a estrutura pública está com gente demais, fruto dos acordos de campanha. A cada mandato, entram mais na máquina, e nem todos saem, provocando um passivo que cresce de ano a ano. O grave desse enredo é que nem assim os serviços melhoram. Salvo os que fazem da profissão um sacerdócio, muitos estão ocupando postos apenas para cumprir tabela, esperando o início do mês para receber o seu.
Por isso, reduzir a estrutura é uma proposta necessária, mas poucos se habilitam a tomar a decisão, mesmo sabendo ser ela necessária.